Ocorrências ligadas às drogas crescem 19% em Artur Nogueira

Entre janeiro e abril de 2014 houve um aumento de 19,5%, em comparação com o mesmo período do ano passado, no número de ocorrências em Artur Nogueira envolvendo o tráfico e o uso de entorpecentes, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Das 412 ocorrências policiais registradas no primeiro quadrimestre deste ano, 134 estão relacionadas às drogas. Deste número, 110 foram configurados como porte ou uso e 24 como tráfico. No ano passado, durante o mesmo período, foram registradas 108 ocorrências envolvendo drogas, sendo 79 porte e 29 tráfico.

Para o delegado de Artur Nogueira, Dr. José Donizeti de Melo, “o aumento destes números, que se contabiliza pelas prisões, significa uma a ação mais efetiva por parte da polícia”. No entanto, segundo ele, os dados refletem uma realidade mais complexa do que aparenta. “Há uma dificuldade muito grande hoje de se combater o tráfico, pois os pequenos revendedores de drogas estão agindo de forma dissimulada, a tal ponto, que muitas vezes, quando se prende um infrator destes, ele é intitulado apenas como portador, devido a quantidade de droga encontrada com ele mas, na verdade, está camuflando a ideia de que é vendedor. E nós não conseguimos demonstrar isto por uma questão de provas”, explica Donizeti.

A partir do instante em que as policias reforçam o combate ao tráfico, surge um paradoxo: as apreensões configuradas apenas como uso ou porte tendem a aumentar devido a sutileza encontrada pelos traficantes para vender a droga. Eles são flagrados frequentemente com pequenas quantidades. Estas táticas tem complicado a atuação das polícias, que sabem quando e onde está ocorrendo o tráfico, porém não conseguem angariar materialidade para prender o suspeito em flagrante. “Muitas vezes a polícia recebe a denúncia de tráfico. Ao chegarem lá, se deparam com o suspeito, com uma certa quantia em dinheiro no bolso e uma ou duas pedras de crack, ou uma pequena porção de outra droga qualquer, por exemplo. Aonde está demonstrada aí a prática do tráfico?”, questiona o delegado. “Pode ser que seja, mas está dissimulada”.

Além do fator quantidade, Donizeti ressalta que o crime se estabelece de forma organizada, aonde o grande traficante não aparece. “Ele é quase invisível, afinal, cria os ‘micro traficantes’ e estes fazem o trabalho de vendas pra ele”. Segundo o delegado, enquanto não houver um fortalecimento no setor de investigação e inteligência, através de investimentos em recursos físico e pessoal, e uma maior integração entre as polícias, dificilmente se encontrará medidas efetivas para enfrentar este tipo de crime.

Em Engenheiro Coelho, Cosmópolis e Holambra os índices relacionados ao tráfico caíram, se também comparados com mesmo período de 2013. Foram 108 ocorrências envolvendo este tipo de delito em Cosmópolis no primeiro quadrimestre do ano passado, já este ano o número caiu para 71. Em Holambra, apenas duas ocorrências por porte foram registradas na cidade este ano. Uma queda de 33% se comparado ao ano passado, quando, no mesmo período, cinco ocorrências envolvendo o porte e apenas uma relacionada ao tráfico foram registradas. Em Engenheiro Coelho, o número de ocorrências ligadas ao tráfico caiu de 16 para 14. Uma queda de 12,5%.

Dr. Donizeti sugere, como proposta de redução destes índices, a criação de campanhas mais intensivas de conscientização e políticas públicas que ofereçam alternativas para os jovens e as crianças. “Do contrário, vamos ficar apenas neste combate, enxugando gelo”, lamenta o delegado e ainda conclui, “estas ações devem partir de outros setores, já que não é atribuição da polícia desenvolver este tipo de política. Por aqui, fazemos o máximo dentro da nossa realidade”.