10/04/2018

ARTIGO: De volta para casa

As plantações de algodão que se transformaram nos pilares do desenvolvimento

*Asscom

Minha vida sempre foi um tanto quanto tranquila; em contato com a natureza e distante da correria das grandes cidades, nasci e me criei por aqui.

Acordava de madrugada quando o sol ainda nem pensava em despontar. Os galos dormindo nas árvores do quintal e eu saía cantando, com alguns sacos de estopa, em direção às grandes plantações. Conseguia ouvi-los de longe, quando minhas mãos já estavam feridas da colheita de algodão.

– “Vê se isso é hora de galo cantar?” –  me perguntava.

Voltava com os sacos nas costas e ia oferecê-los a uma grande fábrica que tinha por aqui. Essa era a rotina. Consegui sustentar minha família com a colheita de algodão durante anos até que surgiram as plantações de laranja e, hoje, o plantio de cana.

Já não sou mais uma garotinha que cantarola por aí, mas ainda vivo feliz. Hoje decidi quebrar a rotina e me peguei pensando em como os anos passaram rápido. Lembrei-me da alegria que foi a inauguração da estação de trem que deu início a uma nova fase. Nossos produtos poderiam estar em qualquer lugar do país! Foi um sonho.

A estação foi há muitos anos e hoje ela nem tem mais utilidade, mas os avanços que vi hoje… Ah!!! Esses me encheram de orgulho.

Ver a Polícia Municipal nas ruas já era costumeiro, mas quando vi uma frota com mais de 10 carros, todos novos… Isso sim me deixou feliz. Todos os policiais fardados e nada daquela história de equipamento velho ou coletes em estado precário. Achei tão bonito que fui pessoalmente parabenizar. Apresentaram-me um Policial Municipal, e o rapaz de traços fortes me contou sobre vários investimentos; falou de um tal de drone. Ele disse que é um aparelho que voa e tem uma câmera para monitorar um perímetro determinado. Eu desconfiei claro, mas não é que quando saí ele colocou o aparelho pra voar? O bichinho ia alto e o controle na mão dele me mostrava tudo por onde passava. Levaram-me até a base, todos muito atenciosos e eu, fascinada com aquele tanto de novidade, não sabia o que me esperava. Entrei em uma sala cheia de televisões que pareciam apresentar um programa só sobre estradas; inocente essa senhorinha, não? Era o sistema de monitoramento mais moderno do mundo! Várias câmeras enviavam em tempo real a situação das ruas e se algo suspeito fosse avistado, a corporação era acionada imediatamente. Parece coisa daqueles países que meu neto vê na internet.

Falando nele, esses dias chegou em casa contando de uns projetos da escola. Queria poder ter estudado, mas a minha época era de trabalho e eu não reclamo. Vi meu menino alegre dizendo que iam publicar um livro com uma de suas redações. Garoto besta! Onde já se viu criança na escola pública receber investimento desse nível?

– “Vó, é de verdade! A escola municipal fez uma parceria com uma editora e os melhores textos e ilustrações foram selecionados para fazerem parte do livro”, ele contou todo bobo. Se essa fosse a única coisa, talvez o espanto seria menor.

O Eduardo, meu neto, sempre estudou em escola pública, e de uns tempos pra cá ele está chegando da escola e não quer mais almoçar, achei estranho, pois adora comer… Mas depois entendi. Ele me contou que a merenda da escola estava muito mais gostosa e ele estava comendo no recreio todos os dias e disse mais: que a merenda é reforçada e esse ano trocou o cardápio para atender as crianças de maneira mais completa; tá explicado. O prédio da escola foi reformado, projetos em parceria com a secretaria de segurança, por exemplo, que alertam meu menino do perigo de se envolver com drogas estão a todo vapor.

E não são só os alunos que são privilegiados não. A secretaria de educação tem projetos voltados para os professores, incentivando-os a fazerem pós-graduação também. Se eles fazem cursos, recebem bonificações. Isso é incentivo a uma educação de qualidade!

Na minha época era algodão nos sacos, indústria e mais colheita. Quero ver o Dudu voar, ler textos do meu menino nos livros de história!

No meio do meu devaneio evolutivo, ouvi de longe uma conversa. Um rapaz que devia ter uns 25 anos conversava por telefone.

– “Foi coisa rápida, mãe. Cheguei lá, peguei uma fila e em menos de 40 minutos fui atendido”, contou o jovem.

Ele estava andando estranho e eu deduzi que tinha tomado alguma injeção, até que ele completou o telefonema.

– “Estou bem sim! Fica tranquila que aqui não é igual aí em casa não, minha mãe. Parece até que o médico conhece a gente por ser cidade pequena. Estou medicado e agora preciso desligar por que tem um módulo da faculdade que abriu. Beijo”, ele encerrou a ligação. Acredita que o danado saiu de casa para estudar, mora sozinho e a Faculdade dele é à distância e Gratuita? Essa geração…

Ainda encucada com a ligação, descobri que a saúde conta com o dobro de profissionais na área de ginecologia, por exemplo. São quinze médicos para atender nas Unidades Básicas de Saúde e fazer exames e cirurgias que eu precisaria ir ao município vizinho para conseguir. E a cirurgia de pterígio? Em 2018 a secretaria de saúde teve mais essa conquista!

– “Ah, se fosse nos meus tempos…” – suspirei.

Já estava abobada com tanto avanço e o Eduardo me mostrou no computador que recebemos verbas para investir mais em saúde e que o Sr. prefeito conseguiu a aprovação de mais verba para essa secretaria, mas que tem que esperar mais um pouquinho para sair.

Eita, que lugarzinho!

Tive um estalo: “Já são 69 anos! Quanta coisa vivi. Será que é por isso que estou tão reflexiva?” – me questionei.

Com tantos motivos para me orgulhar, agradeci e me conscientizei que está na hora de resgatar o orgulho de viver aqui.

Caminhando de volta pra casa me dei conta de que esqueci de me apresentar. Sou uma jovem senhora; jovem porque acabei de chegar à flor da idade! Eu passei por mudanças drásticas, mas todas me transformaram em que sou hoje. Forte, determinada e incansável. Sou a menina que cantarolou nas plantações de algodão e a senhora que não dorme enquanto o filho não chega em casa; e se ele quiser chegar com os amigos, que chegue! O importante é estar de volta. Sou o berço da amizade. Com a ajuda de algumas pessoas, trabalho constantemente por mais segurança, mais saúde e mais educação para a minha família. Se não me reconheceu ainda não tem problema, eu falo meu nome.

Prazer. Sou a cidade de Artur Nogueira.

*Texto produzido e enviado pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura (Asscom) de Artur Nogueira


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