19/09/2014

Incêndio destrói 40 hectares de terra na zona rural de Artur Nogueira

Árvores frutíferas, mata ciliar, cana de açúcar e pastos foram atingidos pelo fogo

Por Isadora Stentzler

Um incêndio destruiu cerca de 40 hectares de plantações na zona rural de Artur Nogueira na última terça-feira (16). O fogo começou pela manhã e só foi contido pela Brigada de Incêndio depois das 17 horas. Para o dono de uma das terras atingidas, o incêndio foi criminoso e prejudicou cerca de dez produtores agrícolas do município.

A Brigada de Artur Nogueira chegou ao local próximo do meio-dia com três brigadistas. De acordo com a Brigada, um caminhão da Usina Ester também foi deslocado para a área.

Segundo o dono de uma das terras atingidas, Edson Croife, o fogo começou na cerca do sítio que possui, onde havia um montante de palha. “Acho que alguém jogou um fósforo aceso ali e com isso causou o incêndio”, acusa. Devido ao vento e o clima seco, o fogo atingiu a terra do vizinho e a mata ciliar, no entorno das terras de Croife. “Quando eu vi o fogo fiquei muito assustado e vendo agora tudo o que aconteceu fico muito mais”.

IMG_0539

A Brigada não sabe as reais causas do incêndio, mas não descarta a ideia que um pequena fogueira, feita com o intuito de limpar o local, tenha se alastrado pelas plantações. Até agora nada foi confirmado.

O sítio de Croife, onde ele planta árvores frutíferas e de espécies exóticas, fica ao lado direito da estrada municipal 142, que leva à zona rural do bairro São Bento. Mas como o vento vinha do sul, as labaredas atingiram o outro lado da rua onde mais terras foram queimadas.

IMG_0552

O pedreiro Frederico Pulz, que trabalhava em uma obra nesta área, percebeu o fogo às 15 horas. “Eu vi quando o fogo estava ao lado da casa”, aponta para o muro que divide seu local de trabalho com a plantação de lichia – árvore que produz uma fruta avermelhada – totalmente queimada. “As labaredas eram muito altas, cheguei a pensar que fosse atingir a casa”.

IMG_0497

Os prejuízos ainda não foram contabilizados, mas estima-se que 40 hectares, o equivalente a 40 campos de futebol, foram destruídos. Somam-se às perdas plantações de cana, plantações de lichia, manguezais, mata ciliar e pastagens de cerca de 10 produtores agrícolas.

Questão ambiental

No caso de Croife, apesar do fogo ter começado próximo à sua propriedade, não houve muitas danificações. “Eu tenho mais de mil árvores plantadas aqui, mas o fogo só atingiu uma muda. A sorte foi que quando o fogo estava chegando nas árvores os brigadistas apagaram”, conta. “Mas se tivesse acontecido algo a elas acho que eu teria infartado”.

Essa preocupação existe porque Croife planta árvores há 15 anos. Não para vender, mas pela necessidade de se ter árvores. “Hoje só estão desmatando o meio ambiente, por isso estamos com esse calor terrível, com falta de chuva. Por que é que na Amazônia chove e aqui não? Porque lá tem árvores e aqui está um deserto. As pessoas só pensam em desmatar, desmatar e desmatar. Assim tento fazer minha parte”, critica.

De acordo com estudos científicos, matas fechadas são capazes de produzir chuvas uma vez que lançam vapor d’água na atmosfera por meio da transpiração das árvores, aumentando assim a umidade do ar e a formação de nuvens. A precipitação só varia conforme as condições climáticas do local.

No caso da Amazônia, o Experimento Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia mostrou que o desmatamento de uma área de 2000 km², por exemplo, provocou uma redução de 10 a 15% na quantidade de chuva naquela região.

Em Artur Nogueira, Croife estima que cerca de 5 mil árvores foram queimadas na terça-feira.

O produtor também calcula que nesses 15 anos plantando árvores já investiu mais de R$ 10 mil em mudas. Mas ao saber do incêndio, não foi nesse prejuízo que pensou. “R$ 10 mil em dinheiro queimado não chega nem perto de R$ 10 mil em árvores queimadas”. É que uma árvore, dependendo da espécie, ainda é uma jovem aos 15 anos. Mas esse crescimento é variado, para umas pode ser de sete anos, como eucalipto que nesta idade já está bom para corte, e outras 30 anos, como o carvalho.

Outra preocupação é o equilíbrio do ecossistema, já que as árvores da mata ciliar perdidas serviam de abrigos para os animais que circulavam na região.

Alerta

A Brigada informou que é comum acontecerem focos de incêndio nesta época do ano. Por isso se deve evitar atear fogo em qualquer lugar para a limpeza de áreas já que o clima seco propicia incêndios como este no bairro São Bento. Na terça-feira, outros quatros focos de incêndio foram registrados e combatidos em Artur Nogueira.

IMG_0548 IMG_0531 IMG_0528 IMG_0527 IMG_0518 IMG_0510 IMG_0502


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.