Presidente da Câmara e vice-prefeita discutem durante sessão em Artur Nogueira

Da redação

A primeira sessão ordinária da Câmara Municipal de Artur Nogueira em 2018 ocorreu nesta segunda-feira (5) e foi marcada por um momento de tensão entre o presidente da Casa de Leis, Ermes Dagrela (PR), e a vice-prefeita Zezé da Saúde (PSDB). Uma espécie de discussão ocorreu ao final da plenária e envolveu questões sobre a transparência dos números da Saúde no município.

O atrito teve início logo após o vereador iniciar seu discurso no espaço de palavra livre dos parlamentares. Após dar as boas-vindas aos presentes e saudar a vice-prefeita, ele a convidou para comparecer mais vezes às reuniões do Legislativo. “Você já podia ter vindo antes”, afirmou Dagrela (PR).

De onde estava sentada, Zezé da Saúde (PSDB) respondeu que não era autorizada a assistir às sessões, nem ela nem os secretários do governo. “Eu não sei disso, você que está falando isso, eu não sabia”, disse o presidente.

Pouco depois, ele defendeu o prefeito Ivan Vicensotti (PSDB) e elogiou o trabalho da administração municipal. “Eu acredito no governo dele. Acredito porque é uma pessoa que está mostrando seriedade e honestidade”, disse. Neste momento, alguns comentários irônicos foram feitos por parte do público. “Até que se prove o contrário. Se provar o contrário, eu sou o primeiro a peitar o Ivan”, emendou Dagrela (PR).

Na parte final de seu discurso, o presidente da Câmara leu um relatório recebido da Secretaria de Saúde a respeito de diversos exames realizados em Artur Nogueira. Ele foi interrompido por alguns comentários feitos por Zezé (PSDB) e outras mulheres com experiência na área da Saúde que a acompanhavam. “Isso é para mostrar que a Saúde do município está melhorando”, explicou Dagrela (PR) para justificar a leitura do relatório – o que não agradou o grupo.

A vice-prefeita fez um questionamento aberto a respeito dos números dos atendimentos de alta e média complexidade (MAC), que, por um convênio firmado pelo município, devem ser feitos em Jaguariúna (SP). Dagrela (PR) já demostrava impaciência com as interrupções. “Isso aqui é para passar na mão de todos os vereadores para investigar”, asseverou em resposta aos questionamentos.

Ao ver que os comentários de Zezé (PSDB) continuavam a ser proferidos, ele rebateu diretamente. “Você esteve lá [na Saúde] até ontem. Você esteve lá até ontem. Isso aqui é obrigação sua saber, Zezé, você é da Saúde”, exclamou. “É sim, senhora. Você estava infiltrada lá dentro, o que você estava fazendo lá? O que você estava fazendo lá?”, retrucou às alegações da vice-prefeita.

Após isso, Dagrela amenizou o tom. “Então isso [o relatório] está à sua disposição, Zezé”, garantiu. “Eu não estou alisando o prefeito, não. Eu estou transmitindo a transparência da Saúde”, disse ao público pouco antes de encerrar a sessão.

Após a reunião, Zezé da Saúde (PSDB) explicou algumas de suas afirmações. Ela reiterou que não era autorizada a comparecer às sessões da Câmara. “Todos os secretários e a vice não podiam vir. O prefeito pediu para a gente não vir na sessão”, afirmou. “Não podia postar nada no Facebook sem falar com ele e não podia vir na sessão. Então o que eu falei aqui é a pura verdade. Eu tinha uma hierarquia. Se o prefeito pedir para eu não vir, eu não venho. No momento em que ele rompeu comigo, eu estou livre. Eu posso vir a hora em que eu quiser. Eu adoro vir aqui”, acrescentou.

Zezé (PSDB) disse ter achado a sessão muito proveitosa, mas criticou a apresentação do relatório ao final pelo presidente da Casa de Leis. “Agora, vir com números, isso é coisa para quando você faz uma reunião, que é a reunião de Saúde, que vem números. Quando fala esses números aqui, você não consegue nem guardar”, observou.

Ela também deu mais detalhes do que disse na discussão. “Até agora a gente não tem notícias do MAC. Por isso que o Rodrigo [de Faveri (PTB)] está pesquisando”, frisou. “Está vindo R$ 26 mil para a Saúde, que estava parado há dois anos (no governo do outro) em Cosmópolis (SP). Aí a gente conseguiu trazer esse dinheiro. Esse dinheiro veio para a gente mandar fazer as cirurgias em Jaguariúna (SP). E isso ninguém fala”, destacou.

“Quando eu perguntei [sobre isso para Dagrela (PR)], ele se irritou. Entendeu? Ele começou a falar um monte de números, mas de coisas feitas nesse hospital [o Bom Samaritano]. Por R$ 600 mil, esse hospital é obrigado a fazer isso. Mas nós temos cirurgias para fazer lá [em Jaguariúna (SP)]”, frisou.

Zezé (PSDB) contou que, ao sair da Secretaria de Saúde, havia 70 crianças esperando na fila por cirurgia pediátrica. “Sendo que o convênio assinado da média e alta complexidade poderia enviar 64 delas por ano. E não tinha ido nenhuma”, afirmou. “E como eu não tenho [espaço para] palavra, eu falo aqui mesmo. A população precisa saber”.

A vice-prefeita negou que esteja falando sobre essas coisas em público só porque não está mais ligada à área da Saúde do município. “Eu não tinha palavra nem assinatura [quando estava na secretaria]. Eu já questionava o prefeito naquela época. Por isso que fui banida. E agora eu vou falar. O que eu sei, eu vou falar”.

Após a sessão, o Portal Nogueirense enviou um e-mail à Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Artur Nogueira, solicitando informações sobre os atendimentos do MAC e sobre a alegação de que a vice-prefeita e os secretários não são autorizados a comparecer às sessões da Câmara. Assim que a mensagem for respondida, esta matéria será atualizada.

A próxima sessão da Câmara Municipal acontecerá no dia 19 de fevereiro, às 19h30, e será aberta ao público.

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