17/06/2016

Jovens criam plataforma digital sobre ocupação de escola em Artur Nogueira

Conteúdo multimídia reúne entrevistas, contextualização e panorama geral de ocupações.

Da redação

192 horas. Este foi o tempo que durou a ocupação da Escola Estadual José Apparecido Munhoz, no final do ano passado, em Artur Nogueira. 192 horas é também o nome de um projeto realizado por sete estudantes do curso de Rádio e TV do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP). O trabalho consiste em uma plataforma digital multimídia que traz o histórico dos movimentos de ocupação da instituição estadual do município.

ocupação_37eaac732ddfe4108372fbf1b088e4d2678db243

A ocupação teve início em 26 de novembro e durou até a tarde do dia 6 de dezembro, totalizando dez dias de ocupação. Os protestos, que ocorreram por todo estado de São Paulo, tinham como objetivo principal suspender a reforma na educação proposta pelo governador de São Paulo, Geraldo Alkmin (PSDB). A suspensão foi anunciada no mesmo dia em que o Instituto DataFolha publicou uma pesquisa em que apontou a pior avaliação do governo Alckmin. A proposta de mudança de organização das escolas públicas do Estado, que separaria os alunos de ensino fundamental 1, fundamental 2 e ensino médio em diferentes escolas, teve como índice de reprovação o número de 61% em todo estado. Dois dias depois da decisão do governador de suspender a reforma da educação, os estudantes nogueirenses desocuparam a Escola Estadual José Apparecido Munhoz.

Na plataforma, que pode ser acessada facilmente como qualquer outro site, existem diversos elementos que convergem para o tema da ocupação da EE José Apparecido Munhoz. Com depoimentos de artistas da região, jornalistas e moradores de Artur Nogueira, o projeto conta ainda com uma contextualização histórica do município, traçando um paralelo entre a ocupação com as demais manifestações que ocorreram por todo o país nos últimos anos. Além disso, um infográfico aponta algumas das mais marcantes manifestações que aconteceram no mundo, como o Apartheid (1948-África do Sul), o Movimento Negro (1964-EUA), as Diretas Já (1984-Brasil) entre outros. Uma linha do tempo contendo as principais manifestações e protestos ocorridos no Brasil também está presente na plataforma.

Ocupação (1)_7f54bfcba8e3e88dea76bb289d7f1f609dbdee99

O trabalho, lançado neste final de semana, levou cerca de quatro meses para ser produzido. Renato Sampaio, diretor do projeto, explica um pouco sobre os conteúdos apresentados na plataforma. “Escolhemos o tema pois já iríamos falar sobre manifestações que acontecem na internet e a ocupação da EE José Apparecido Munhoz nos chamou a atenção”, conta o diretor. “O que mais nos chamou a atenção foi o descobrir, de acordo com o que aconteceu na escola, que o poder estava na mão daqueles jovens. Eram todos muito novos, mas também muito engajados. Vemos muitas manifestações no país onde as pessoas mal sabem o que estão fazendo. No caso de Artur Nogueira, vimos que por serem poucas pessoas, todas pareciam muito bem selecionadas, completamente inteiradas e unidas pela mesma causa”, observa Sampaio.

Yan Gustavo, um dos participantes da ocupação, destacou que o projeto ajuda a reforçar a voz da classe estudantil. “Vejo como uma forma de relatar e principalmente dar força ao movimento jovem estudantil , hoje vemos com clareza que muitas vezes não temos voz e muito menos repercutimos perante a sociedade. Muitas vezes somos silenciados e este projeto, ao meu ver, tenta justamente trazer uma outra realidade, uma realidade na qual somos ouvidos e vistos como pessoas e como cidadãos que necessitam de socorro urgentemente”, completou o jovem.

Confira o site do projeto “192 horas” clicando aqui

O Portal Nogueirense, na época da ocupação, publicou um editorial sobre o impacto da manifestação no município, além de cobrir os principais momentos da ocupação.

Leia também

Alunos deixam escola após dez dias de ocupação em Artur Nogueira

Estudantes de Artur Nogueira falam sobre ocupação e reorganização do ensino


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.