07/12/2015

Alunos deixam escola após dez dias de ocupação em Artur Nogueira

EE José Apparecido Munhoz foi entregue à direção em clima de festa na tarde de domingo. Aulas retornaram normalmente nesta segunda-feira (7).

Os alunos e as alunas que ocuparam a escola José Apparecido Munhoz deixaram o espaço no fim da tarde do último domingo (6) após dez dias de ocupação. A saída aconteceu dois dias depois do anúncio do governador Geraldo Alckmin (PSDB) suspendendo a reorganização de ensino em todo o estado. Para os estudantes a declaração foi uma vitória para o movimento estudantil e o primeiro passo para uma verdadeira reforma educacional. Na manhã desta segunda-feira (7) as aulas retornaram normalmente.

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Aluno se despede de escola ocupada de joelhos. Foto: Norton Rocha.

A saída dos estudantes foi realizada em clima de festa, apesar de alguns quererem permanecer por mais dois dias no espaço e seguir a agenda das outras ocupações do estado, que só devem ser deixadas na terça-feira (8).

Segundo a estudante do terceiro ano do Ensino Médio Kiara de Queiros Santory a pressão de alguns pais fez eles adiantarem a desocupação. Mesmo assim ela comemorou a luta e o engajamento dos estudantes em Artur Nogueira. “Foi um período de aprendizado, em que aprendemos a respeitar a todos e a conviver com as diferenças”, comenta sobre o período de ocupação. Para ela a escola se tornou a primeira casa dos adolescentes e deixou um legado de resistência. “Nossa meta no momento era o fim da reorganização. Então posso dizer que ficamos 50% felizes com essa vitória, já que queremos mais. Tem muito que se fazer pela educação do estado e vamos seguir lutando cada vez mais.”

Antes de deixar a escola os alunos limparam o espaço e organizaram os materiais. Durante o período de ocupação o jardim da escola também fora podado.

Para o estudante André Câmara, de 16 anos, e aluno do 2º ano do Ensino Médio, a ocupação ensinou não apenas os estudantes, mas também toda a cidade. “A ocupação mostrou pra toda a população local que a união faz a força sim! Que toda a transformação é possível quando damos as mãos e lutamos por uma causa em comum. Foi uma grande lição e uma experiência inesquecível!”

Durante a ocupação os alunos realizavam todas as tarefas de limpeza e contavam com a ajuda de pais para as refeições. Voluntários também compareceram no espaço para realizar oficinas e promover atividades culturais.

Todos os alimentos usados foram arrecadados na comunidade e o excedente deve ser doado para o Conselho Tutelar.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo um calendário com a reposição de aulas deve ser elaborado nos próximos dias pela direção da escola a fim de compensar os dias letivos perdidos devido à ocupação.

Suspensão

A suspensão da reorganização de ensino foi anunciada pelo governador na tarde de sexta-feira (4) durante uma coletiva de imprensa, após uma série de protestos e ocupações no estado de São Paulo.

Na ocasião, Alckmin disse que a ação seria suspensa, mas não cancelada. “Nós decidimos adiar a reorganização e discuti-la escola por escola com a comunidade, com os estudantes e em especial com os pais dos alunos”, pronunciou. Ele manteve a posição de que há benefícios na medida e disse que voltou atrás devido ao apelo dos estudantes. Alckmin não fez referência aos protestos. “O ano de 2016, que seria o ano de implantação, será o ano de diálogo”, frisou.

A suspensão foi anunciada no mesmo dia em que o Instituto DataFolha publicou uma pesquisa em que apontou a pior avaliação do governo Alckmin. Segundo o instituto, a reprovação atingiu 30% em novembro, contra 24% em fevereiro deste ano. A aprovação teve queda ainda mais acentuada no mesmo período: passando de 38% para 28% o índice dos que o avaliavam como ótimo ou bom. Outros 40% consideraram o atual governo paulista regular (ante 36% em fevereiro), e 2% preferiram não opinar sobre o assunto.

No histórico de avaliações do Datafolha, o índice atual de reprovação de Alckmin está entre os mais altos já registrados desde 1990, sendo superado somente por avaliações negativas da gestão de Mário Covas registradas entre junho de 1999 e dezembro de 2000 (em junho de 2000, a reprovação ao governo Covas atingiu 43%, a pior já registrada).

A pesquisa também revelou que a maioria dos paulistas desaprovava a proposta de mudança de organização das escolas públicas do Estado, que separaria os alunos de ensino fundamental 1, fundamental 2 e ensino médio em diferentes escolas. Seis em cada dez (61%) são contra a separação das escolas públicas do Estado por ciclos de ensino, 29% são a favor, 3% indiferentes e 8% não souberam se posicionar.

Também é a maioria a quantidade de paulistas a favor das ocupações das escolas estaduais. A pesquisa revelou que 55% apoiam a ação dos alunos, 40% não, 2% são indiferentes e 4% não se posicionaram.


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