08/08/2015

Flávio e Marly Sia compartilham história de amor e revelam: “o segredo é o respeito”

Casal é o protagonista da declaração fixada na principal avenida de Artur Nogueira. Flávio e Marly são donos das lojas Jamar e criadores do Cartão Sia Net e dão uma bela lição de vida

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Entrevista: Alex Bússulo / Texto: Isadora Stentzler / Fotos: William Alexandre 

Essa história de amor começa em uma cidade chamada Itaí, no interior de São Paulo. O jovem Flávio acompanhou a mãe em um baile de Carnaval que acontecia na cidade. No final da festa, dona Aurora pediu: “Flávio, já está tarde, vamos embora”. O filho atendeu ao pedido e da festa saiu. Mas o destino já estava traçado. Ao passar pela porta viu Marly. Menina morena, de pele alva, olhos escuros e amendoados. “Quem é ela, Deus?”. Queria de pronto saber. Ele tinha 19 anos. Não estava na cidade natal e queria viver um amor. Imediatamente levou a mãe para casa e voltou às pressas para o baile. Queria conhecer aquela mulher. O nome seria só um detalhe que se confirmaria depois. Naquela noite dançaram, ficaram e, se acreditar em amor à primeira vista, eis a vida de Marly e Flávio Sia, juntos há 45 anos.

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Casamento de Flávio e Marly, há 45 anos

O Portal Nogueirense conta agora a história de amor, união, respeito e trabalho deste casal, que chamou a atenção nesta semana com uma surpreendente declaração de amor no centro de Artur Nogueira. Juntos, eles construíram uma bela família e uma grande empresa com filiais em várias cidades.

Em dezembro de 2015 celebrarão a união que aconteceu em outra cidadezinha, Santa Helena de Goiás. Era 1973, ano em que também nasceu o primogênito do casal. Mas ao que soa como conto é um romance dos sólidos, que poderia até virar livro.

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O casal com o filho Marcos

Flávio diz que veio de um lar destruído. Porque família que se separa, se destrói. Os pais dele se separaram quando ele tinha apenas 12 anos. Eram todos de Artur Nogueira. Mãe, pai, filhos. Mas dividiram-se. A metade que seguiu com a mãe, dona Aurora, parou em Itaí. Arrumou um cantinho e por lá se estabilizou. Seis anos na lida. Deu para comprar fazenda em Santa Helena de Goiás e depois de novo se mudar. Já com Marly junto.

O namoro dos dois era coisa fina. Bonita. Que trouxe ao mundo o Marcos Flávio. Nascido nas bandas de Santa Helena de Goiás. Depois dele, Marly e Flávio formalizaram a união com uma cerimônia. Ainda tiveram a Janaína. Então vieram para Artur Nogueira.

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Os filhos Janaína e Marcos

Marly era filha de comerciantes e seu Flávio era, digamos, um corajoso. Nunca teve um negócio, mas para andar ao pé da experiência da esposa estava a fim de empreender. Começaram com um bar. O Antártica, ainda hoje no centro de Artur Nogueira. O negócio foi um sucesso, mas o casal buscava mais.

Aí, na esquina da Rua Sete de Setembro com a Fernando Arens, tinha um prédio. Ponto bom, mas muito diferente do que é hoje. Na época era açougue, mercado. Lugar válido para recomeçar. Venderam o bar e compraram o prédio. Se foi o açougue e o mercado. E o que se abriria?

Os dois, que sempre foram de conversar, desconhecidos do que é fazer algo solo, tomaram a decisão. “Aqui vamos fazer nossas vidas juntos. Criaremos nossa família para sempre” disse Flávio.

Já era 1989 e resolveram transformar o ponto em uma loja de pneus e autopeças. Era isso! Reformaram o local. Pensaram em muitas coisas. Mas planos que se frustram, a ideia não vingou. De novo, voltaram às conversas. Roupas. Sapatos… Sapatos! Um dos irmãos de Flávio teve por doze anos uma loja de calçados. E pelo que lhe parecia o irmão tinha ido bem nos negócios. Então, Flávio e Marly arriscaram. Para a loja o nome Jamar. “De JAnaína e MARcos.”

Mas eram tempos difíceis. Marly tomava muito à frente e a década de 80 era mais machista. “Uma mulher? Empreendedora?” Havia preconceito. Além disso, não foram tão dourados os primeiros anos, já que na região havia uma grande loja de calçados, o que intimidava os fornecedores externos. Seu Flávio contou ouvir de “não podemos vender para você”, até “nem à vista venderemos para você.” Nos fornecedores eram conhecidos como os concorrentes e por isso não recebiam a mercadoria que queriam. E para revenda de calçados era preciso comprar a preço de custo, não de venda. Isso porque o casal sempre prezou pela transparência e coerência das coisas. Mas como diz seu Flávio, “Deus faz as coisas na hora certa”.

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Com um pouco de persuasão e pulso firme conseguiram um fornecedor. Ali foram 12 pares pagos à vista para a recém-loja de Artur Nogueira. Hoje, após quase três décadas o casal é proprietário de oito lojas na região.

Sagazes, aprenderam com as coisas da vida. Como se cada experiência fosse uma oportunidade.

Em 2010, quando Flávio passou pela cancela de um estacionamento, recebeu um cartão magnético e não um tíquete. Em casa, com a família, a conversa foi outra sobre aquele retângulo de acrílico:

– E se a gente fizesse um assim para a loja? – perguntou ao filho.

– Mas o que seria isso?

– Como se fosse um cartão de crédito, mas que substituiria os carnês da loja.

– Hum… Parece uma boa ideia. Vou ver como fazer isso.

Da troca de ideias em família nasceu o cartão Sia Net. Hoje aceito em mais de mil lojas e que seu Flávio quer levar ao Banco Central para dar possibilidade de abertura de crédito.

“A gente viu esses 45 anos passarem. A gente presenciou. A gente viveu”, diz seu Flávio sobre a história da família.

Há uma semana ele quis dar testemunho disso e lá na fachada da loja Jamar, em vez do nome da empresa, declamou em letras graúdas para de longe se ler: “Marly, obrigado pelos nossos 45 anos juntos. Te amo!!” e um coração. Tudo escrito em branco em uma enorme faixa. “Coragem? Não existe coragem. Eu acho que é a vida da gente. Eu já queria mesmo fazer uma homenagem. Isso para mim é muito importante. Ela representa a minha vida. Se a gente viveu 45 anos juntos é porque um completa o outro em tudo. Com altos e baixos. Mas com diálogos”, diz emocionado.

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Dona Marly não sabia da homenagem. Tudo foi feito às escondidas. Após a faixa ser erguida, Flávio mandou uma mensagem para a esposa, que estava em casa. “Fiquei surpresa. Ele sempre foi um homem romântico… mas desta vez me deixou sem palavras. Foi lindo”, diz a esposa que ainda retribui o carinho: “Eu não saberia viver sem ele. Sempre nos demos muito bem”.

O segredo disso para o casal é o amor diluído em respeito, companheirismo, conversas. E fé. Levada a cabo nos negócios a ponto de não permitirem uma loja abrir sem uma meditação e uma palavra com Deus. Para a família de posses, isso muito importa. Pois no que diz respeito às riquezas amontoadas, nem de longe é o mais importante.  “O dinheiro não faz a felicidade da pessoa. É o que ela sente e o que ela vive. Lá atrás, quando eu administrava uma fazenda, tinha peão que não tinha nada, mas que era feliz e vivia como um casal feliz”, conta Flávio.

Aos casais novos é ela quem dispara: “Terminam os relacionamentos porque não levam a sério. Casam, mas sem compromisso. Querem tudo do jeito deles. Cada um tem que ceder um pouco. Senão não dá pra viver. Na primeira briga já querem ir embora”.

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Flávio e Marly são apaixonados. Exemplo de amor, respeito e família. Ainda se olham como se estivessem naquele baile de Carnaval em Itaí. Se abraçam. E deixam esse testemunho na avenida principal. Para todo mundo ver.


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