23/12/2011

Homem é sepultado após 23 dias de sua morte

José Silva estava desaparecido. Corpo foi localizado pela própria família

Alex Bússulo

Na noite de quarta-feira, 23 de novembro, José Wellington da Silva, de 27 anos de idade, saiu de sua casa no Coração Criança, em Artur Nogueira, para comprar cigarros e não voltou mais.

No dia 26, Gilmar Felix da Silva registrou o Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Artur Nogueira, comunicando o desaparecimento do irmão. A partir daí a família começou, por conta própria, buscar o paradeiro de José. “Procuramos por todos os lugares sem ajuda de ninguém. Fomos todos os dias até a delegacia, mas nunca havia novas informações sobre o caso”, afirma Gilmar.

A família continuou a procurar sem resultados até o dia 12 deste mês, quando conseguiu a informação que finalmente resolveria o mistério. A mãe do desaparecido, Rosa da Silva, suspeitando que seu filho pudesse ter caído em um poço próximo a sua casa chamou a Polícia Militar para realizar a verificação.

A PM acompanhou a senhora até o local indicado, mas devido a profundidade do poço, não pode fazer a verificação. Após a mãe passar as características do filho, um dos policiais, que participava da conversa, comentou que as características do desaparecido coincidiam com as de um homem que foi vítima de um acidente de trânsito em Artur Nogueira e que havia sido transferido para o hospital da Unicamp em Campinas.

No mesmo dia da informação, a família se deslocou até o hospital e recebeu a confirmação de que um homem desconhecido, socorrido em Artur Nogueira, havia dado entrada, mas que horas após o acidente veio a falecer.

A família foi realizar o reconhecimento e identificou o corpo do parente até então desaparecido.

José Silva foi vítima de um atropelamento na SP 332 Km 153, próximo a entrada da cidade, vindo sentido do município de Limeira. José foi atropelado por uma camionete dirigida por um agricultor de Engenheiro Coelho. Segundo relatado no Boletim de Ocorrência, o motorista afirmou que a vítima estava andando no meio da pista quando o acidente aconteceu.

José estava sem nenhum documento de identificação e foi imediatamente transferido para a Unicamp, onde faleceu às 5h40 do dia 24 de novembro.

No dia 12 de dezembro, quando foi descoberto o que havia acontecido, a família deu entrada ao processo para conseguir a liberação do corpo para o sepultamento. Depois de muitas tentativas e com ajuda de autoridades de outras cidades, o corpo de José foi liberado e sepultado no último sábado, dia 17 de dezembro, no Cemitério Municipal de Artur Nogueira.

A equipe do Jornal Nogueirense procurou respostas para conseguir entender o motivo que ocasionou a demora de 23 dias até o sepultamento de José.

A Polícia Civil informou que todos os casos de desaparecimentos são enviados para uma rede, que liga todos os casos do tipo, e que comunica quando surge alguma informação do desaparecido. “Essa é uma ação de praxe. Não tem como sairmos à procura de desaparecidos, uma vez que não há nenhuma pista. O que fazemos é a comunicação na rede e quando surge algum indício vamos apurar”, afirma o delegado de Artur Nogueira, Dr. José Donizeti de Melo.

A Unicamp informou que a partir do momento em que um paciente morre a responsabilidade é transferida para o setor dos Serviços Técnicos Gerais (Setec) de Campinas, que é responsável pelo atendimento funerário no caso de falecimentos ocorridos em Campinas e região.

Por sua vez, o Setec informou que a autarquia apenas transfere o corpo e que a responsabilidade de encontrar por familiares é do Instituto Médico Legal (IML) de Campinas.

Já o IML, informou que não tem a missão de procurar por familiares e que é responsável pela necropsia e pelo armazenamento em geladeira do corpo, até que a justiça determine o futuro do cadáver, que pode ser sepultado como indigente.

O delegado de Artur Nogueira ainda afirma que pode ter ocorrido uma falha no não cruzamento de informações dos boletins do acidente com o do desaparecimento. “Nesse caso poderíamos ter realizado o cruzamento de informações, mas é de se entender também que existem uma infinidade de boletins e uma prioridade dos policiais nos casos de roubo e tráfico de drogas”, conclui Dr. Donizeti.

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