01/04/2018

“Semana Santa não é feriadão”, diz padre de Artur Nogueira

Líder da Paróquia de Santa Rita de Cássia, padre Lázaro relembra o verdadeiro significado da Páscoa

Da redação

Neste domingo (1), cristãos de todo o mundo celebram a Páscoa – a data mais importante do ano para os mais de dois bilhões de professos seguidores da religião fundada por Jesus Cristo. Bom, pelo menos em tese. Numa sociedade tão plural em suas crenças e valores e tão bombardeada por anúncios publicitários a respeito de ovos de chocolate, muitos perdem de vista o que torna este dia motivo de festa nessa religião. Pelo menos é o que alerta o padre Lázaro Lourenço, da Paróquia de Santa Ria de Cássia.

À frente de uma comunidade com milhares de católicos em Artur Nogueira, o padre Lázaro relembra que a semana da Páscoa é um momento para reflexões especiais. “Muita gente já perdeu um pouco de vista o significado real da Páscoa. Eu acho estranho quando alguém chama a Semana Santa de feriadão”, afirma. “O pessoal vai para a praia, para o sítio, fica lá… claro que eles têm direito a descansar, mas a Semana Santa não é um feriadão”.

Mais do que um período para lazer e degustação de doces fabricados a partir do cacau, a Semana Santa, segundo o pároco, é um momento para a memória de Cristo. “É uma semana importante, são dias santos, dias de fazermos memória, de relembrar todo o sacrifício de Jesus. Que tudo o que foi feito por ele foi por amor”, explica.

“Jesus passou aqui fazendo o bem e depois foi contado com os malfeitores. Quem ia para a cruz naquela época eram apenas os grandes bandidos. Então Jesus foi condenado e morto como se fosse um bandido”, conta o padre. “E nós não podemos perder de vista isso. Por mais que os tempos sejam muito modernos, nós não podemos perder certos valores”, apela.

O líder eclesiástico também comentou o fato de a data ter se tornado tão comercial nas últimas décadas. “A tradição do ovo ser símbolo pascal é muito antiga, mas não era ovo de chocolate. O coelho também é uma tradição antiga”, aponta. “O coelho é um símbolo de fertilidade. Assim como a ressurreição é vida, fertilidade é símbolo de vida. O coelho está sempre tendo filhote, sempre renovando, sempre gerando vida. Então ele é um símbolo por isso”, elucida.

E o ovo? “Antigamente, as pessoas enfeitavam ovos de verdade. Pintavam, faziam uma decoração e presenteavam, trocavam presentes. Mas o ovo também é símbolo de vida. Porque Jesus, para ressuscitar, rompe de dentro para fora. Ninguém tirou a pedra do túmulo, é Jesus que sai de dentro para fora. Então o ovo se tornou símbolo deste fato”, afirma.

“Mas daí vem o comércio e quebra essa tradição”, lamenta. Mas padre Lázaro não faz o tipo religioso radical. “E não há nada de errado em comprar ovos de chocolate. O mal está em ficar só nisso e perder de vista o verdadeiro significado da tradição”, ameniza.

De acordo com ele, as pessoas podem descansar na Semana Santa, porém não podem perder de vista a espiritualidade. “Hoje eu estava falando com uma amiga que foi para a praia. Ela está na praia, e me disse que à noite vai para a missa”, conta para exemplificar.

Neste domingo (1), as celebrações do tríduo pascal chegam ao fim com duas procissões na cidade.

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