30/01/2016

Rei Momo de Artur Nogueira tem 19 anos e muita animação

ENTREVISTA: João Vitor Candido de Brito é a realeza mais nova da história do carnaval de Artur Nogueira. Ao Portal Nogueriense ele se apresenta à cidade e fala do seu estilo de reinar: “Vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão”.

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João Vitor Cândido de Brito é um rei tímido. No estúdio do Portal Nogueirense é possível notar olhos de um rapaz educado e que mede as palavras em nome do “nervosismo de nunca ter aparecido da mídia”. Aos 19 anos ele foi eleito Rei Momo da Corte da Folia do Carnaval 2016, quiçá o mais novo da história da festa, e diz em um tom ora animado ora envergonhado, por estar sendo fotografado, que promete não fazer por menos: “Vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão”.

O que nasceu de uma brincadeira com os amigos lhe rendeu o título ao reinado, coisa que o jovem vê com responsabilidade de adulto. “Tenho que estar lá todos os dias dentro do horário, que nos dias da Vaca começa às 17 horas e no dia dos desfiles às 19 horas, e não beber. Tudo tem suas regras e suas horas”, fala sobre as obrigações.

De família humilde, Brito é um apaixonado pelo carnaval de Artur Nogueira. Participa da festa “desde que se entende por gente” e há cinco anos entrou na bateria do bloco da Vaca. Em 2015 ainda desfilou pelo bloco Catapulta e este ano havia cogitado entrar no Bate Nah Massa, mas a realeza o chamou e o plano teve que ficar para a próxima. Solteiro, Brito também não descarta um novo amor na festa. “Se vier”, diz sobre a possibilidade com um sorriso no rosto, e ri.

Em um papo que aconteceu no estúdio do Portal Nogueirense ele se apresenta pra comunidade nogueirense e fala como recebeu o inesperado título de Rei Momo do carnaval 2016.

Quero saber a sua história. De onde você é? Eu nasci em Cosmópolis, dia 8 de abril de 1996, mas sempre morei em Artur Nogueira. Hoje estou no CDHU e vivo com meus pais e meus três irmãos, duas meninas, um menino e eu. Eu sou o mais novo [risos].

E onde você estudou? Na maior parte do tempo estudei no Caic, da primeira à quarta série, depois fui para o Severino, da quinta à oitava, e agora estou no Amaro. Este ano concluo o terceiro. Depois pretendo em estudar Publicidade e Propaganda. Mas quando terminar o Ensino Médio eu corro atrás.

Você trabalha? Sou Garçom. Mas estou desempregado, é só uns bicos que eu faço mesmo.

E como é que veio a ideia de participar do concurso de Rei Momo? Normalmente são pessoas mais velhas que disputam na categoria de Rei. E você foi uma surpresa no concurso… Foi através de uma brincadeira. Eu estava tocando na [bateria] da Vaca, conversando com o pessoal, havia visto no Nogueirense que as inscrições estavam abertas. Aí na brincadeira eu me inscrevi, até achei que não daria certo por causa da idade e do peso, tenho 86 quilos, mas do nada deu certo. Acabou acontecendo e hoje tamo aí como Rei Momo [risos].

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Então foi tudo uma brincadeira? Me conta com detalhes… Eu cheguei e disse: “Vou me inscrever pra Rei Momo”. Aí o pessoal começou a falar: “Duvido! Duvido!” E na brincadeira de duvidarem acabei indo, né, e aconteceu.

Como foi sua preparação para o concurso? Treinei uns passinhos de samba, mas estava nervoso porque tinha concorrência. E pra mim, quem vencia era ‘o maior’, de peso, essas coisas… Mas posso dizer que me preparei muito.

Você já havia assistido o concurso alguma vez e tinha noção de como era? Eu havia assistido em 2013. Fui na Escola Modelo e vi. Achei legal, divertido, porque também é uma diversão, né, tem muito aprendizado na hora. É bacana.

Você se saiu bem nas provas. Acho que por ser mais novo também… É o pessoal era um pouco acima do peso. Eu tive facilidade por ter mais fôlego, essas coisas.

O Rei Momo é inspirado na mitologia grega, em que Momos era um personagem mitológico que personificava a ironia e o sarcasmo. No Brasil ele foi adaptado para o carnaval se tornando um ícone da festa. Qual é o seu estilo de ser Rei Momo? Vai ser uma novidade para todos,  porque todo mundo é acostumado com os mais gordinhos. Então a gente vai tentar trazer uma evolução aí. Se eu não me engano na capital, em São Paulo, é eleito mister, essas coisas. Então vamos trazer esta evolução, mudar a história de Artur Nogueira, trazendo alegria pro povo. Prometo que vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão com a rainha e as princesas.

O que sua família fala disso tudo? No começo duvidaram que eu iria participar. “Ah, mas não sabe fazer isso, não sabe fazer aquilo”, falavam. “Mas eu vou tentar” [diz enfático, imitando a forma com que respondeu à família]. Porque ganhar era só no dia para saber. E foi bem concorrido. Mas o pessoal apoiou, claro, família, amigos e vizinhos estavam lá na torcida.

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Você é o rei momo mais jovem de todos os carnavais de Artur Nogueira. Como é carregar nos ombros esta marca histórica? Isso! Quando me falaram fiquei tipo, né, “poxa” [e balança a cabeça afirmativamente em tom de honra]. O pessoal passa por mim e brinca “Pô, esse Rei Momo vai ter que engordar muito ainda até o carnaval!” Tenho escutado essas coisas. Mas acho que até para Artur Nogueira é uma novidade por eu ser o mais novo. É um peso que a gente vai ter que carregar aí nessas quatro noites.

Então você é reconhecido nas ruas? Tem gente que olha, comenta, brinca, como eu disse. Mas ainda está recente. Quando chegar o carnaval é que vou sentir mesmo.

E o samba já está no pé? To treinando [risos]. No dia foi um pouco mais difícil. Estava muito nervoso. Mas no dia da festa sai alguma coisa.

Quais são suas obrigações como Rei Momo? Estar lá [no Carnaval] todos os dias dentro do horário, que nos dias da Vaca começa às 17 horas e no dia dos desfiles às 19 horas, e não beber. Tudo tem suas regras e suas horas.

No Rio de Janeiro a administração optou por escolher reis Momos mais magros como um forma de combater a obesidade. Você acha que isso foi uma medida tomada em Artur Nogueira também? Eu escutei boatos que essa coisa de obesidade [para o Rei Momo] já é muito antigo. O que se tem hoje é o bullying nas escolas contra os gordinhos. Acho então que se o concurso avaliar só a obesidade do candidato estará de certa forma apoiando bullying. Do tipo: só dá preferência para quem é gordo. E no caso se fosse a questão de gordo, poderia pesquisar quem é o mais gordo da cidade e dar a ele o título. Não precisaria nem de provas, essas coisas.

Você participa de algum bloco da Banda Louca? Eu toco no Bloco da Vaca há cinco anos e ano passado entrei no Catapulta. Esse ano eu entraria no Bate Nah Massa, mas como me tornei Rei Momo esse ano sou da Corte da Folia.

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Tem algum favorito? Meio difícil falar, né. Este ano temos vários blocos novos então vamos ver a surpresa que cada um tem pra nos dar.

E qual sua expectativa pra esse carnaval? Que não falte alegria, simpatia e curtição nessas quatro noites juntos. Da minha parte quero levar alegria ao povo nogueirense e pro pessoal de fora que estará vindo também.

Ano passado o Bloco da Vaca ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial do estado. Como você avalia essa conquista? Vale ouro isso aí! Tem que ser sempre valorizado, sem deixar parar.

Agora me defina: O carnaval de Artur Nogueira é… O melhor! Não tem comparação! São 86 anos. Já virou história na cidade. Você vê aí muitos lugares cancelando as festas e Artur Nogueira seguindo com a tradição. E isso é bom porque tradição não pode morrer. Pra nós, nogueirenses, é uma honra ter o carnaval aqui. Além de que o carnaval movimenta a cidade, as barraquinhas, o comércio. As pessoas que criticam a festa também irão pular. Então é preciso ver de uma forma mais positiva.


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