18/10/2014

Jovem bate carro em viatura da PM após ser multado em Artur Nogueira

Estudante afirma ter sido vítima de abuso de autoridade antes da colisão; Polícia Militar relata que agiu de acordo com a legislação de trânsito

Colisão

Um jovem de 19 anos bateu o carro que dirigia em uma viatura da Polícia Militar no início da noite da última sexta-feira (17), em Artur Nogueira. O fato aconteceu após o estudante Gabriel de Moraes Rodrigues, que dirigia um VW/Golf, ser parado e multado minutos antes pelos mesmos policiais da viatura.

A colisão aconteceu às 18h10 na Rua Duque de Caxias. Após a primeira batida, o veículo bateu uma segunda vez na viatura, resultando duas colisões.

O tenente Renan Alcântara afirmou que viu o carro batendo na viatura. “Estava deixando o pelotão quando vi o ocorrido. Já de início virei a viatura que estava e fui prestar o eventual socorro aos policiais e a quem estava no veículo. Para a minha surpresa, a partir deste momento o cenário que era até então um acidente de trânsito passou a indicar que se tratava até de um atentado a integridade física dos policiais militares. Eu estava caminhando sentido ao apoio quando notei que o indivíduo desceu e foi ao encontro de um dos policiais militares, deu um golpe, arremessou ele para o alto e depois para o chão e deu uma ‘gravata’ no policial militar. O parceiro do policial foi ao encontro. Coincidentemente, uma outra viatura estava passando pelo local e parou para ajudar. Em um cenário onde quem estava olhando de fora pode até parecer que era uma briga ou que os policiais estavam agredindo o rapaz, mas na verdade os policiais estavam tentando livrar o policial que estava com uma chave de braço. Provavelmente, esse indivíduo é um lutador. Pelo cenário que eu notei, ele [o estudante] deve ser praticante de alguma arte marcial”, afirma o tenente da PM de Artur Nogueira.

Por outro lado, Gabriel relata que vem sofrendo abuso por parte dos mesmos policiais, quando foi abordado em outra ocorrência na última terça-feira (14).

Sobre a colisão contra a viatura nesta sexta-feira, o estudante disse que não foi intencional. “Eles me pararam e revistaram meu carro. Fizeram coisa que até não tem necessidade, como pedir para espirrar o limpador do para-brisa para ver se estava funcionando. Meu carro estava tudo certo, mas eles prenderam meu documento por causa do extintor. Eles prenderam meu documento, mas não informaram mais nada. Saíram com a viatura e eu fui atrás deles para perguntar sobre o documento, se eles tinham se esquecido de devolver, quando eles frearam muito bruscamente a viatura e eu não consegui parar. Bati na viatura, mas não foi intencional. Não sei o porquê, talvez pelo carro estar engatado, o veículo bateu de novo. De imediato eu desci com a mão na cabeça e eles, com armas em punho, vieram gritando comigo e começaram a me bater. Não agredi o policial. Fiquei com as mãos para o alto e eles me jogaram no chão e começaram a me bater. Só pararam de bater quando o tenente chegou”, afirma Gabriel.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado na terça-feira, o estudante foi parado naquele dia pelos mesmos policiais por dirigir outro carro, um Honda/Civic, “em alta velocidade, realizando derrapagens, manobras e frenagem brusca”.

Na ocasião, os policiais fizeram a abordagem e não encontraram nada de ilícito. O boletim ainda relata que o jovem “começou a ameaçar um dos policiais com palavras do tipo ‘isso não vai ficar assim’ e com gestos”. Gabriel foi algemado e conduzido até a delegacia.

O estudante nega que foi violento e que ele foi a vítima. “Eu dirigia o carro da minha mãe, quando os policiais me pararam. Desci e fiquei com a cabeça abaixada. Um dos policiais disse ‘você está cansado bonequinha?’ e nisso o outro PM deu um tapa no meu peito. Me algemou e me jogaram dentro da viatura. Me insultaram com várias palavras. Tenho problemas de respiração, renite alérgica, fiquei duas horas dentro da viatura na Delegacia. Comecei a passar mal. Meu pai, que chegou após eu chamar, pediu para eles abrirem a viatura, mas eles não abriram. Só abriram quando outro cabo interviu. Depois me levaram no Pronto-socorro, algemado, me fizeram passar vergonha, me levaram arrastado sendo que eu não tinha feito nada. Alegaram direção perigosa. Falaram que eu ‘fritei’ pneu, só que o carro da minha mãe é automático, não tem como eu segurar a marcha. Depois de horas eu fui liberado”, relata Gabriel.

A família do estudante foi até o pelotão da Polícia Militar no dia seguinte, quarta-feira (15), relatar o ocorrido.

O tenente Alcântara afirma que é comum a prática da abordagem de veículos pelos mesmos policiais. “Vale ressaltar que há uma fixação de um número não expressivo de policiais militares em Artur Nogueira, isso tudo dentro de um planejamento, não que há um déficit, mas pelo tamanho da cidade, nós não temos um grande número de policiais. Então, não significa necessariamente, embora tudo será apurado, que um indivíduo hoje que comete uma infração de trânsito, que depois de dois dias se ele cometer outra, não será difícil ele ser abordado pelos mesmos policiais. Toda a alegação de que se há perseguição será devidamente apurada”, afirma o tenente.

Após a colisão na viatura nesta sexta-feira, Gabriel foi preso em flagrante. O delegado Dr. Fernando Fincatti Periolo arbitrou fiança criminal no valor de 5 salários mínimos, que foram pagos. O estudante foi liberado em seguida.

A Polícia Civil investigará o caso.

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