Por trás das vozes da Expo Artur

VINAGRINHO, DE ONDE VEM ESTE APELIDO? [Vinagrinho] Surgiu por causa do meu pai, ele tinha o apelido de Vinagrão, por causa de um touro que possuía na época, com o mesmo nome. Era um touro muito conhecido lá na região. Quando fui pro rodeio, o Palito me chamou de Vinagrinho, o filho do Vinagrão e aí pegou. Isso já tá pra mais de 23 anos…

E PALITO? [Palito satirizando] Eu tenho cara de palito? [Risos] Faz tempo que tenho esse apelido hein! Foi em 1983 que isso pegou.

VAI ME DIZER QUE SEU PAI SE CHAMAVA PALITÃO? [Palito] Não, não… Tenho até uma história boa sobre isso aí. Foi o saudoso Capitão Asa Branca que colocou esse apelido em mim. Naquela época eu toreava boi em circos, e eu era seco demais, comia pouco e trabalhava muito. Devia pesar uns 30 quilos molhado, de meião e chuteira. Eu era muito magro. Por isso que hoje em dia eu fico contente quando alguém diz: “Oh Palito, você tá gordo, hein!!”. É sinal de que eu to bão. Depois que eu peguei forte no rodeio, tentei mudar o apelido, mas aí já era tarde demais.

RANGEL, COMO VOCÊ ENTROU PARA O RODEIO? [Rangel] Desde pequeno, eu sempre estive envolvido com o rodeio. A oportunidade de ser locutor surgiu por acaso.

COMO ASSIM? [Rangel] Na época, tinha um locutor que se chamava Rogério. Numa ocasião, ele foi contratado para fazer um rodeio amador, mas acabou não indo. Aí o pessoal ficou perguntando: “Cadê o Rogério, cadê o Rogério?”. E um lá no meio respondeu: “Não é Rangel?”. E falaram: “É esse mesmo!”. Chegaram em mim e perguntaram se eu não ia começar o rodeio. Na hora peguei o microfone e tô com ele até hoje.

[Palito interrompe] É, trocar a inchada pelo microfone não é fácil…

VOCÊ TRABALHOU NA ROÇA? [Palito] Todo mundo aqui trabalhou.

[Rangel] A profissão de locutor de rodeio é bem fácil de resumir: “Sonho de criança, ilusão de gente grande. [Risos]

MAS É UMA PROFISSÃO BOA… [Rangel] É uma vida boa demais!

[Palito] É boa. A gente ganha mais do que precisa e menos do que merece!

COMO É SER LOCUTOR? [Rangel] Assim como em qualquer profissão, existe altos e baixos…

[Palito] O locutor precisa estar pronto. Parece que é feito um teste antes, pra levar uma bordoada. Aí, você chega e não importa se tem familiar doente ou não. No meu caso, eu sou solteiro, moro sozinho. Só eu e minha mala. Ele [o Rangel] tem família. Sabe muito bem como é. Você tem que deixar os problemas de lado e encarar. Entrar na arena de corpo e alma e dar o seu melhor, se não, não vira.

[Rangel] A galera não quer saber se você tá com dor de cabeça ou qualquer outra coisa. Você tem que entrar e animar o povo.

O VINAGRINHO É SEMPRE QUIETO ASSIM? [Palito] Que nada! Ele é o que mais fala… É que aqui não tem câmera, então ele não fala. Ele te disse que já participou de gravação de uma novela?

NÃO, QUE HISTÓRIA É ESSA? [Vinagrinho] É isso mesmo. Participei, junto com a minha família, da gravação da novela Terra Nostra, da Rede Globo.

[Rangel] A família dele cultiva café e a novela precisava de um cenário assim.

[Vinagrinho] Inclusive, eu estava na abertura da novela. Fiz o papel de um rapaz com um menininho no colo.

[Palito tirando sarro] O pessoal lá da terra dele diz que o Vinagre apareceu capinando só na novela, que ele nunca pegou na inchada de verdade. [Risos]

QUAL É O SEGREDO DO SUCESSO DE VOCÊS? [Rangel] Pra mim é dom. Não existe curso. O treinamento é a vida!

VOCÊS NÃO FIZERAM NENHUM CURSO? [Palito dando risada] O curso é a mala nas costas e marmita na mão… Não tem nada disso não. O segredo é ter jeito pra coisa.

[Vinagrinho] Ninguém aqui luta para a fama, a gente busca o sucesso.

VOCÊS ESTÃO NA ESTRADA JÁ HÁ MUITO TEMPO. O QUE TEM DE CHATO NESSE MEIO? [Palito] Meu maior problema é com os “abeias”!

[Vinagrinho e Rangel] Nossa, esses são difíceis…

QUEM SÃO ESSES? [Palito] É aquele cara chato, que não é de rodeio e acha que é. Que chega querendo que você dê atenção e fale de coisas que não tem nada a ver. As vezes, a gente quer ficar sozinho, no camarote, e esses caras chegam, e se você não dá atenção, passa por metido. E às vezes a gente solta umas assim “oh parceiro, eu to esperando a minha mulher com meus filhos” e eu não tenho mulher e muito menos filho, mas tem que dar um jeito de despistar, né [Risos].

[Vinagrinho] Eu sou um verdadeiro imã pra bêbado!

É MESMO? [Vinagrinho] Nossa rapaz, não sei como posso atrair tanto assim. [Risos]

E GAFES? [Palito] Ontem mesmo [quinta-feira, 11 de novembro] eu cometi duas horríveis!

QUAIS? [Palito] Eu disse “Estamos aqui em Artur Nogueira, na Expo Guaçu” ao invés de falar Expo Artur. Falei essa frase duas vezes. Dá vontade de se matar na hora… [Risos]

[Vinagrinho] Ontem também aconteceu uma coisa comigo. Estava na arena, e o Palito estava no palco com o Rodolfo [da dupla Maria Cecília e Rodolfo], e estava tocando uma música deles, e eu disse: “Pára, pára, que nós não estamos a fim de romance…”. Depois, o Palito veio me falar: “Pô Vinagre, o cara tava curtindo você e você ainda corta a música dele”. Acontece né. Outra vez, convidei minha professora de português pra me assistir, e ela foi. E eu soltei: “Como eu havia DIZIDO”. Na semana que voltei pra aula ela me fez escrever uma lousa cheia da forma certa.

[Palito não entendendo] E como era o certo?

[Vinagre] Como eu havia dito! [Risadas].

[Rangel] Uma vez, eu estava fazendo a locução de um rodeio, e era o aniversário da nora do presidente da festa. E me passaram o nome dela, mas quando fui dar os parabéns, me sumiu a palavra nora. E eu soltei “Genra” [Risadas].

[Palito] Erro com microfone é igual quando você vai no banheiro fazer o serviço, não encontra o papel higiênico e limpa com a sacolinha plástica, não limpa e piora a situação. Errar no microfone é mesma coisa. Se errar, não vai tentar consertar que acaba piorando a situação.

[Rangel] Tem que levar na brincadeira.

[Palito] O Vinagrinho também é radialista. Conta pro pessoal Vinagre!

[Vinagrinho] É mesmo. Tenho um programa em uma rádio on-line.

ONDE? Na Rádio Estância de Jacutinga, toda quarta-feira, das 15h às 17h, é só acessar www.radiojacutinga.com.br. É um programa ao vivo, voltado para o mundo do rodeio.

O VINAGRINHO TEM VÁRIAS PROFISSÕES… [Palito] Ele ainda vai ser político.

É MESMO? [Vinagrinho] É pode ser. Eu gosto muito de ajudar as pessoas. Me corta o coração quando vejo um senhora em um rodeio catando latinha, penso na minha mãe. Não é justo isso. Talvez eu entrando para a política, poderia fazer algo pra ajudar.

SERÁ QUE O VINAGRINHO VAI SER VEREADOR UM DIA? [Vinagrinho] Pra fazer o que eu quero tem que ser mais do que vereador. Eu quero poder ajudar muitas pessoas. Só sendo vereador, não conseguiria fazer muita coisa.

[Palito tirando sarro] Pega uma pracinha lá onde você mora e vira presidente da associação de bairro, começa varrendo as ruas, abraçando menino catarrento… [risos].

[Vinagre] A gente brinca bastante, mas viajando por esse Brasil, a gente vê cada coisa… Minha família planta café, e frequentemente vemos senhoras de idade indo pra roça, isso é triste demais.

[Palito começa a rir e sem que os colegas entendam, explica] O pai do Vinagre tinha prejuízo com ele na roça. Ele era o fiscal e tinha que contar quantos sacos de café cada um colhia, ele sempre aumentava o número das velhinhas [risos].

SE METADE DAS MULHERES QUE CORREM ATRÁS DO VINAGRINHO VOTAREM NELE, JÁ ESTÁ ELEITO, NÃO É MESMO? [Os três locutores começam a rir olhando um para o outro, Vinagre responde] Que nada, essa fase já foi. Homem feliz é aquele de uma mulher só.

[Palito revela uma história do amigo] O Vinagrinho tem uma história de amor boa pra contar [risos]. Ele namorava uma moça e estava até planejando se casar. Daí a mulher dele foi fazer uma viagem nesses navios chique, sabe, e voltou casada, com outro.

[Vinagrinho tentando explicar a revelação feita pelo amigo] Não, não… Deixa eu explicar essa história, eu morava com uma mulher…

[Rangel interrompendo] Pára Vinagre, se não você vai lembrar e começar a chorar aqui [risos].

[Palito continua] Sabe o que é, o Vinagre tava agradando a mulher dele, agradando mesmo né. Aí quis dar uma recuida e deixou que ela fosse fazer o cruzeiro, pra dá uma melhorada no relacionamento, lá ela encontrou o que tava procurando [risos].

MAS DEU UMA ABALADA NO CORAÇÃO? [Vinagrinho] Ah, a saudade sempre fica, né…

ISSO FAZ QUANTO TEMPO? [Palito fazendo voz melosa] Ano passado…

[Rangel] A gente não pode deixar ele tomar duas cervejas que já quer ligar pra mulher [risos].

PALITO, PRA FINALIZAR, FALA BLÁ, BLÁ, BLÁ… [Palito] Rapaz, às 11h30 da manhã você quer que berre [gritando] blá, blá, bláááááááááá [Todos caem na risada]. Essa frase eu peguei de uma música antiga do Milionário e José Rico. E me acompanha até hoje, é a minha marca!