31/12/2011

RANKING: As onze entrevistas mais lidas de 2011

Confira a retrospectiva das entrevistas que mais fizeram sucesso no ano

Alex Bússulo

Abro a bolsa e de dentro tiro um gravador. Coloco sobre a mesa da sala e começo a gravar a conversa. Depois de alguns minutos faço a pergunta que mais tarde seria uma das mais comentadas do ano: “Você roubou enquanto foi prefeito?”.

Entrevista boa é aquela que vai direto ao ponto, que não fica enrolando o entrevistado, o entrevistador, muito menos o leitor.

Entrevistar exige coragem. Exige estudo e preparo. Antes de sentar e conversar com qualquer pessoa é de praxe o jornalista realizar uma pesquisa sobre os assuntos que envolvem o entrevistado para evitar ficar sem assunto na hora da gravação. Nessa etapa vale de tudo, desde ler depoimentos antigos do sujeito, conversar com leitores e ver o que a mídia em geral já publicou sobre ele.

O jornalista também tem que estar atento às informações que o entrevistado está transmitindo no momento da conversa. Isso quer dizer que ele deve entender o que a pessoa está dizendo além das palavras pronunciadas. Há 40 anos, um professor chamado Albert Mehrabian divulgou uma pesquisa que ficou conhecida em todo o mundo e até hoje é usada por teóricos e professores universitários. Segundo ele, 93% da comunicação não são verbais, sendo 55% de expressões faciais e gestos e 38% de tom de voz. Ou seja, apenas 7% da mensagem são palavras.

Em 2011, o Jornal Nogueirense realizou 59 entrevistas. Por aqui passaram políticos, artistas, esportistas, voluntários e populares. Pessoas simples e compostas, que trouxeram assuntos interessantes e curiosos para a sociedade.

Quando perguntei ao Luiz de Fáveri se ele já havia roubado não imaginei o quanto a pergunta repercutiria mais tarde. Assim como tantas outras, a entrevista com o ex-prefeito de Artur Nogueira foi sugerida pelos próprios leitores. Alguns diziam que eu deveria ouvi-lo, apresentar sua versão aos fatos, uma vez que muitos o criticavam. Lembro-me como se fosse ontem. Marquei a entrevista dois dias antes pelo telefone. No dia marcado, saímos eu e o fotógrafo em direção ao sítio do entrevistado, localizado no bairro da Parada.

Foi muito bom entrevistar o ex-prefeito, visto do ponto técnico. Fáveri respondeu todas as perguntas de maneira clara e objetiva. Em nenhum momento tentou mudar o assunto ou desconversou sobre o tema. A conversa durou cerca de duas horas. Cinco meses depois de sua publicação, a entrevista manteria seu ranking de mais lida em todo o ano.

O que mais existe neste mundo são pessoas que buscam se promover diante dos fatos, principalmente aqueles que adoram uma boa politicagem. Sempre digo que não sou publicitário, muito menos um profissional de relações públicas. O Jornalismo é considerado o quarto poder, depois do executivo, legislativo e judiciário. Um poder que muitas vezes, mesmo sem intenção, promove e diminui uma pessoa.

Um publicitário e um relações públicas sempre vão buscar ferramentas para promover alguém ou algum produto. O jornalista, em sua essência, tem um compromisso com a verdade. Aliás, é o único profissional da Comunicação que tem essa característica.

A segunda entrevista mais lida do ano foi a do polêmico e misterioso Johnny W., que ficou famoso com seus comentários. Fiz o convite para uma entrevista. A princípio ele recusou e disse que só aceitaria se fosse uma entrevista on-line. Negociações foram feitas e no final ele concordou. “Ok, dou a entrevista pessoalmente para o Alex, somente para ele, sem a presença de fotógrafos, mas ele não poderá revelar minha identidade a ninguém, nem mesmo a sua equipe”, dizia parte de um e-mail recebido.

No final das contas aceitei o convite. Confesso que insisti para que o Johnny revelasse sua verdadeira identidade, mas ele não aceitou, dizendo que responderia a todas as minhas perguntas com sinceridade.

Fui até a casa do sujeito e conheci sua identidade. A conversa, como combinado, foi bem rápida, de aproximadamente meia hora. O resultado renderia mais tarde muita polêmica e risadas.

Fernando Silva me deu duas entrevistas no ano. A primeira em meados de junho, enquanto ainda era diretor da Expo Artur, e a segunda uma semana antes da festa começar, já respondendo como presidente do evento.

A entrevista de junho ocupou o terceiro lugar do pódio. Na ocasião, muito se falava na extinção do evento. Muitos boatos rondavam pelos cantos da cidade afirmando que a festa não seria mais realizada. Além de confirmar a realização da Expo, Fernando adiantou como seria o evento que aconteceria em outubro.

Hoje, analisando as perguntas e respostas do entrevistado e os comentários dos leitores, conseguimos entender o motivo do sucesso do texto. Todos, naquele momento, queriam saber sobre a realização da Expo, o que destacou a importância do evento para o município.

Em julho entrevistei Celso Capato. A conversa foi dividida em dois momentos, antes e depois do lançamento do PSD em Artur Nogueira. Na ocasião, o ex-prefeito de Holambra falou sobre sua experiência política e deixou claro que o novo partido terá candidatos próprios em 2012. Já na conversa, Capato mostrou que tem vontade de administrar o município “Berço da Amizade”.

O prefeito de Artur Nogueira, Marcelo Capelini, foi o primeiro entrevistado de 2011. Capelini tem uma característica marcante: é detalhista. Uma conversa com ele não dura menos do que quatro horas, também convenhamos, ele responde por quase todos os setores públicos do município. Na entrevista, o prefeito avaliou seu governo, falou sobre obras e expectativas de sua administração.

O ex-vereador João Carlos Fernandes também gerou polêmica quando revelou na entrevista de setembro que não concorreria ao cargo de prefeito em 2012. Lembro muito bem quando ele me ligou e disse que havia chegado a “hora”, referindo a tão cobrada entrevista que eu sempre cobrava. Fui descrente, até pensando que poderia ser uma jogada política, mas quando sai percebi que aquele homem tinha tomado uma séria decisão.

A sétima entrevista mais lida do ano foi a da cabeleireira Cissa. Em conversa no seu salão de beleza, a transexual falou sobre sua vida, preconceitos e sobre a paixão pelo Carnaval. Na conversa, tive a oportunidade de conhecer um lado sentimental da nogueirense. Emocionada, Cissa demonstrou claramente o amor que tem pela família e amigos, afirmando que se não fossem eles já teria saído de Artur Nogueira a muito tempo.

Outro ex-vereador de Artur Nogueira que gerou polêmica na entrevista foi Melinho. Na conversa de aproximadamente duas horas, ele falou sobre a importância das entidades, a experiência na vida pública e fez várias críticas sobre a construção da nova Câmara Municipal e sobre o fato do município destinar verbas para a realização da Expo Artur.

Depois de vários pedidos de nossa equipe, o secretário de Saúde Flávio de Almeida concedeu a entrevista para o jornal. Na oportunidade falamos sobre o atendimento do Pronto-Socorro e sobre as novidades do setor. Na conversa, o secretário deu nota seis para a Saúde de Artur Nogueira e confessou que ainda há muito a melhorar.

Educação também teve destaque nas entrevistas de 2011. A supervisora de ensino Gilmara Barbosa falou sobre seu amor pela profissão e conquistou o décimo lugar das mais lidas. Gilmara não é política, mas demonstra que sabe administrar como ninguém. Amante dos estudos conseguiu transformar a entrevista em uma inspiração para aqueles que procuram um mundo melhor.

E para fechar as nossas 11 entrevistas mais lidas do ano, as musas Edvânia Araújo, Ester Portes e Luciene Silva nos presentearam com uma conversa durante o Carnaval de Artur Nogueira. Na ocasião, rainha e princesas falaram sobre carisma, desfiles e samba no pé.

Entrevistar é uma arte que nos permite conhecer pessoas e eternizar histórias. Sei que ainda existem muitas pessoas para ouvir e retratar. Em setembro de 2012 esperamos homenagear todos os entrevistados do ano e em dezembro publicar as 12 mais lidas. Desejamos que o novo ano que se inicia possa vir recheado de ótimas notícias.


Melinho, Capelini, Gilmara, Faveri, Silva, Capato, Luciene, Edvânia, Ester, Cissa, Fernandes, Almeida e Johnny.


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.