24/05/2015

Pai faz homenagem após filha se recuperar de tumor cerebral

Em postagem no blog da garota, empresário relatou história de superação da filha e agradeceu apoio recebido de amigos e familiares.

Por Isadora Stentzler

O pai publicava um novo post às lágrimas. Diferente dos últimos que falavam das dores da filha com tumor, esse era de agradecimento. Não havia pedidos de orações. Não havia pranto. Também não havia a cruel descrição dos efeitos da quimioterapia em uma criança de 11 anos. Era o desabafo feliz de um pai que depois de um ano mantendo o blog da filha com atualizações sobre sua enfermidade, recebia a notícia da cura, do milagre. Da vitória de uma doença.

Maria Isabela é a menina. Filha de Paulo Brandão, a criança alva e franzina foi diagnosticada com um tumor no cérebro após sentir fortes dores de cabeça e ser encaminhada ao médico. No princípio a família achou que se tratasse de uma enxaqueca devido a dor nos olhos, causada pelo uso de óculos. Mas não. Um eletroencefalograma detectou uma anormalidade no cérebro e por fim, uma tomografia descobriu o tumor de seis centímetros na caixa craniana da menina.

A notícia foi um choque. Iza estudava. Brincava. Era uma criança ativa, com amigos e brinquedos. Também tinha um blog: Diário de uma solitária. Página em que postava sobre cuidado com cabelo, unhas e informações a respeito das bandas e jogos que gostava. Embora não se soubesse muito a respeito do tumor e do seu potencial benigno e maligno, o temor cobriu a família. Diante disso e se sentindo preso a medicina convencional, o pai tomou o blog e em primeira pessoa, tomando para si as dores da filha, narrou a diários não periódicos a história de Iza – isso porque gradualmente a vista da menina foi enfraquecida. Os primeiros tratamentos. Os primeiros fios de cabelo deixados ao chão. Até os últimos.

Depois de descoberto Iza foi submetida a intensos tratamentos. As primeiras lembranças não são animadoras:

“Além das dores de cabeça, eu comecei a perder os movimentos do braço e da perna do lado direito, pois o tumor ficava no lado esquerdo da cabeça. Tumor no lado esquerdo afeta o lado direito e vice-versa. Minha visão também começou a ficar ruim e eu estava enxergando muito pouco. No mês de agosto de 2014 fui internada no Hospital Vera Cruz em Campinas, para fazer a cirurgia de retirada do tumor, e ao abrir, o médico constatou que o tumor era muito perigoso somente ao ver o aspecto dele.”

As coisas mudaram muito depressa na vida da família. Depois da primeira cirurgia e da notícia do tamanho do tumor, os ânimos caíram, mas não a fé. A família chegou a ouvir do médico: “Se eu tirasse todo o tumor da cabeça de sua filha, ela não sobreviveria”. O diálogo expôs a fragilidade da situação.

Iza seguiu internada por 14 dias na UTI do Hospital Vera Cruz, e seu quadro de saúde apresentava sucessivas pioras. Os próprios médicos chegaram ao consenso de que ela deveria ser transferida para um local de atendimento especializado, neste caso o Hospital Boldrini, em Campinas, do contrário, não teria avanços significativos.

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Depois de cinco dias internada a garotinha foi submetida à segunda cirurgia, esta feita na intenção de retirar o tumor por completo. Alegria dos pais e da pequena, a cirurgia foi um sucesso. Logo após, foi encaminhada para a UTI novamente, mas desta vez com uma recuperação mais rápida e otimista. Os movimentos de Iza também voltaram ao normal poucos dias depois. A única sequela na menina pairou sobre a visão, cegando-a em determinado grau.

O próximo passo seria o tratamento e então a proximidade com a cura.

“Fiz seis ciclos de quimioterapia, que são seis meses, cinco dias por mês internada fazendo quimioterapia. Passei um pouco mal durante os tratamentos, mas nada além de náuseas e vômitos. Fiz 30 dias úteis seguidos de radioterapia, e só senti um pouco dos efeitos ao final do tratamento, que foram mal estar seguido de náuseas e vômitos e a pele do local radiado ficou um pouco escura, mas já voltou ao normal.”

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Iza seguiu com as quimioterapias até janeiro de 2015. Deixou o hospital e em abril conseguiu voltar às aulas. Quem mais se alegrou foi o pai, que em agradecimento postou uma carta, uma homenagem, a história da filha. “Muitas pessoas oraram pela nossa filha e gostaríamos muito de agradecer”, pontuou.

A menina, agora com 12 anos, comemorados na última semana, não está com a visão completamente recuperada, mas passa bem. Brinca. Vai a aula. Ri. Não há mais tumor. Iza encontrou uma nova forma de viver.

“Não fiquei em nenhum momento achando ruim por ter de ficar sem cabelos, pois o mais importante é o tratamento e a recuperação. Estou muito feliz mesmo assim, pois estou superando todas estas dificuldades com apoio de minha família. Novamente Deus irá me iluminar. Rezem por mim.”

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