27/03/2017

Julgamento de acusados por assassinato de advogado ocorre em Artur Nogueira

Lorenzo Andrade de Moraes foi morto em 2014; Maicon Alexandre Bepler e Talita Helena Rodrigues Caetano são réus do processo

Da redação

Teve início durante a manhã desta segunda-feira (27), na Câmara Municipal de Artur Nogueira, o julgamento de Maicon Alexandre Bepler e Talita Helena Rodrigues Caetano, réus confessos pelo assassinato do advogado Lorenzo Andrade de Moraes, morto no dia 10 de março de 2014. O corpo de Lorenzo foi encontrado em um canavial, localizado na área rural de Engenheiro Coelho (SP). O andamento do processo instaurado indica crime passional.

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Estiveram presentes na sala da Câmara, cedida para o julgamento, aproximadamente 80 pessoas, entre elas, o juiz Paulo Henrique Aduan Correa, o promotor de Justiça Pedro dos Reis Campos, advogados de defesa dos réus, além do júri popular, imprensa e demais pessoas que presenciaram a sessão. Familiares e amigos estavam na frente da Câmara com camisetas e um banner com o rosto de Lorenzo.

Durante o julgamento, que teve início por volta das 10 horas, sete testemunhas foram ouvidas pelo juiz, promotor e advogados. Entre as testemunhas estavam o delegado Paulo Roberto Agostinelli, titular de Mogi Mirim (SP). Ele participou diretamente da apuração investigativa sobre o crime e considera os réus culpados pelo delito. “Foi um crime bárbaro, com intenção de matar,” observou o delegado.

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O pai de Lorenzo, Paulo de Moraes Junior, também se pronunciou – como testemunha – com relação ao caso . Ele pontuou idoneidade a respeito do temperamento e postura do filho. “Uma pessoa honesta, tranquila e calma com tudo e com todos,” pronunciou.

O assassinato aconteceu após diversas tentativas de Lorenzo em se comunicar com Talita. Esta era casada com Maicon e estava grávida de cinco meses quando o crime aconteceu. Talita conhecia Lorenzo desde meados de 2011. Ela, no entanto, negou qualquer envolvimento amoroso com a vítima.

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A corda e a faca utilizadas no delito foram apreendidas na época pela perícia. O carro – usado para o transporte de Lorenzo ao canavial – foi encontrado cerca de três dias após o assassinato, em um bairro de Mogi Mirim (SP). Já os carpetes e tapetes haviam sido retirados do veículo, mas também foram encontrados posteriormente pela investigação. Lorenzo foi transportado pelos supostos criminosos dentro do porta-malas.

Durante o depoimento de Maicon – réu confesso – foram detectados algumas contradições. De acordo com os autos do processo, o acusado tinha dito na Delegacia que havia desferido golpes com um caibro de madeira pelas costas da vítima, porém durante o depoimento de hoje (27), ele disse que entrou em luta corporal com Lorenzo antes de o agredir com um pedaço de madeira, e o amarrar. Já os depoimentos de Talita não apresentaram contradições aparentes.

Promotoria e defesa

O promotor de Justiça Pedro dos Reis Campos considera que o caso se encerrará ainda nesta segunda-feira (27). “Vai depender de quanto a defesa vai querer falar, a tese da acusação é a mesma mantida na denúncia, homicídio triplamente qualificado,” informa.

A advogada de defesa de Maicon, Dr. Letícia Miller, considera que o processo teve erros, mas que durante a sessão desta segunda-feira (27)já haverá o veredicto sobre o caso. “O julgamento representa a verdade sobre os fatos. Eles não haviam sido ouvidos em nenhuma fase do processo e, hoje, seria o dia de avaliar alguma contradição. Ele é réu confesso, mas o processo teve alguns erros, como eles (réus) não terem passado por exames periciais, por exemplo, o que é obrigatório de ocorrer,” exclama.

A sessão de julgamento continuará em andamento e deve se prolongar até o período da noite. Caso sejam sentenciados de fato pelo assassinato de Lorenzo Andrade de Moraes, os réus poderão receber a pena de até 30 anos pelo crime de assassinato triplamente qualificado.

O crime

Conforme informações obtidas durante a sessão do julgamento desta segunda-feira (27), os pais de Lorenzo Andrade de Moraes, morador de Mogi Mirim (SP) com 22 anos a época, informaram o desaparecimento do filho no dia 10 de março de 2014, após o jovem deixar a casa em que residia, informando que iria à casa de um amigo. O jovem não retornou e os pais não tiveram informações sobre o paradeiro do filho, por isso foi feito um comunicado de desaparecimento do advogado.

No dia seguinte, tarde de 11 de março de 2014 após denúncias anônimas, o corpo de Lorenzo foi encontrado em um canavial de Engenheiro Coelho (SP), no Bairro Céu Azul. Haviam marcas de golpe de faca no pescoço e marcas de hematomas na parte frontal da cabeça da vítima, ocasionadas por golpes de caibro de madeira. O caso seguiu em apuração pela Delegacia de Investigações Gerias (DIG) de Mogi Mirim (SP) e, posteriormente, pela Polícia de Engenheiro Coelho (SP).

As investigações apontaram que Maicon Alexandre Bepler e Talita Helena Rodrigues Caetano eram os principais suspeitos do crime, após o pai de Lorenzo entregar a conta de telefone do celular do filho à polícia. Os últimos telefonemas realizados pelo celular da vítima eram direcionados ao celular da ré Talita Helena, o que veio a motivar  o assassinato.

Conforme as declarações sobre o processo dos réus, Lorenzo tinha conhecido Talita aproximadamente três anos antes da morte dele, período em que Talita estava solteira. Após os três anos, ela passou a receber os telefonemas de Lorenzo, mas como já estava casada com Maicon, isso acabou por motivar o ato de ciúmes. Talita negou ter ocorrido romance com a vítima, afirmando ter apenas amizade e conversas por telefone.

Na data do assassinato, Lorenzo se dirigiu à casa de Talita onde – de acordo com o andamento das investigações – foi violentado por Maicon, amordaçado e amarrado. Em seguida, foi colocado no porta-malas do carro, modelo GM/Agile prata. Posteriormente, foram deferidos golpes fatais com uma faca de cozinha no pescoço da vítima, que já tinha sido levada ao canavial. “Eu poderia ter evitado, mas fui fraca e obrigada pelo Maicon a estar junto com ele. Gritei por socorro quando começaram a brigar em casa, mas ninguém apareceu. Não queria que tivesse resultado nessa tragédia” declarou Talita Helena durante a sessão.

As investigações apuraram que Lorenzo foi chamado por Talita a ir até a casa dela, onde a vítima sofreu as primeiras agressões. Posteriormente, Talita esteve junto no caminho até o canavial, mesmo tendo dito em sessão que foi coagida pelo companheiro.

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