29/04/2018

Jovem de Artur Nogueira perde mais de 100 kg com tratamento natural

Bruna Santos Cardoso chegou ao Centro Médico de Vida Saudável (Cevisa) há 10 meses e pesava 280 kg

Alysson Huf

Quem vê a Bruna sorrindo e conversando animadamente com outras pessoas quase não acredita que é a mesma Bruna Santos Cardoso de 10 meses atrás. Naquela época, com 280 quilos e uma saúde à beira do colapso, ela não conseguia se expressar direito. Tinha dificuldades para olhar nos olhos das pessoas, evitava conversas e não ficava feliz em frente ao espelho. Agora, com 104 quilos a menos e um espírito ainda mais leve, a jovem de 27 anos é o reflexo da alegria e um exemplo de determinação.

Mas não foi fácil. “Eu não levava nada a sério, era muito inconsequente. Começava hoje uma dieta e logo parava. Fazia ela por uma semana, mas daí comia normal por um mês. Era assim”, conta Bruna. Essa indisciplina colocou a vida dela em tamanho perigo que foi preciso fazer uma intervenção. E aí entra o Centro Médico de Vida Saudável (Cevisa), de Engenheiro Coelho (SP).

“Ela tinha um risco iminente de vida, podia morrer a qualquer momento, com uma apneia grave ou qualquer evento cardíaco grave”, afirma Elson Nunes, diretor clínico da instituição. Ele conta que ficou sabendo do caso de Bruna por meio de funcionários da Prefeitura de Artur Nogueira e fez uma visita à jovem antes de decidir tratá-la. “Eu fui na casa dela e conheci a situação social, física e emocional para saber se a gente conseguiria tratar ela aqui, se teríamos estrutura para isso”.

Após conhecer as necessidades da moça, residente no Nosso Recanto, em Artur Nogueira, Nunes aceitou pegar o caso dela e levá-la para o Cevisa. Para isso, algumas adaptações tiveram que ser feitas no local para atender Bruna. “Tivemos que adaptar o banheiro e o quarto dela, pois, quando a Bruna chegou, ela quase não se locomovia. Ia só da cama para o banheiro, não tomava banho sozinha, ficava pouquíssimo tempo em pé”, relata o diretor clínico, que também é cardiologista e nutrólogo.

“Cada um tem seu limite, e acho que cheguei no meu. Duzentos e oitenta quilos é muita coisa, eu não estava suportando mais”, conta Bruna, sentada na cama de seu quarto no Cevisa. “Eu não tinha mobilidade, não tinha firmeza. Caía muito, não conseguia firmar meu corpo. Eu tinha que tomar banho sentada, não conseguia fazer minha higiene e dependia de outros”, relembra.

Nunes explica que, no primeiro dia de internação da Bruna, em junho de 2017, não conseguiram levá-la até a piscina, que fica a 200 metros do quarto em que a moça se hospeda. Foram necessários alguns dias para a jovem conseguir chegar ao local – ela caminhava alguns metros, sentava-se numa cadeira que levava consigo, depois caminhava de novo, sentava mais uma vez, até chegar na piscina.

O objetivo de chegar à piscina, obviamente, não era o lazer. Bruna usava o espaço na água para se exercitar, já que nele os movimentos podiam ser executados mais facilmente. “Isso potencializou a perda de peso no início. Ela ficava uma hora, duas horas na piscina, caminhando”, explica o cardiologista. Entre junho e agosto do ano passado, período da primeira internação a jovem, ela perdeu 36 quilos.

Nos primeiros 60 dias em que esteve na instituição, Bruna reaprendeu a se alimentar. Toda sua dieta foi adaptada e, desde então, não comeu mais carne vermelha nem frango. Sua alimentação é rica em frutas e cereais, priorizando sempre os alimentos naturais e integrais. A única carne que ainda come é a de peixe, por causa do Ômega 3. “Mas salada eu não curto, não”, confessa bem-humorada, explicando que gosta muito de leite soja.

Bruna perdeu mais de 100 quilos nesses 10 meses de tratamento, e a mudança física é visível. No entanto, a maior transformação ocorreu dentro dela. No Cevisa, a jovem passou por um acompanhamento psicológico que, somado à perda de peso, restaurou a autoestima e o bom humor dela. Por meio da terapia, Bruna também conseguiu se preparar para a tarefa que mais lhe dava medo: voltar para casa.

O tratamento da nogueirense não se resumiria ao período de internação no Cevisa. Aquele era só o primeiro estágio. Ela teria que volta para casa e, de vez em quando, voltar à internação para um período de acompanhamento mais próximo da equipe médica. E fora do Cevisa, o sucesso de sua recuperação física dependeria quase exclusivamente da disciplina dela – e era isso que a assustava.

“Fiquei com medo de voltar para fora e ter uma recaída. Esse era o meu maior medo”, lembra Bruna. Ela, porém, estava realmente decidida a mudar de vida. “A minha psicóloga aqui me preparou muito bem para sair. Eu saí e tirei de letra”, comemora. Nos dois meses seguintes à primeira internação, ela perdeu mais 20 quilos estando em casa. Depois passou por outro período no Cevisa, seguido por mais um em casa. Essa é a quarta vez que Bruna fica na instituição. Agora, já 100 quilos mais magra.

A jovem, contudo, ressalta que não alcançou esse resultado sozinha. “Esses 104 quilos que perdi têm muito do meu esforço, mas eles [familiares] também são essenciais. Minha mãe faz minha comida toda certinha, meu pai sempre me dá força. A família sempre me apoiou, não tenho do que reclamar”, afirma.

Mudança

“Ela tinha uma limitação enorme. Imagine carregar 100 quilos a mais. Qualquer pessoa que precise carregar 100 quilos não consegue fazer quase movimento nenhum”, comenta Nunes. Com a perda de peso, Bruna recuperou grande parte de sua mobilidade. Hoje, ela consegue caminhar sem ajuda, toma banho em pé e sozinha e não depende de terceiros para realizar sua própria higiene pessoal. Está mais independente e autoconfiante. Mas ainda há um longo caminho pela frente.

“Ela tem mais facilidade de se locomover, mas temos que pensar que ela ainda tem 180 kg, o que ainda é muito peso”, ressalta o diretor clínico do Cevisa. “Ela ainda está sob risco, mas é um risco menor”, acrescenta. Segundo ele, o objetivo é que Bruna chegue aos 100 quilos nos próximos 10 meses e, então, passe por uma cirurgia plástica para retirar entre 15 e 20 quilos de pele.

“Já temos uma parceria para ela fazer a cirurgia. Vamos acompanha-la até chegar no peso ideal. Na hora que ela alcançar a saúde, tiver uma atividade física, uma vida de qualidade, ter uma vida normal, daí vamos dar suporte só no que for preciso. Acredito ela conseguirá seguir adiante por si mesma”, explica Nunes.

Na tarde desta quinta-feira (26), funcionários do Cevisa que acompanham Bruna há quase um ano fizeram uma surpresa para ela. Prepararam um bolo vegano, velas e balões para comemorar os 100 quilos perdidos pela jovem. Ela adorou. “Eles aqui são uma segunda família. São muito bons, são seres humanos extraordinários, não tem o que falar de quem trabalha aqui. É da recepção, cozinha, enfermagem, médico… todos são pessoas maravilhosas, gostei muito de conhecer eles”, afirma.

Bruna agora sorri com facilidade, recuperou a autoestima e até tem investido em brincos – uma paixão antiga dela. E essa alegria toda, segunda a jovem, é consequência de ter feito uma escolha no momento mais crítico que já enfrentou. “A gente tem que ter responsabilidade, saber o que quer da vida. Eu não queria morrer. Eu escolhi viver”, conclui.


Relembre o início do tratamento de Bruna no vídeo abaixo:

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