26/09/2015

Presidente da RPAA fala sobre conquistas e desafios enfrentados pela ONG em Artur Nogueira

“Atualmente a ONG resgata aproximadamente 150 animais por ano”, afirma Irene Rodrigues.

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Irene Rodrigues é presidente da Rede de Proteção Animal e Ambiental (RPAA) de Artur Nogueira. Esta semana a Câmara Municipal de Vereadores aprovou uma Lei que irá punir pessoas que maltratarem animais na cidade. “Alcançamos o primeiro degrau. Sabemos que ainda há muito para conquistar, mas com essa Lei a gente sente um respaldo para continuar lutando.”

Ela é assistente administrativa e trabalha em Holambra, tornou-se presidente da RPAA em dezembro do ano passado quando aconteceram eleições, mas está na ONG desde a fundação, em janeiro de 2012.

Em entrevista ao Portal Nogueirense, ela fala sobre os trabalhos da Rede, aponta números, fala dos problemas com matriz reprodutora, valoriza a castração e diz que mesmo o grupo sendo de voluntários precisam lidar com críticas. “Há uma minoria que nada faz e que só reclama, pensa que somos um bando de desocupados.” Mesmo assim nunca abandonou a causa.

Na segunda-feira a Câmara Municipal aprovou uma Lei que deve punir pessoas que maltratarem os animais. Como começou a movimentação para implantar a Lei de maus tratos? Desde sua criação a ONG recebe denúncias de maus tratos. Por isso, há dois anos iniciamos, uma pesquisa de quais cidades tinham este tipo de Lei aprovada. Fizemos adequações em vários pontos conforme a realidade do nosso município e das denúncias que já vinhamos recebendo, então entregamos a proposta ao vereador Silvinho Conservani para que ele apresentasse o Projeto na Câmara Municipal.

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A Lei não diz respeito sobre rodeios e animais de circo. Pretendem fazer algo sobre o assunto? A Lei de Maus Tratos propicia a criação de outras Leis mais específicas, nos dando suporte em nossa luta em prol dos animais. Mas convém lembrar que a RPAA não é detentora das vontades, pois se faz necessário a participação da população nos dando apoio e ajudando na divulgação dos nossos ideais em defesa a causa animal de modo que as leis não fiquem apenas no papel, mas que tragam melhores condições para os animais de nossa cidade.

Conte algum caso de violência a animais que presenciou em Artur Nogueira. O caso do cavalo que morreu agonizando por falta de assistência de seu proprietário. Não posso dar mais detalhes no momento, pois está sendo investigado.

Cavalo encontrado em estado de abandono morre em Artur Nogueira

Quantos animais são resgatados anualmente pela ONG e o que acontece com eles? A ONG, através de seus voluntários, contabilizou uma média de 150 animais por ano. Sendo que todos foram doados, alguns através de seus próprios protetores e outros por intermédio da Feirinha de Adoção, a qual é realizada aos domingos de manhã na rua Duque de Caxias.

Quantos são doados por ano na feira e quantos existem hoje na fila de adoção? De acordo com nossos registros, temos doado uma média de 420 animais por ano. Quanto aos animais a serem doados, não temos esta informação, pois constantemente somos procurados por pessoas que recolhem filhotes que foram abandonados em suas portas e até mesmo voluntários que recolhem a mãe, juntamente com os filhotes, servindo-lhes lar temporário até que estes sejam adotados, porque estão desabrigados.

Qual o principal problema em Artur Nogueira: abandono, matriz reprodutora ou maus tratos? Os três são graves, porém, sem dúvida a matriz reprodutora de fundo de quintal é o principal problema em Artur Nogueira, pois há situações em que além de serem matriz reprodutora de fundo de quintal, esses animais vivem em situação de abandono e maus tratos, pois seus tutores o veem apenas como fonte de capital (dinheiro). É nosso dever como cidadão denunciar toda e qualquer situação que caracterize maus tratos para que sejam investigadas pelos órgãos competentes.

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Há muitos animais que são vendidos na internet como ‘raça pura’. Por que isso pode ser algo preocupante? Isso é algo preocupante porque quando o proprietário percebe que foi enganado, ou seja, vê que comprou gato por lebre (na verdade o animal não é de raça ou o porte é diferente do desejado), ele simplesmente abandona o animal em qualquer lugar.

Durante a sessão na Câmara, a vereadora Zezé da Saúde (PSDB) comentou sobre a criação de um espaço para abrigar animais. Há alguma movimentação para que isso aconteça em breve? Isso vai depender da vontade política da atual gestão. Não queremos um canil, gostaríamos de ter um local para servir como um Pronto Socorro Veterinário, ou seja, um local onde o animal de rua possa receber o tratamento e as medicações necessárias para se recuperar.

Hoje, a ONG conta com quais recursos? Eles são aplicados em quê? Atualmente os nossos recursos são provenientes de: doações de materiais (medicamentos e ração) que são realizadas por diferentes pessoas; da venda das latinhas arrecadadas (pontos de arrecadação: feirinha de doação, Microlins, Escolinha de Futebol, Empório Capelini); subsídio recebido da Prefeitura Municipal no valor de R$ 3 mil (que é muito pouco em vista do que fazemos pelo município); e principalmente nossos recursos próprios. Os medicamentos são utilizados conforme recomendação do veterinário que realizou o atendimento, a ração é encaminhada aos lares temporários onde estão os animais recolhidos da rua – assim como para alimentar os animais que vivem nas ruas da nossa cidade –, o subsidio é utilizado para castração de fêmeas e nossos recursos próprios em atendimentos de emergência, internações e lares temporários.

Por que é importante castrar os animais? Primeiramente porque evita o aumento de animais de rua, eliminando o sofrimento de muitos animais que acabam abandonados, pois evita crias indesejadas que resultam em superpopulação; evita complicações de gestação e parto; as fêmeas não ficam vulneráveis a infecções uterinas graves como a piometra (grave infecção no útero) em fêmeas adultas. Concluindo: Castrar o animal de estimação é um ato de amor e respeito! Acho que deveríamos fazer uma reportagem sobre os benefícios da castração de machos e fêmeas, pois só vejo vantagens e benefícios (risos).

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Sente que falta apoio por parte do poder público? Sim e não, pois pensamos que algumas atitudes poderiam ter uma outra velocidade, alguns processos poderiam ser mais rápidos. Porém a avaliação que fazemos das ações do poder público hoje, em relação as administrações anteriores, é que hoje temos algum suporte, ou seja, estamos no positivo.

Como os protetores são vistos pela sociedade? Sinceramente? Uma grande parte da sociedade, pessoas que possuem compreensão da situação, nos parabeniza e apoia sempre. Mas há uma minoria que nada faz e que só reclama, pensa que somos um bando de desocupados, além de pensar que ganhamos algum dinheiro da ONG para realizarmos as atividades que desempenhamos com amor e dedicação… que não temos família, que não temos emprego e que fazemos parte do “Petrolão” porque gastamos dinheiro do nosso próprio bolso para cuidar dos animais que estão abandonados por todo o município (cidade e estradas da zona rural).

De que forma um apoio poderia mudar o trabalho da RPAA? Gostaríamos de poder contar com toda a sociedade em duas questões centrais: Primeiro: denúncia. Que as pessoas não tenham medo de denunciar os maus-tratos e nos informar quem está fazendo a venda de animais clandestinamente em nossa cidade. Segundo, doação. Que conseguíssemos ter a colaboração da sociedade em nos ajudar com ração para podermos alimentar os animais que estão nas ruas, assim teríamos menos animais danificando sacos de lixo. E como sempre, aqueles que desejarem, será um enorme prazer tê-lo(a) como voluntário nos ajudando aos domingos de manhã na montagem e desmontagem da feirinha, fazendo o cadastro dos animais que chegam para doação, preenchimento do Termo de Posse Responsável entre outras atividades.


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