11/04/2015

ENTREVISTA: Cláudio Alves

Ex-prefeito relembra os 10 anos que governou Artur Nogueira

capa2“Tenho orgulho de ter trabalhado por uma Artur Nogueira melhor”

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Alex Bússulo

Cláudio Alves de Menezes sempre foi um nome forte dentro e fora da política nogueirense. Nascido e criado em Artur Nogueira, ele foi prefeito por 10 anos do município ‘Berço da Amizade’.

Durante os dois mandatos cumpridos na cidade ele fez grandes obras. É um homem admirado. Respeitado, acima de tudo. Uma pessoa que entrou e saiu da política de cabeça erguida. Nesta semana, em especial ao aniversário de 66 anos de Artur Nogueira, entrevistamos o ex-prefeito. Ele recordou o passado da cidade, falou sobre o infarto que sofreu no ano passado e explicou por que saiu do PMDB e não quis mais participar de política.

A entrevista aconteceu no próprio escritório de Cláudio, no centro da cidade. Ele nos atendeu em sua sala, sentado atrás de uma mesa cheia de papéis e documentos. Mesmo perto de completar 70 anos em julho, demonstra-se com muita disposição de trabalhar e advogar.

O ex-prefeito afirma que entrou para a política após insistência de alguns amigos. “Na verdade, naquela época, a gente entrava meio empurrado [risos]. Nunca tinha pensado em entrar para a política. Havia escassez de participação, de pessoas da comunidade, por exemplo. Não era como hoje, que tem candidatos de sobra. Comecei como vereador. Fui eleito com 31 anos de idade. Já era casado e estava estabelecido no meu escritório. Para a vereança quem me convidou foi o Rubinho, o Atílio, que faziam parte do grupo político que estava no poder. O grupo começou a contatar pessoas que pudessem participar como candidatos a vereador. Eu era leigo em política. Nunca tinha participado efetivamente de um processo, apenas como eleitor”, relembra Cláudio.

Ele aceitou o convite e foi eleito vereador com 262 votos. Depois do mandato no legislativo saiu como candidato à cadeira no executivo municipal. “Fui convidado para ser candidato a prefeito. Após meu trabalho na Câmara, tudo canalizou para que eu saísse como candidato, praticamente de uma forma unânime dentro do meu partido”.

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Tendo como vice José Antônio Mauro, Cláudio lançou a candidatura pelo PMDB e foi eleito com 3.285 votos. A princípio, foi eleito para o mandato de quatro anos, mas acabou ficando por seis. “Nos anos finais resolveram, lá no Congresso, prorrogar o mandato por mais dois anos. Assim todos os governos, nas escalas federal, estadual e municipal, tiveram mais dois anos”, afirma.

Para Cláudio, o trabalho como prefeito exige muita dedicação e atenção aos moradores. “O aprendizado tem que ser rápido. O prefeito tem que ter noção que a administração pública exige um trabalho contínuo. Não tem um horário fixo. O prefeito é prefeito 24 horas. Ele se torna o grande gerente da administração pública. Tem decisões da administração municipal que estão intimamente ligadas aos problemas do cotidiano, que são muitos.”

A primeira administração aconteceu de 1983 a 1988. Neste período, Cláudio fez grandes obras para o município. Desenvolveu os programas habitacionais ‘Nosso Recanto’ e ‘Nosso Lar’. Construiu as escolas Magdalena Sanseverino Grosso e Alcídia Teixeira W. Matteis. Municipalizou a Saúde ao criar unidades de atendimentos em vários bairros. Criou o Fundo Social de Solidariedade. Fez história ao construir o Ginásio de Esportes, único em funcionamento até hoje. Também fez o Velório Municipal. “Antes do Velório as pessoas eram veladas nas casas, nas igrejas. Não tinha um espaço próprio. Foi uma ideia minha construir o Velório Municipal. Já tinha esse projeto antes mesmo de ser prefeito”, conta.

Ele construiu a segunda etapa da Estação de Tratamento de Água no centro da cidade. Aliás, Cláudio diz que aquilo que mais o enche de orgulho foi o investimento feito no saneamento básico. “Construímos 40 mil metros de rede de esgoto, algo como daqui a Campinas de tubulações.”

Foi ainda no primeiro mandato de Cláudio que foi iniciada a construção do Teatro Municipal Renê Marcos Posi. Ele conta que pessoas amantes da Cultura nogueirense reivindicavam a existência de um espaço exclusivo para as artes cênicas. Uma dessas pessoas era o próprio Renê Posi. “Ele sempre estava na Prefeitura pedindo que construíssemos um teatro. Pedia com amor, com carinho. Não tinha como não atender. Chamei minha equipe, o pessoal da engenharia, e decidimos construir o espaço”.

O local onde o teatro foi construído era, antigamente, uma sala de merenda da Escola Cardona, no centro. O prédio pertencia ao Governo Estadual. “Eu queria que o Estado doasse aquele espaço para o município definitivamente e não que nos permitisse simplesmente que usássemos a título precário. Fiquei sabendo que o Montoro [então governador de São Paulo] estaria na terceira edição da Expoflora e eu fui até lá pedir o prédio a ele. Fiz um requerimento, tirei várias fotos do prédio, que estava tomado pelo mato, e entreguei nas mãos dele. Imediatamente, o Montoro autorizou a doação. A partir daí demos início a construção do teatro”, relembra.

Cláudio conta que não foi possível concluir o prédio no primeiro mandato e que o sucessor, Ederaldo Rossetti, não deu continuidade ao projeto, que ficou parado. Quatro anos depois, na segunda gestão, Cláudio retomou as obras e concluiu o tão esperado Teatro Municipal. “Fizemos tudo por administração direta, com funcionários da própria Prefeitura. O palco já estava pronto. Compramos 210 poltronas, colocamos todos os aparelhos de som e de iluminação. Tudo coisa de primeira.”

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Hoje, após ter se passado quase 20 anos da inauguração, o Teatro está desativado. Questionado o que sente quando passa em frente do espaço e o encontra fechado, Cláudio diz: “Sinto que faltou alguém olhar com carinho para que não ficasse tanto tempo sem poder ser usado como antes. Esse teatro marcou um ponto importante para a nossa cultura”.

No segundo mandato, Cláudio teve como vice-prefeito o saudoso empresário Joaquim Francisco de ‘Santana’ Filho. Assim como a primeira, a gestão priorizou o básico e o necessário para Artur Nogueira. Foi construída a Estação de Tratamento de Água no bairro Josephim Tagliari com adutora de 4 km vindo do Rio Poquinha e a escola Luís Amaro Rodrigues. Também regularizou os lotes do Distrito Industrial Itamaraty e criou o Parque Industrial Batistella.

Fazendo uma avaliação sobre o progresso dos 66 anos de Artur Nogueira, ele afirma que algo que tenha prejudicado, e ainda prejudica, o município foram os loteamentos ilegais. “A gente observa a distância que Artur Nogueira teve um crescimento desordenado em um período da gestão de alguns prefeitos, com aparecimento de mais de 50 parcelamentos de solos clandestinos. Com fins especulativos por parte dos empreendedores. Esses loteamentos representam um ônus que caiu nas costas do município. Pra não dizer, de todo o cidadão indiretamente, por falta de fiscalização pública”, afirma.

Cláudio conta que combateu o surgimento de loteamentos clandestinos em seus dois mandatos. “Combati e não apareceu nenhum. Saia uma fumacinha lá eu já mandava o fiscal mandar parar. Quem quisesse parcelar o solo adequadamente, com projeto, com crescimento ordenado, o prefeito não pode impedir. Quer fazer legalizado faça. Mas, clandestino não”, afirma.

Hoje, Cláudio não pensa mais em retornar para a política e é enfático: “Não! Já defini isso na época”.

Podemos afirmar que ele foi uma das figuras mais fortes dentro do PMDB nogueirense, mas isso foi no passado. “Não estou mais no partido. Saí porque entendi que esse PMDB aí não é aquele PMDB que eu disputei lá atrás. Hoje, não sou filiado a nenhum partido e não me filiaria em nenhum. Não tem um que demonstre para mim que é diferente do outro. São parecidos. São primos irmãos, alguns irmãos gêmeos”, relata.

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Em outubro do ano passado, Cláudio sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). “Estava saindo da casa do meu filho. Dei dois passos e caí na rua. Me ergui e o mal estar passou. No dia seguinte, quando acordei cedo, tentei me levantar e comecei a passar mal novamente. Não conseguia me levantar. Meus filhos e minha esposa me levaram para o Vera Cruz. Cheguei lá com a pressão 22 por 12. Estava explodindo. Fiquei três dias na UTI. Foi um susto. Achei que ia para a cucuia”, relembra.

Hoje, ele se recupera. Está bem. Afirma que tem mais disposição do que antes. Cláudio sempre gostou de trabalhar. Embora seja um homem tranquilo, sempre gostou de acordar cedo e ter um dia produtivo.

Somando o tempo como vereador e prefeito, ele tem 16 anos de dedicação à vida pública no município e diz estar realizado: “Tenho orgulho de ter trabalhado por uma Artur Nogueira melhor”.


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