02/06/2016

Moradora de rua comove Artur Nogueira

Sem identificação ou documentos, moradora é vista há cerca de um mês por ruas do município.

Da redação

Uma moradora de rua desconhecida tem perambulado pelas ruas de Artur Nogueira nos últimos dias. Aparentemente confusa e sem qualquer tipo de documento, a mulher se identificou à equipe do Portal Nogueirense como Claudia Pereira. Enquanto um de nossos repórteres conversava com a mulher, policias militares chegaram ao local. Eles afirmam que já ajudaram a moradora de rua com alimentos e roupas de cama. O Centro de Referências Especializado de Assistência Social (CREAS) de Artur Nogueira checa diariamente as condições da moradora de rua e reitera que é ela tem direito de permanecer na situação em que está. De acordo com o departamento, o fato do município não possuir um espaço destinado especificamente para os cuidados necessários que a população de rua necessita (alimentação, banho e acompanhamento psicológico), dificulta o atendimento estas pessoas.

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Quem passa pela rodoviária do município garante que a mulher ocupa o local há mais de 20 dias. Um comerciante que trabalha próximo a rodoviária diz que muitas pessoas oferecem comida para a moradora de rua, que se mostra irritada em muitas das vezes em que lhe é oferecida ajuda. “Já vi várias vezes ela ficar brava com quem tenta ajudar, inclusive com as moças do Creas que aparecem por aqui. Se alguém tenta oferecer algum alimento pode até ser que ela aceite algumas vezes, mas não dá para saber. Já vi ela xingar uma mulher que comprou um café para ela”, relata o comerciante.

Eliana Pereira da Costa, funcionária da VB Transportes, permanece na rodoviária durante a maior parte do dia e diz que a moradora de rua apresentou resistência em todas as abordagens realizadas pelo Creas. “As moças da assistência vêm, mas ela não quer ir. Ela sempre fica ali, não acho que incomoda alguém. Quem acaba sendo prejudicada é ela mesma”, opina Eliana.

Há pelo menos 20 dias vivendo por entre as ruas centrais de Artur Nogueira, a mulher tem recebido ajuda de moradores e da própria Polícia Militar, que ao realizar uma pesquisa com os dados repassados por ela, não encontrou nenhum registro na Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp). Em conversa com PMs, a moradora ainda afirmou que sua mãe, apontada como Mariana Pereira, ainda está viva.

Para o Creas, a curiosidade da população de Artur Nogueira quanto a situação da moradora de rua não contribui para que a situação se resolva. A entidade reforça o fato de que ela, como qualquer cidadão, tem total direito em permanecer nesta situação. O Creas verifica diariamente a situação da moradora assim como faz com toda a população que vive nas ruas, a fim de convence-los a aceitar algum tipo de auxílio ou até um encaminhamento.

Segundo dados fornecidos pelo Creas, em Artur Nogueira existem atualmente 29 moradores de rua, dos quais 94% dizem não ser naturais do município. Ainda de acordo com os dados, 89% da população de rua da cidade têm entre 25 e 59 anos, 8% têm entre 18 e 24 e 3% possuem mais de 60 anos.

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Em nota, o Centro de Referências Especializado de Assistência Social (Creas) aponta que os moradores de rua podem ter vários motivos para se encontrarem nesta situação. Confira a nota na íntegra:

“Os motivos que levam uma pessoa a morar na rua são vários, como o desemprego, o abandono familiar ou até falta da família, a situação econômica, o desajuste social, problemas psicológicos e, muitas vezes, o vício em drogas como o álcool e o crack. Essas pessoas já não veem expectativas em suas vidas, se encontram em uma situação de sobrevivência, fora do contexto social, sem esperanças ou sonhos, usando de papelões e jornais como proteção do frio durante a noite. Não é apenas o governo que deve voltar seus olhos para essas pessoas, mas também a sociedade, que ao se deparar com um ‘mendigo’ na rua passa como se não existisse nada naquele lugar, como se ele não fizesse parte de sua realidade. Essa imagem ‘inconveniente’ passa despercebida aos olhos das pessoas, que já não enxergam solução para o problema e ignoram o outro, que necessita de ajuda ou, pelo menos, ser tratado com dignidade. O importante ao se analisar essa realidade encontrada no Brasil, é lembrar que essas pessoas fazem parte de nossa sociedade, que todos possuem os mesmos direitos perante às leis e que devemos rever nossos conceitos e incentivar o respeito ao próximo, tratando a todos com dignidade, independentemente da situação socioeconômica em que este se encontra. ”

De acordo com a Prefeitura, a equipe de assistentes sociais do Creas tenta o contato com os moradores de rua assim que eles são identificados. Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura, disse que “o município conta com uma ampla rede sócio assistencial, com vários serviços oferecidos pela Prefeitura por meio da Secretaria de Assistência Social em parceria com entidades filantrópicas”. Ainda de acordo com a assessoria da Prefeitura, sobre o caso da moradora que se apresenta como Claudia Pereira, “a equipe do Creas já está atuando sobre o caso e tomando as providencias necessárias para a resolução do mesmo”.

De acordo com a Constituição Federal e o Decreto Presidencial 7.053/2009, que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua, ninguém pode ser retirado das vias públicas à força. De acordo com a lei, deve ser respeitado o direito à vida e à liberdade das pessoas. Todos possuem o direito de ir e vir e ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.


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