27/10/2013

OPINIÃO: O uso de cobaias para testes científicos

Veterinário nogueirense discute utilização de animais em testes científicos

Por Leopoldo Ferreira de Camargo

A discussão sobre o uso de animais para testes científicos é fundamental e a sociedade tem que participar das decisões do que é feito, em termos éticos, com a pesquisa animal. Nesta discussão, os que são a favor e aqueles que são contra a utilização de animais precisam ser ouvidos para chegarmos a um consenso. Na minha opinião, a pesquisa tem limites, mas, por outro lado, existem pessoas que precisam da pesquisa.

Animais e humanos são diferentes, mas a química, para identificar os efeitos colaterais em humanos, é a mesma. Todas as drogas que conhecemos e que são eficazes hoje foram testadas em animais.

No Brasil existe a Lei Arouca nº 11.794 que foi desenvolvida e aprovada por cientistas e pesquisadores para credenciar centros de pesquisa e universidades que utilizam animais em experiências científicas. E com isso foi criado o Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (CONCEA), que dá oportunidade para as ONGs nos Comitês de Ética.

No Brasil, a utilização de animais para pesquisa é uma atividade recente e relativamente crescente. Os professores universitários começaram a utilizar animais há 15, 20 anos e, desde então, já queriam estabelecer limites éticos para o uso dos animais. Quer dizer, antes de a sociedade se manifestar a respeito das questões éticas que implicam esta atividade, os pesquisadores já se manifestaram e criaram regras dentro das universidades.

A experiência de fazer testes com animais foi trazida do exterior, quando pesquisadores brasileiros começaram a visitar universidades estrangeiras. Na Inglaterra, por exemplo, essa discussão tem mais de 100 anos.

Algumas universidades utilizam softwares de simulação. Em determinadas aulas, por exemplo, eu filmo o comportamento do animal, e utilizo o filme. Há uma perda porque o estudante não manipula o animal, mas não é algo tão significativo que justifique a morte de novos animais. Existem meios de substituir o uso de animais. Ao invés de ministrar uma aula com um animal inteiro, é possível, por exemplo, tentar coletar sangue e fazer um experimento in vitro. Entretanto, quando se trata de pesquisa cientifica, a questão é um pouco mais complicada.

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leopoldo
Leopoldo Ferreira de Camargo
, médico veterinário CRMV-SP, pós graduado em Odontologia de pequenos animais pela Universidade de São Paulo (USP)


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