06/08/2015

Por que devemos valorizar os artistas de Artur Nogueira?

O Festival de Inverno começa hoje com nove das 15 atrações sendo de nogueirenses. Nas redes sociais algumas pessoas criticaram a lista.

Por Isadora Stentzler

Artur Nogueira é um celeiro de artistas. O produtor musical Juninho Sarpa calcula que devam existir cerca de 30 músicos “incrivelmente bons” no município, isso em uma conversa rápida quando o produtor pontua de forma genérica. Mesmo assim quando eles são convidados para eventos locais os comentários nas redes os desmerecem. Por quê? “As pessoas precisam aprender a consumir o novo. Preconceito é uma palavra forte, mas precisam abrir a mente”, diz Juninho.

O número vem de uma contagem em que são citados Dinho & Lucas, Canal 5, Radio Machine, Renato Carlini, Keep on Rock, Will, Sopro Vital, Casa do Profeta, Junão, Barata, Casa Vermelha, Soul Blues, Will Groove, Ápcice, FD3, Harmônicos Crew, Persevere, Finder, Trilha Zero, Rockellme, Phorma Som, Aphocalipsy, Kzan, Renato Viana, Corporação Musical, Renan & Luciano… com o erro de ter deixado outros n músicos nogueirenses de fora.

As bandas locais que se dividem entre covers e produções autorais fazem parte de um cenário diferente da região. Citado por Betão da Trilha Zero e também por Juninho, Artur Nogueira anda na contramão do que ocorre nos municípios vizinhos. “Cara, já ouvi de amigos que os músicos de Paulínia estão minguando porque não tem espaço para eles. Aqui temos o Cultura Rock e agora o Festival que esse ano deu espaço para as bandas locais.”

De todas as 15 atrações da festa que começa hoje (6), nove são locais.

A3 Festivalnovo - Copia

Quando o Portal Nogueirense as divulgou na rede os ânimos foram negativos. “Ninguém famosinho? Putz vou ficar em casa mesmo”, disse uma moça em um comentário. “Reciclagem do ano passado, não mudou quase nada (exceto que retiraram as grandes atrações), que falta de criatividade, hein, prefeitura?”, disse outro. “Não conheço quase nada, então resolvi digitar a atração Zenith (que está em destaque na propaganda) no Google para ver o que era e apareceu uma marca de relógios”, coroou outro crítico.

Para Juninho essa situação reflete um ponto negativo na cidade e que inclusive impede que Artur Nogueira lance mais bandas. “Todo artista parte de algo”, dispara. “As coisas vão crescendo até conquistarem seu espaço. É importante que a cidade apoie dando espaços e é importante que o público também aprecie.”

Um dos problemas que ele vê nisso é a maneira como as pessoas se agarram aos conceitos já formados, não se permitindo abrir para o novo. “As pessoas só querem o que ouvem no rádio. Se permanecerem nisso nunca terão algo novo. É preciso ter vontade de perceber algo diferente.”

Juninho conta que não tem apreço pela música eletrônica, mas já foi a lugares em que se surpreendeu com a performances. Experiência de quem se permitiu.

Para as bandas, receber apoio local é comparável a uma mola propulsora. “Uma coisa é você tocar em casa. Aqui você tem seus amigos por perto, sua família. E se sente mais seguro. Se sua cidade gosta, você fica mais confiante que os caras de fora também vão gostar.”

Como exemplo Juninho cita o pai de Gabriel Kzam, um nogueirense que já tocou com Elis Regina; Guilherme Rosa, vocalista da banda Rosa de Saron; Renato Viana; e Lucas Calheiros, que participou da gravação do CD do Munhoz e Mariano. Todos já moradores de Artur Nogueira e que alçaram sucesso.

Vinicius dos Anjos, o Tio Vi, é baixista na banda Persevere. Recentemente eles abriram o show do Dead Fish, em Limeira, mas não vão tocar no Festival. Apesar disso ele deixa claro que entre os sonhos da banda está levar o nome da cidade para fora. “O que eu e minha banda almejamos é propagar nosso som e levar o nome da nossa cidade por esse mundão, digo isso como músico e artista plástico.”

Tio Vi considera Artur Nogueira uma “mina de ouro” no cenário artístico. “Fora de Artur as pessoas reconhecem os trabalhos de cada uma dessas pessoas! Não vou dizer que o apoio seja maravilhoso, mas as pessoas também vivem num mundo de mídia de massa.”

Dentro disso o conselho é se lançar ao novo, se permitir, prestar atenção ao cenário local, para que as próximas bandas ‘famosinhas’ sejam de Artur Nogueira também.

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