29/10/2014

Reflexão: Lições de um Beija-Flor

Por Ivan Bueno da Fonseca Tenho pensado ultimamente sobre o que está acontecendo com a natureza. A seca que castiga, a chuva que demora, a água que pouco a pouco vai se acabando. Dizem os entendidos que 2014 será o ano mais quente da história de nosso planeta. Confesso que diante de tudo isso que […]

Por Ivan Bueno da Fonseca

Tenho pensado ultimamente sobre o que está acontecendo com a natureza. A seca que castiga, a chuva que demora, a água que pouco a pouco vai se acabando.

Dizem os entendidos que 2014 será o ano mais quente da história de nosso planeta.

Confesso que diante de tudo isso que tenho visto ando meio preocupado. O que será de nós? Até onde controlamos tudo ou pensamos que estamos no controle?

Seria inimaginável pensar em um mundo onde falta água e alimento. Mas parece que, infelizmente, estamos caminhando nessa direção.

Enquanto isso, nossa pseudo sabedoria nos leva a nos preocuparmos mais com bens materiais temporários e aparentemente indispensáveis à nossa existência, como se fosse possível nutrir nosso corpo do néctar das novas tecnologias. Acaso bebemos celulares ou computadores de última geração? Podemos nos alimentar de automóveis modernos ou aparelhos eletrônicos futuristas? Diante da “grandeza” disso tudo, porque plantar arroz, feijão, milho? Porque cuidar das nascentes de água, dos mananciais, dos rios e dos córregos?

Nossa auto-suficiência nos impede de enxergar o óbvio sobre nós mesmos: que agimos como gafanhotos vorazes destruindo tudo ao nosso redor, até aquilo que precisamos para sobreviver. Trata-se de uma evolução ao contrário, onde nos aniquilamos em vez de melhorar a espécie.

Mas eis que em meio a agitação de centenas de alunos na escola onde trabalho contemplo o que posso chamar de “boas novas”. Um beija-flor, inadvertido, despreocupado e até inconsequente, começa a construir um pequeno ninho na ferragem de uma escada com grande circulação de crianças, adolescentes e tantas pessoas que passam por ali. Um raminho de cada vez, e mais uma folhinha, e um pouquinho insignificante de água no biquinho vão dando forma ao que será nos próximos dias o abrigo para suas futuras gerações. Parece óbvio que aquele não é o melhor lugar para se construir um ninho, porém o intrépido passarinho é portador de uma ciência que a própria ciência desconhece. Inexplicavelmente, ele sabe o que faz.

Esse bichinho me fez lembrar as palavras de Jesus, no famoso sermão da montanha, quando confortando os corações aflitos disse: “Não andeis ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber. Nem quanto ao vosso corpo pelo que haveis de vestir (…) Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e Vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? (…) Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. (Mateus 6:25 – 28)

É o que nos conforta. Saber que, mesmo que nosso egoísmo nos cegue à ponto de destruirmos tudo à nossa volta, até aquilo que nos mantém vivos, Deus está pronto a cuidar de seus filhos, assim como cuida de um pequeno beija-flor em meio a agitação que a vida traz.

Beija Flor


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