03/12/2016

Família ocupa Escola da Ponte de Tábua em Artur Nogueira

Local está abandonado desde 2009

Texto: Daniela Fernandes / Fotos: Michael Harteman

Cedenilda com tristeza no olhar recebe cordialmente a equipe do Portal Nogueirense na Escola Municipal Luiz de Mello em Artur Nogueira, antiga Escola da Ponte de Tábua. A desolação advém da atual situação familiar e financeira da desempregada. A mulher, de 36 anos, desde quarta-feira (30) está morando com sua família na unidade estudantil que se encontra abandonada às margens da Rodovia dos Agricultores. Ao todo são seis pessoas residindo em um local sujo, sem iluminação elétrica e próximo a uma estrada. Segundo ela, é impossível dormir, pois a preocupação com os filhos não permite qualquer tipo de descanso.

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“É meio difícil né? Não temos energia elétrica e as crianças estão muito incomodadas”, relata Cedenilda, mãe de 5 filhos. Questionada sobre o motivo de estar vivendo em tais condições insalubres, ela explica que além de estar com sua casa destelhada em Boa Esperança, ainda enfrenta dificuldades com o Conselho Tutelar. “Minhas filhas adolescentes começaram a dar trabalho. O Conselho Tutelar permitiu que uma delas morasse com outra família, mas acabou aprontando demais. Voltou para a casa e, desde então, o conselho pega no meu pé, pois a menina não quer fazer nada e muito menos ir à escola”, desabafa. Uma de suas filhas tem 15 anos e a outra, 13 anos.

Além das duas meninas, há outros dois pequenos que por não entenderem da situação da família mantêm a inocência natural de uma criança. A menina de 5 anos corre de um lado para o outro sorrindo e brincando com os entulhos que compõem o cenário da escola. Já o filho menor, de 1 ano, dorme tranquilo em uma das antigas salas da edificação. Segundo a mãe, o Conselho deseja tomar a guarda destes.

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Com o esposo trabalhando em um sítio próximo a escola, Cedenilda conta que durante o dia tenta alimentar os filhos e amenizar um pouco a dor dos mesmos. “Felizmente, recebemos a ajuda de algumas pessoas. A Guarda nos trouxe algumas coisas”, afirma com a voz mais esperançosa. Rodrigo Lucas Ortiz foi um dos que prestaram auxílio. O guarda municipal se sensibilizou com o estado das crianças e decidiu, juntamente com outros colegas de trabalho, levar comida para a família. “Com a ajuda de alguns comerciantes, arrecadamos alimentos, roupas e fraldas descartáveis. Eles ficaram muito contentes”, diz. E acrescenta, que ficou sabendo do caso após uma denúncia e um pedido de apoio. “Pretendemos fazer uma campanha em redes sociais para arrecadar alimentos e fundos que ajudem no sustento temporário da família”, finaliza.

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A história da escola negligenciada – antiga Escola da Ponte de Tábua – data desde 1966. Com o tempo, passou por reformas e até mudou de nome, época em que recebeu milhares de alunos da comunidade rural. Contudo, o momento passou e, hoje, a unidade escolar se encontra em estado degradante. Cedenilda não escondeu que não pretende continuar por muito tempo no local. “Foi uma medida de desespero, falta de opção. Gostaríamos muito de voltar a morar em uma casa normal”, conclui.

Até o fechamento dessa matéria não conseguimos falar com o Conselho Tutelar e a Assistência Social da cidade.

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