14/09/2013

Érico e Olga Conti dão lição de união, relacionamento e religiosidade

Conheça a história do casal nogueirense que contribui, voluntariamente, há 43 anos com a Paróquia Nossa Senhora das Dores

Casal“A Igreja deve ser a segunda casa da família” (Érico e Olga)

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Texto: Alex Bússulo / Produção: Rafaela Martins / Fotos: Gregory Pereira

Neste domingo, dia 15 de setembro, comemora-se o Dia da Padroeira de Artur Nogueira Nossa Senhora das Dores. A paróquia localizada no centro do município leva o nome e a mensagem da santa há quase 79 anos.

Ao longo dos anos, muitas pessoas passaram e contribuíram voluntariamente para transformar a Matriz no que ela é hoje. Entre essas pessoas está o casal nogueirense Olga e Érico Conti. Ela com 78 anos de idade, ele com 83. Juntos, se dedicam há 43 anos em prol da comunidade católica.

Os dois nasceram em Capivari/SP. Cresceram e estudaram na mesma cidade. “Sempre nos encontrávamos no caminho da escola. Mas, só fomos nos interessar um pelo outro alguns anos depois. Naquele tempo era comum os jovens passearem pelos jardins e praças. Os homens ficavam de um lado e as mulheres do outro. Era bem diferente dos dias de hoje. O namoro, por exemplo, acontecia somente com os olhos. Em nosso caso, ficávamos flertando [risos]” conta dona Olga.

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Seu Érico também relembra o começo do namoro. “Eu ia na casa do meu futuro sogro de terno e gravata. Namorava a Olga debaixo dos olhos dele. Quando resolvíamos passear tínhamos que respeitar os horários estipulados, que muitas vezes não podia passar das nove horas da noite”, conta Érico.

No período que estavam namorando, tanto Érico quanto Olga se formaram no Magistério e começaram a trabalhar como professores, dando aulas em escolas estaduais. Após cinco anos de namoro, o casal decidiu partir para o casamento. A cerimônia aconteceu na Igreja Matriz São João Batista, em Capivari, no dia 20 de julho de 1957.

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Logo após o casamento, devido a uma transferência de Érico, o casal se mudou para Juquiá/SP, no litoral sul, onde ficou por três anos. Foi após esse período que Érico e Olga se mudaram para Artur Nogueira. “Nunca tinha ouvido falar de Artur Nogueira. Fui descobrir quando fui transferido para a diretoria de ensino de Campinas. Lembro-me que após o concurso olhei no mapa e vi aquela cidadezinha pequenininha e decidi me mudar para cá. Em 1961 nos mudamos para uma área de Artur Nogueira onde, hoje, pertence ao município de Engenheiro Coelho e comecei a dar aulas na Escola Estadual Antônio Alves Cavalheiro”, relembra Érico.

O casal teve três filhas: Maria Nilce, Silvia e Ângela. “Nossas três filhas nos deram cinco lindos netos. Nossa família é a coisa mais importante que Deus nos deu”, afirma Olga.

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Os dois se recordam que as missas de antigamente eram bem diferentes das dos dias atuais, tanto em Artur Nogueira como em qualquer outro lugar. As celebrações eram realizadas em latim e o padre celebrava de costas para os fiéis. “Confesso que íamos à missa por ir, quase por obrigação, pois não entendíamos muito o que o próprio padre falava. Lembro também que para receber a comunhão tínhamos que confessar os nossos pecados. Isso tinha que acontecer, sem exceções, todas as vezes!”, conta a aposentada.

Segundo o casal, as celebrações foram assim até o ano de 1965, quando finalizou o Concílio Vaticano II, que representou uma verdadeira revolução na Igreja Católica Romana. “Depois desta mudança nos sentimos mais dispostos em participar das atividades da Igreja, que até então era algo bem fechado. Recebemos um convite de um amigo e, ao lado do Monsenhor Edson, participamos de um cursilho [encontro eclesial de evangelização cristã] em Araras. Participamos por três dias. Quando terminamos já saímos com um propósito, uma missão: ajudar a construir uma Igreja mais aberta e presente na vida do povo. De lá para cá nunca mais nos desligamos da Paróquia Nossa Senhora das Dores”, conta dona Olga.

E não se desligaram mesmo. Já são 43 anos de dedicação e comprometimento do casal. Sempre um acompanhando o outro, Olga e Érico dão muito mais do que uma lição de religiosidade e amor. Os dois passam valores de respeito, família e a importância da fé em nossas vidas.  “A fé na vida de uma pessoa é tudo. Se a pessoa tem fé ela vive, se ela não tem fé ela simplesmente não tem forças para viver. A fé nos dá forças para enfrentar as adversidades da vida. Quando perdemos um ente querido, ou passamos por outras dificuldades, a fé em Deus e os exemplos deixados por Jesus nos motivam a erguer a cabeça e continuar a nossa jornada. A fé é a esperança de que dias melhores sempre virão”, conta a esposa de Érico.

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Logo após o Concílio Vaticano, o casal se pós à frente da organização do Curso de Noivos, um encontro no qual os futuros casados recebem várias orientações, como respeito conjugal, cumplicidade e sexualidade. Érico e Olga ficaram à frente da coordenação do curso por 17 anos, o que os levaram a dar muitos conselhos para os jovens casais. Depois deste período, o casal, não mais na coordenação, continuou sua participação através de apresentações de palestras.

Além de orientadora, Olga foi uma das primeiras a organizar as aulas da catequese para os nogueirenses. “Algumas décadas passadas, quando as irmãs que davam as catequeses foram embora eu e a dona Cidinha [Maria Aparecida Stahl Cardoso] começamos a dar às aulas. No começo o encontro era voltado somente para as crianças, depois de algum tempo começamos a ministrar também para os jovens. Para mim sempre foi muito prazerosa essa atividade”, afirma Olga, que foi catequista por dez anos.

Foram muitas as atividades que envolveram este casal nogueirense. Estiveram presentes em diversos momentos importantes da Igreja. Mesmo com as atividades profissionais encerradas, a participação na paróquia não acabou. Até janeiro deste ano, os dois atuaram como ministros da Eucaristia, inclusive levando a comunhão para doentes e idosos de Artur Nogueira. Hoje, dona Olga, continua responsável pela liturgia das quintas-feiras e, ao lado do marido, coordena a Pastoral da Saúde, estando também sempre presente nas leituras litúrgicas.

A união do casal é tão forte que é tida como exemplo por muitos. “O homem tem que apoiar sua esposa e a mulher tem que apoiar o seu marido. O segredo é a integração. Um sempre ajuda e completa o outro. Quando um não está muito disposto, o outro o anima. Isso é um relacionamento. É a cumplicidade e comprometimento”, afirma Érico.

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Dona Olga concorda com o marido, mas revela que não existe relacionamento perfeito. “Briguinhas são normais para qualquer casal. Somos seres humanos e seres imperfeitos. Por isso é importante a paciência e a compreensão. Saber respeitar as diferenças do outro é importantíssimo para uma relação sadia. Eu com o Érico somos grandes amigos. Gostamos muito de conversar um com o outro. Isso faz bem. A falta de diálogo com o esposo, com a esposa, com os filhos, muitas vezes acaba gerando um distanciamento tão grande que pode atrapalhar, e muito, a convivência”, afirma Olga.

Na visita ao Brasil em julho deste ano, o Papa Francisco deixou uma mensagem de que a Igreja deve ser mais acolhedora e aberta ao povo. Olga e Érico sempre defenderam essa ação. Para eles, a Igreja deve ser a segunda casa da família. “Agora, a Igreja está tentando aplicar muitas coisas que foram decididas e aprovadas no Concílio Vaticano II, em 1964, quando o Papa defendeu a mudança da Igreja. Agora, estamos sendo orientados a criarmos pequenos grupos que possam levar a Palavra de Deus até as pessoas, até as famílias que estão distantes da Igreja, de Deus, do caminho de Jesus. Queremos visitar mais as casas, conhecer de perto os problemas das pessoas. Conversar e falar de Jesus. Essa é a nossa missão como cristãos”, afirma Olga.

Além desta missão, o casal acredita que o objetivo do cristão é mostrar a importância dos verdadeiros valores, que atualmente estão sendo invertidos pela sociedade moderna. “Muitas famílias trocam a missa pela novela. Isso não está certo. A televisão transmite mensagens que muitas vezes vão contra a própria Bíblia, conta a própria família. As pessoas que não vão à Igreja e não ouvem a palavra de Deus, não sabem o caminho que Jesus deixou e só se preocupam com o agora, não estão se preparando para a vida eterna”, afirma Érico.

Tanto Érico quanto Olga concordam que a vida passa muito rápido. “É incrível como o tempo passou. Um dia estávamos namorando e hoje já completamos 56 anos de casados. Me recordo muito bem de quando eu era criança, das brincadeiras. O tempo não espera ninguém. Em um piscar de olhos passam décadas. A vida é um sopro. Estamos aqui de passagem. Por isso é importante entendermos a mensagem de Deus e nos prepararmos para a vida eterna”, conclui dona Olga.

Olga e ÉricoCaricatura: Tomás de Aquino


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