04/12/2015

Estudantes de Artur Nogueira comemoram suspensão da reorganização escolar

Alckmin suspendeu a decisão após série de protestos e ocupações no estado.

Por Isadora Stentzler

O governador Geraldo Ackmin (PSDB) suspendeu a reorganização escolar no estado de São Paulo. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira (4), após uma série de protestos e ocupações de estudantes contrários à medida. Os alunos da escola José Apparecido Munhoz comemoraram a decisão e disseram que devem desocupar a escola até o próximo domingo (6).

Durante uma coletiva de imprensa Alckmin disse que a ação será suspensa, mas não cancelada. “Nós decidimos adiar a reorganização e discuti-la escola por escola, com a comunidade, com os estudantes e em especial com os pais dos alunos”. Ele manteve a posição que vê benefícios na medida e disse que voltou atrás devido ao apelo dos estudantes. Alckmin não fez referência aos protestos. “O ano de 2016, que seria o ano de implantação, será o ano de diálogo”, frisou.

Clique no play abaixo e ouça o discurso na íntegra:

Com a suspensão os alunos das escolas afetadas com a medida não precisão fazer as transferências e poderão se manter nas mesmas instituições.

A reorganização anunciada em setembro iria fechar 96 escolas do estado e transformar outras 754 em ciclo único.

CAPA

Na ocupação em Artur Nogueira pais e estudantes se uniram para comemorar a revogação. Ao todo cerca de 100 pessoas se concentraram na escola. “Isso foi o início para uma nova educação”, comemora a estudante do terceiro ano do Ensino Médio Kiara de Queiros Santory. “E para todo mundo que falou que não conseguiríamos, a gente conseguiu!”

O pai da estudante, Macedonio Sartori, de 58 anos, que esteve desde o primeiro dia na ocupação estourou alguns rojões ao lado do vereador Amarildo Boer e de outro pai. Para Sartori o momento é histórico e mostra a importância das cidades de interior se engajarem nas lutas do movimento estudantil. “Esses estudantes assinaram o primeiro capítulo da educação de Artur Nogueira”, frisou. “A gente não concorda com os políticos então temos que formar os novos políticos, e eles estão aqui. E a nossa vitória como pais é saber que estamos formando jovens formadores de opinião que lutam pelos seus direitos e não aceitam as coisas de mão beijada.”

Durante o último mês, mais de 200 escolas do estado de São Paulo foram ocupadas pelos estudantes como forma de protesto. Em Artur Nogueira a escola José Apparecido Munhoz foi ocupada na quinta-feira (26) à noite e completou nesta sexta-feira (4) oito dias.

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Reprovação

A suspensão é anunciada no mesmo dia em que o instituto DataFolha publicou uma pesquisa em que aponta a pior avaliação do governo Alckmin. Segundo o instituto, a reprovação atingiu 30% em novembro, contra 24% em fevereiro deste ano. A aprovação teve queda ainda mais acentuada no mesmo período: passando de 38% para 28% o índice dos que o avaliavam como ótimo ou bom. Outros 40% consideraram o atual governo paulista regular (ante 36% em fevereiro), e 2% preferiram não opinar sobre o assunto.

No histórico de avaliações do Datafolha, o índice atual de reprovação de Alckmin está entre os mais altos já registrados desde 1990, sendo superado somente por avaliações negativas da gestão de Mário Covas registradas entre junho de 1999 e dezembro de 2000 (em junho de 2000, a reprovação ao governo Covas atingiu 43%, a pior já registrada).

A pesquisa também revelou que a maioria dos paulistas desaprova a proposta de mudança de organização das escolas públicas do Estado, que separaria os alunos de ensino fundamental 1, fundamental 2 e ensino médio em diferentes escolas. Seis em cada dez (61%) são contra a separação das escolas públicas do Estado por ciclos de ensino, 29% são a favor, 3% indiferentes e 8% não souberam se posicionar.

Também é a maioria a quantidade de paulistas a favor das ocupações das escolas estaduais. A pesquisa revelou que 55% apoiam a ação dos alunos, 40% não, 2% são indiferentes e 4% não se posicionaram.

Na tarde de quinta-feira o Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação civil pública com pedido de liminar contra a Fazenda Pública do Estado pedindo a suspensão da reorganização escolar proposta pelo governador Geraldo Alckimin (PSDB) em setembro deste ano.

No final de novembro o MP já havia ajuizado duas ações civis públicas com pedido de liminar pela suspensão da reorganização das escolas estaduais das cidades de Agudos e Presidente Prudente.


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