17/07/2015

Pais questionam procedimentos adotados por creche antes da morte de bebê

Família de Wendrick deu depoimento à imprensa durante velório em Artur Nogueira

O corpo do bebê Wendrick Nathan Vilar Dias, de seis meses, foi velado e sepultado na tarde de quinta-feira (16) em Artur Nogueira. Durante o velório os pais conversaram com a imprensa e fizeram duras críticas a respeito do que consideraram “despreparo” por parte dos profissionais da Creche Municipal Josephin Tagliari quanto a realização dos procedimentos de primeiros socorros adotados na unidade educacional.

Diante da possibilidade não descartada pela Prefeitura de a criança ter passado mal devido a problemas de saúde, os pais negaram que a criança estaria doente. “Ele tinha os documentos todos em dia, vacina, alergia. Era um menino saudável, tinha mais de nove quilos, com seis meses e quatro dias”, disse o pai, Carlos Robson Gonçalves Dias, de 27 anos. Com relação ao período em que Wendrick ficou afastado da creche, os pais afirmam que foram, ao todo, 25 dias e não uma semana, conforme versão da Prefeitura.

O pai relatou que ao levar a criança para a creche teve um forte pressentimento com relação a segurança do filho pois, de acordo com ele, não confiava no serviço prestado pela instituição, no entanto, não teria alternativa diante das condições financeiras da família.

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Segundo o pai, a insegurança com o trabalho da creche era tão grande que ele chegou a enviar uma mensagem ao celular da esposa avisando que tinha a impressão de serem poucos funcionários para muitas crianças, mas acabou deixando o filho pois precisava ir para o trabalho. “Andressa, eu não senti muita firmeza, pois tinha muita criança para uma mulher só cuidar”, teria dito o marido na mensagem.

Segundo a mãe, Andressa Vilar Rodrigues, de 21 anos, eram 30 crianças para apenas três funcionárias cuidarem, o que inviabilizaria um atendimento adequado. A mãe também nega versão da Prefeitura de que teriam colocado Wendrick para brincar com as outras crianças, já que, segundo ela, o filho não teria idade para isto. “Meu filho tem seis meses, como que ele vai brincar?”, questionou a mãe.

Andressa se mostrou indignada com os procedimentos adotados pela creche ao tentarem salvar Wendrick após perceberem que o menino estava desacordado. “Ela pegou meu filho que nem um frango e parou o primeiro carro que viu na estrada. Era para ela ter ligado para a emergência”, afirmou a mãe. De acordo com os pais, duas pajens teriam confessado não terem feito o curso de primeiros socorros.

Segundo o pai, um dos médicos do Hospital Bom Samaritano teria afirmado que Wendrick chegou morto no hospital. Ainda de acordo Robson, os médicos do Hospital de Clínicas da Unicamp tentaram reanimar o bebê por mais 40 minutos, mas não obtiveram êxito.

Os pais registraram um Boletim de Ocorrência no 7º Distrito Policial de Campinas, no bairro Barão Geraldo, em Campinas.

Ainda de acordo com os pais, a Prefeitura arcou com todos os gastos com o sepultamento e ainda disponibilizou psicólogos e assistentes sociais para prestarem auxílio à família, no entanto, Robson afirma que a situação deve sim ser apurada para que não haja nenhum tipo de impunidade. “A Prefeitura tem ajudado várias crianças, mas do jeito que tá ajudando o Wendrick é porque a história não está bem contada”, disse o pai.

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Prefeitura

A Prefeitura de Artur Nogueira informou por meio da assessoria de imprensa que no dia 15 de julho haviam 13 crianças no berçário, e que o espaço é destinado à crianças de 4 meses à 3 anos e 11 meses e para este grupo haviam três pajens. Segundo o Conselho Nacional de Educação, cada grupo de sete crianças nesta respectiva faixa etária deve ser cuidado por, no mínimo, uma profissional.

A Prefeitura informou ainda que Wendrick foi amamentado entre as 7h40 e 8 horas da manhã, assim como as demais crianças do berçário e, na sequência, das 8 às 9 horas, ficou acordado com as demais crianças nas dependências do berçário, antes de ser colocado para dormir no berço, assim como os outros bebês.

Ainda segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, todos os profissionais que atuam na rede municipal de ensino são contratados por meio de concurso público, e a contratação exige conhecimentos gerais e específicos de acordo com cada área de atuação profissional. Além disto, os profissionais da rede municipal de educação, incluindo as 99 pajens que atuam especialmente nas unidades de educação infantil, participam durante o ano de eventos e cursos de capacitação e atualização profissional, como os procedimentos de primeiros socorros.

Em resposta a Prefeitura acrescentou ainda que no último dia 29 de maio, mais de 150 profissionais da rede municipal de ensino, entre eles as pajens, participaram de um curso de atualização promovido pela Secretaria Municipal de Educação no Plenário da Câmara Municipal de Vereadores, voltado especialmente para a Educação Infantil. Segundo a assessoria, durante o curso foram reforçados os ensinamentos sobre os procedimentos de primeiros socorros. A Prefeitura ressalta que o evento foi inclusive divulgado por veículos de comunicação locais. A foto abaixo foi enviada pela Prefeitura e, segundo a assessoria, mostra o curso promovido pela Secretaria Municipal de Educação.

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Ainda de acordo com a Prefeitura a criança teria saído da creche com vida e levada para o Hospital Bom Samaritano, onde teve a estabilização dos sinais vitais e, posteriormente, levada, ainda com vida, para o HC da Unicamp.


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