27/11/2016

Ricardo Michelino fala sobre apresentações nos EUA e sucesso do Projeto Retreta

Talento e competência têm colocado maestro de Artur Nogueira em destaque

Atual maestro da Corporação 24 de Junho, Ricardo Michelino é dono de uma carreira que perpassa por diversos países. O último trabalho internacional foi durante turnê nos Estados Unidos no mês de outubro. Miquelino levou a música brasileira para os palcos americanos e ganhou o respeito e a admiração dos estrangeiros. O sucesso e a receptividade foi tamanha que o maestro foi convidado a desenvolver o mesmo trabalho no continente asiático.

O músico contou sobre a viagem que fez, os projetos em vista para o município de Artur Nogueira e o trabalho social que desenvolve no Projeto Retreta. Leia a entrevista deste domingo com o maestro Ricardo Miquelino e saiba mais sobre o artista que é reconhecido e respeitado mundialmente.

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Maestro, você esteve recentemente em uma turnê pelos Estados Unidos. Como surgiu essa oportunidade? No ano de 2013, eu estive em uma Conferência na cidade de Chicago Illinois (EUA) chamado Midwest Clinic Music (International Band and Orchestra Conference), além de uma experiência de capacitação musical transformadora, lá eu pude fazer inúmeros contatos, dentre eles o Maestro norteamericano Dean Anderson que é doutor em música pela Universidade da Califórnia (UCLA). A partir daí uma amizade se firmou sendo que em 2015 o Dr. Anderson em passagem pelo Brasil quis vir a Artur Nogueira e visitar a Corporação Musical. Na ocasião, sua esposa – a ucraniana Dra. Myroslava Khomik – que é uma importante violinista nos EUA, ofereceu aos alunos do Projeto Retreta um master class que foi incrível! Posteriormente, o Dr. Anderson me convidou para um programa de intercâmbio internacional promovido por uma de suas Orquestras Sinfônica na Califórnia no mês de outubro de 2016. Foi assim que surgiu a oportunidade.

O que aconteceu por lá? A experiência foi espetacular, o trabalho realmente em ritmo frenético, ensaios e reuniões o dia todo. Além disso, eu tive a honra de apresentar um programa inteiro de música brasileira e dividir o palco com um jovem violinista que seguramente é um dos maiores do mundo, Kevin Miura. Os concertos aconteceram no auditório de uma suprema corte chamado Irvine Civic Center. Além de Dana Point City, não sei dizer quantas pessoas assistiram, mas posso assegurar que os espaços estavam repletos e a aceitação foi muito boa tanto da parte dos músicos quanto do público.

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Como você avalia esse momento em sua carreira? Como saxofonista eu já tive a oportunidade de viver momentos muito singulares! Estou feliz por viver essas experiências enriquecedoras e realmente sou muito grato a Deus por tudo isso. No próximo semestre, devo ir a Ásia realizar o mesmo trabalho e, para tanto, tenho estudado e me preparado muito.

Paralelo a essa turnê, você está à frente do Projeto Retreta, que já atendeu mais de 3 mil alunos gratuitamente em Artur Nogueira. Qual a atual realidade do projeto? Graças a Deus, o Projeto Retreta anda muito bem! Atualmente, atendemos cerca de 947 alunos com uma equipe de quase 20 profissionais que são devidamente qualificados para desenvolver suas respectivas funções. O apoio da sociedade como um todo tem sido de grande importância para que o Projeto siga adiante.


“Próximo semestre estarei na Ásia realizando meu trabalho”


O que mudou com a inauguração da nova sede do projeto, no prédio da antiga delegacia? Tudo mudou! Hoje, contamos com um espaço físico satisfatório, necessita de alguns ajustes, mas já tem sido uma benção na vida de todos que ali estão. Esperamos que antes de iniciarmos o próximo ano letivo, nós já tenhamos conseguido realizar tais ajustes no prédio.

Qual é o seu objetivo com o Projeto Retreta? Hoje não se trata mais do ‘meu objetivo’, mas sim do objetivo de um imenso grupo que forma o Projeto. Esperamos que ele possa se expandir por todo o município e oferecer um trabalho de inclusão sócio musical a todos os interessados.

Nos últimos anos, a Corporação Musical apresentou concertos históricos ao trazer ao município grandes nomes, como os saxofonistas Derico Sciotti e o Leo Gandelman. Como nasceram essas parcerias? Como já disse, sou saxofonista desde a minha infância. Na minha trajetória como músico, pude trabalhar e conviver com pessoas muito importantes no cenário artístico do Brasil, dentre eles os citados acima, Leo e Derico, queridos amigos de longa data que não medem esforços para estarem conosco sempre que os chamamos, inclusive devo dizer que em breve teremos grandes novidades a serem anunciadas (risos).


“Hoje não se trata mais do meu objetivo, mas sim do objetivo do Retreta”


Quais outros nomes você gostaria de trazer para Artur Nogueira em futuros concertos? Em verdade, na minha opinião, os grandes nomes que temos são esses professores e alunos que com muita garra e esforço se esmeram para participar da Orquestra da Corporação. O esforço é tal que eles tem conseguido acompanhar com excelência grandes nomes da música brasileira.

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Nos últimos anos, a Corporação alcançou o auge ao se apresentar em lugares inéditos, como no Programa do Jô w Programa Mais Caminhos (ambos da Rede Globo), além de um concerto especial na Concha Acústica do Taquaral em Campinas, que reuniu mais de quatro mil pessoas. Como foi colher esses frutos? Veja bem, o sucesso é efêmero! Ele vem e vai com a mesmas rapidez. O que vale é a solidez que essas experiências proporcionam para que a Corporação Musical 24 de Junho continue transcendendo ao tempo como uma grande instituição!

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“Investimento em educação e cultura é o maior legado que um governo pode oferecer a seu povo”


Qual o maior desafio quando se fala em descentralização do ensino musical em Artur Nogueira? Não pensamos em desafios mas sim em metas, que é implantar o Retreta por todo o município nas unidades de Educação Municipal. No último dia 10 de novembro de 2016, a ministra Cármen Lúcia – presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) -, lamentou em entrevista que no Brasil o governo gasta mais com presos do que com estudantes. Na ocasião, a ministra lembrou do antropólogo Darcy Ribeiro que em meados dos anos 80 disse que com a omissão de investimentos na construção de novas unidades escolares naquela época, haveria de se construir novos presídios no futuro. Ao pesquisar quais seriam os custos que estes mesmos alunos quando internos em instituições socioeducativas tais como a Fundação Casa do Governo Estadual custa aos cofres públicos, podemos verificar o impressionante número de 10 vezes menor do que o aferido nas unidades de medidas socioeducativas; e, no Projeto Musical, 100 vezes menor. Recentemente, tivemos uma reunião com a equipe do prefeito eleito Ivan, e ficamos muito animados. As perspectivas que nos foram passadas são muito otimistas. Segundo a equipe dele, o Projeto Retreta não somente terá continuidade a partir de janeiro de 2017, mas será também estudado a possibilidade da ampliação. Assim sendo, podemos de maneira peremptória afirmar que o investimento em educação e cultura é o maior legado que um governo pode oferecer a seu povo!


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