12/05/2013

OPINIÃO: O que é ser mãe?

No Dia das Mães, educadora fala sobre a missão materna

Por Sonia Rigoli Santos

Milhares de mulheres todos os dias se submetem aos mais diversos tratamentos para engravidar, às vezes até mesmo comprometendo sua saúde. Algumas contratam uma “barriga de aluguel”, outras recorrem a tratamentos que acabam favorecendo a fertilização de mais de um óvulo, dando à luz a gêmeos e outras adotam uma criança.

Isto mostra a importância da maternidade para uma mulher. Diz um pensamento: “O rei em seu trono não tem função mais elevada que a mãe. A mãe é a rainha do lar. Ela tem em seu poder o modelar o caráter dos filhos… Um anjo não desejaria missão mais elevada; pois em fazendo sua obra ela está realizando serviço para Deus” Ellen White.

Que alto privilégio, o de modelar, moldar, plasmar o caráter dos filhos. E este não é um trabalho qualquer, é uma missão, pois tomar um serzinho tão frágil e pequenino e ir dia a dia acompanhando seu desenvolvimento, é de muito maior responsabilidade que o cuidado com uma plantinha tênue, onde se vai colocando uma estaca aqui, uma amarra ali, fazendo a rega, exposição ao sol, cobrindo, adubando, etc.

Por isso mesmo assusta-nos o fato de que, em alguns casos, quando o sonho do nascimento de um bebê se torna realidade, algumas mães tornam-se inquietas e desassossegadas contando os dias para voltar ao trabalho e relegam os cuidados do precioso e tão esperado filho, a outra pessoa.

Este estilo de vida moderno, onde cada membro da família preocupa-se tão somente com seus próprios interesses, onde cada membro da família deve cuidar de si mesmo, não foi o planejado por Deus, uma vez que o ser humano é o que por mais tempo depende totalmente da mãe e da família.

Uma das razões porque as mães tem deixado sua responsabilidade é que as mulheres produtivas e empreendedoras são tão elogiadas, enquanto minimizam-se as tarefas de donas de casa e pinta-se como enfadonha a missão da mãe. É fato notável que tanto elas quanto os homens comparam seus empreendimentos enxergando-os como produtivos e desmerecendo a tarefa de apenas ser mãe. Como se estar uma mulher em casa cuidando dos filhos fosse algo sem valor, e muito abaixo de sua capacidade, educada como foi, para ambicionar postos mais elevados e conseguir melhores salários.

Talvez seja por isso que as mães saem de casa para alcançar “um lugar ao sol”, enquanto os filhos ficam sob os cuidados de si mesmos, irmãos mais velhos, parentes, escolinhas, e até estranhas contratadas para realizar o “papel da mãe.”  Estão desejosas de que outros trabalhem por seus filhos e as libertem de todo o peso na questão.

A escritora e atriz, e filha de cineasta, Maria Mariana, que aos 19 anos lançou o livro Confissões de Adolescente, onde reforçava o conflito de gerações, que vendeu 200 mil cópias e se tornou peça de teatro e seriado de TV; aos 36 anos, mãe de 4 filhos lançou, em 2009, outro livro, Confissões de Mãe, onde afirma: “Eu só descobri o que é trabalhar depois de ser mãe!” Ser mãe é um trabalho social, o maior deles. É um esforço para garantir a criação de indivíduos de valor, mentalmente sadios, que contribuam para o bem geral. Pessoas equilibradas, educadas, que consigam se manter. Quando pequeno, o filho precisa de atenção especial e exclusiva.  É nesse período que se formam a base do que ele será, o caráter, os valores. Depois, é difícil consertar.”

Mas não são apenas as crianças em fase de formação que precisam dos cuidados dos pais, segundo Maggie Hamilton, escritora, pesquisadora social e observadora de assuntos comportamentais da atualidade, em seu livro “O Que está acontecendo com nossas garotas?”, o fato das mães não estarem mais em casa, faz com que meninas pré-adolescentes assumam mais responsabilidades para preencher seu tempo. Mas nada “pode, entretanto, substituir a necessidade que tem de calor humano e conexão. Como os pais frequentemente não estão por perto, elas se voltam para os amigos em busca de apoio… Quanto mais as meninas são independentes dos adultos, mais populares se tornam entre seus colegas” (P. 88-89)

E é por isso que, segundo ela, muitos problemas de consumismo, erotização precoce, prostituição infantil, uso de drogas, bulliyng e outros mais tem acontecido como uma consequência direta da falta de conexão dos pais com os seus filhos, e a busca desesperada por aprovação do grupo.

“Duas questões básicas que precisamos analisar: será que caímos na armadilha da necessidade de trabalhar para suprir a de consumo, e até que ponto a cultura consumista está impregnada em nossos lares, fragmentando a vida em família e forçando as meninas a voltar-se para seus amigos para obter deles o cuidado e a companhia que as famílias costumavam oferecer no passado?” (P. 90).

“Se quisermos ser mais sinceros sobre como nutrir as futuras gerações, precisamos encontrar melhores maneiras de oferecer suporte aos pais quanto ao papel que representam, e preencher as horas livres que se seguem aos períodos letivos com programas significativos para meninas e meninos” (P. 88-89).

Felizmente, hoje, um bom número de mães, tem deixando de lado outros interesses em favor da formação de seus filhos, escolhendo acompanhá-los de perto nestas fases tão curtas e passageiras, a da infância e da adolescência.

Neste dia das mães, gostaria que cada uma refletisse na sua missão de educadora e amiga. Gostaria de desejar-lhes mais que presentes tão explorados pelo comércio, mas muito amor, paciência, interesse e responsabilidade pelos filhos, pois quanto mais você investir neles hoje, provavelmente menos terá a lamentar no futuro.

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Sonia Rigoli Santos
Sonia Rigoli Santos
é educadora e mãe de dois filhos hoje adultos, o Carlos Eduardo e a Carla Beatriz. É escritora e autora de dois livros para adolescentes – “Proibido para Meninos, Indispensável para Meninas” e Radic@al.com.Jesus; um livro sobre educação de filhos – Amando para a Eternidade.


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