27/03/2017

Julgamento em Artur Nogueira condena casal por assassinato

Maicon Bepler e Talita Caetano foram condenados a mais de 15 anos de prisão pela morte de Lorenzo Moraes em 2014

Da redação

Maicon Alexandre Bepler e Talita Helena Rodrigues Caetano foram julgados e condenados nesta segunda-feira (27) pelo assassinato do advogado Lorenzo Andrade de Moraes. O crime aconteceu em março de 2014, onde a vítima foi levada para um canavial, localizado na área rural de Engenheiro Coelho (SP). A sentença foi anunciada após o processo de julgamento, que durou cerca de 12 horas e ocorreu no salão nobre da Câmara de Vereadores de Artur Nogueira.

Bepler foi condenado a 15 anos e oito meses de reclusão em regime fechado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e furto qualificado. Talita foi condenada a 16 anos, nove meses e 10 dias de reclusão em regime fechado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e furto qualificado. A pena foi estipulada pelo juiz Paulo Henrique Aduan Correa.

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Maicon Bepler entra em carro penitenciário após ser condenado a mais de 15 anos de prisão

O promotor de Justiça Pedro dos Reis Campos disse ter ficado satisfeito com o resultado. “Os jurados reconheceram todas as qualificadoras que foram defendidas por mim aqui no plenário, então, acredito que foi um resultado positivo”, afirma. De acordo com Letícia Müller, advogada de Bepler, a dosimetria da pena foi razoável, e o réu não vai recorrer. “Ele vai cumprir a pena, trabalhar, tentar amenizar, e é como o juiz falou, meu cliente não é um criminoso nato; isso aconteceu, foi uma tragédia, destruiu famílias e agora resta cumprir a pena”, comenta.

O advogado de Talita disse que ela também não deve entrar com recurso. “Até o momento, minha cliente não deseja entrar com recurso, haja vista que não foi considerada toda a tese de acusação. Sobreveio o afastamento da qualificadora de motivo fútil, dentre outras circunstâncias”, explica. Segundo ele, a condenação não foi exagerada. “Considerando-se um homicídio com várias qualificadoras, considerando-se toda a repercussão do crime, então, teoricamente, foi dentro de uma média”, aponta.

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Carro que conduziu Talita Caetano, condenada a mais de 16 anos de prisão

Julgamento

Estiveram presentes na sala da Câmara Municipal, aproximadamente 80 pessoas, entre elas, o juiz Paulo Henrique Aduan Correa, o promotor de Justiça Pedro dos Reis Campos, advogados de defesa dos réus, além do júri popular, imprensa e demais pessoas que presenciaram a sessão. Familiares e amigos estavam na frente da Câmara com camisetas e um banner com o rosto de Lorenzo.

Durante o julgamento, que teve início por volta das 10 horas, sete testemunhas foram ouvidas pelo juiz, promotor e advogados. Entre as testemunhas estavam o delegado Paulo Roberto Agostinelli, titular de Mogi Mirim (SP). Ele participou diretamente da apuração investigativa sobre o crime e considera os réus culpados pelo delito. “Foi um crime bárbaro, com intenção de matar,” observou o delegado.

O pai de Lorenzo, Paulo de Moraes Junior, também se pronunciou – como testemunha – com relação ao caso. Ele pontuou idoneidade a respeito do temperamento e postura do filho. “Uma pessoa honesta, tranquila e calma com tudo e com todos,” pronunciou.

O assassinato aconteceu após diversas tentativas de Lorenzo em se comunicar com Talita. Esta é casada com Maicon e estava grávida de cinco meses quando o crime aconteceu. Talita conhecia Lorenzo desde meados de 2011. A condenada, no entanto, negou qualquer envolvimento amoroso com a vítima.

A corda e a faca utilizadas no delito foram apreendidas na época pela perícia. O carro – usado para o transporte de Lorenzo ao canavial – foi encontrado cerca de três dias após o assassinato, em um bairro de Mogi Mirim (SP). Já os carpetes e tapetes haviam sido retirados do veículo, mas também foram encontrados posteriormente pela investigação. Lorenzo foi transportado pelos supostos criminosos dentro do porta-malas do automóvel.

Durante o depoimento de Maicon – réu confesso – foram detectados algumas contradições. De acordo com os autos do processo, o acusado tinha dito na Delegacia que havia desferido golpes com um caibro de madeira pelas costas da vítima, porém durante o depoimento de hoje (27), ele disse que entrou em luta corporal com Lorenzo antes de o agredir a vítima com um pedaço de madeira, e o amarrar. Já os depoimentos de Talita não apresentaram contradições aparentes.

O crime

Conforme informações obtidas durante a sessão do julgamento desta segunda-feira (27), os pais de Lorenzo Andrade de Moraes, morador de Mogi Mirim (SP), com 22 anos a época, informaram o desaparecimento do filho no dia 10 de março de 2014, após o jovem deixar a casa em que residia, informando que iria à casa de um amigo. O jovem não retornou e os pais não tiveram informações sobre o paradeiro do filho. Por isso, foi feito um comunicado de desaparecimento do advogado.

No dia seguinte, tarde de 11 de março de 2014, após denúncias anônimas, o corpo de Lorenzo foi encontrado em um canavial de Engenheiro Coelho (SP), no Bairro Céu Azul. Haviam marcas de golpe de faca no pescoço e marcas de hematomas na parte frontal da cabeça da vítima, ocasionadas por golpes de caibro de madeira. O caso seguiu em apuração pela Delegacia de Investigações Gerias (DIG) de Mogi Mirim (SP) e, posteriormente, pela Polícia de Engenheiro Coelho (SP).

As investigações apontaram que Maicon Alexandre Bepler e Talita Helena Rodrigues Caetano eram os principais suspeitos do crime, após o pai de Lorenzo entregar a conta de telefone do celular do filho à polícia. Os últimos telefonemas realizados pelo celular da vítima eram direcionados ao celular da ré Talita Helena, o que veio a motivar  o assassinato.

Conforme as declarações sobre o processo dos réus, Lorenzo tinha conhecido Talita aproximadamente três anos antes da morte dele, período em que Talita estava solteira. Após os três anos, ela passou a receber os telefonemas de Lorenzo, mas como já estava casada com Maicon, isso acabou por motivar o ato de ciúmes. Talita negou ter ocorrido romance com a vítima, afirmando ter apenas amizade e conversas por telefone.

Na data do assassinato, Lorenzo se dirigiu à casa de Talita onde – de acordo com o andamento das investigações – foi violentado por Maicon, amordaçado e amarrado. Em seguida, foi colocado no porta-malas do carro, modelo GM/Agile prata. Posteriormente, foram deferidos golpes fatais com uma faca de cozinha no pescoço da vítima, que já tinha sido levada ao canavial. “Eu poderia ter evitado, mas fui fraca e obrigada pelo Maicon a estar junto com ele. Gritei por socorro quando começaram a brigar em casa, mas ninguém apareceu. Não queria que tivesse resultado nessa tragédia” declarou Talita Helena durante a sessão.

As investigações apuraram que Lorenzo foi chamado por Talita a ir até a casa dela, onde a vítima sofreu as primeiras agressões. Posteriormente, Talita esteve junto no caminho até o canavial, mesmo tendo dito em sessão que foi coagida pelo companheiro.

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