29/05/2016

Empresário fala sobre construção de aeródromo em Artur Nogueira

José Antônio Bragalia esclarece as diferenças do projeto para um aeroporto e garante que o município não será mais o mesmo após a conclusão das obras.

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Por Rui do Amaral

Recentemente o Portal Nogueirense publicou uma reportagem sobre a construção de um aeródromo no município. Muitos leitores se interessaram pelo assunto, mas por se tratar de um empreendimento pouco conhecido, algumas dúvidas foram geradas. “Isso significa que Artur Nogueira terá aeroporto? A Prefeitura possui verba para tal construção? O que isso significa para o município? ”. Nossos repórteres perceberam então a necessidade de conversar com um dos idealizadores do projeto, afim de esclarecer à população sobre do que se trata o empreendimento. Junto de José Adolfo Queiroz, Antônio Bragalia foi quem concebeu a ideia de construir o Aero Park Brasil, primeiro do ramo em Artur Nogueira.

José Antônio Bragalia trabalha no ramo imobiliário desde a juventude. Campineiro, o empresário ajudou a trazer várias empresas de grande porte para Artur Nogueira e região. Conhecido por se envolver em grandes projetos em prol do município, Bragalia passou a nutrir a ideia de um novo negócio, que caminhava em paralelo com uma nova paixão: a aviação. Foi sobrevoando a região de Artur Nogueira com um amigo há muitos anos atrás que o empresário imaginou como seria se os aviões se tornassem rotina na vida dos nogueirenses. Mais precisamente, Bragalia imaginou como seria abrir a porta da garagem e se deparar com um veículo diferente dos automóveis ou motocicletas. Um avião. A ideia pode parecer loucura, mas ao entender o que significa o conceito de um aeródromo, pode-se ter noção de que o empreendimento, além de ambicioso, tem potencial de colocar Artur Nogueira no mapa da aviação esportiva nacional. Mas como? Afinal, o que seria um aeródromo? Nesta entrevista, José Antônio Bragalia conta um pouco sobre o projeto que pretende impactar Artur Nogueira e fazer com que o município seja visto de cima com muito mais frequência.

O que é um aeródromo? Existe um conceito americano de muitos anos que é o aeródromo como condomínio corporativo, ou seja, o morador tem um hangar/casa dentro deste condomínio, que possui uma pista de pouso, e passa lá o fim de semana ou sua vida toda mesmo. Isso me encantou, alguns amigos nossos possuem casas em aeródromos pelo Brasil e confesso que fico com inveja. É completamente diferente de um aeroporto desde a concepção. O objetivo principal é atender os moradores do próprio condomínio, além de ser um investimento de caráter privado.

Quais são as características de um espaço como este? Neste condomínio teremos uma pista principal e outras vias secundárias, que chamamos de táxi ways. As casas são hangares e, se o dono quiser, pode construir a uma residência anexa ao hangar, da maneira que desejar. Vemos nos aeródromos espalhados pelo país que cada dono de lote tem total liberdade de construir sua casa como quiser. Pode ser apenas um local para guardar o avião, assim como pode ser uma residência de luxo.

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Quando surgiu e ideia de trazer este conceito a Artur Nogueira? Há uns 25 anos eu já gostava de avião. Não sou piloto, mas sou apaixonado por aviação. Me mudei para cá há 25 anos e achava esse lugar lindo. Voava com um amigo por essa região e via tudo de cima. Tinha algumas ideias, mas nunca chegaram a ir para frente. Aí, em 2006, tentei trazer uma empresa para cá, que pensava em se instalar em Artur Nogueira. Uma multinacional. Tentamos traze-la e tudo parecia encaminhado, porém uma das exigências da empresa era ter uma pista de pouso ao lado da fábrica. Hoje a fábrica fica em Jundiaí, onde tem uma pista de pouso perto, o que facilita muito a vida deles. O fato de não ter a pista aqui fez com que ela fosse para outro lugar e perdêssemos essa oportunidade. Se tivéssemos o projeto pronto, com certeza eles teriam vindo para cá. Foi então que desenhei a mão o primeiro esboço do que seria um dia nosso aeródromo.

Então com o aeródromo você pretende trazer novas empresas para o município? Nosso objetivo não é exatamente este. Ou não só este. Nós queremos atingir o pessoal da aviação esportiva. Hoje, para se tornar piloto de ultraleve, que é considerada a aviação esportiva, você precisa somente de 15 horas de voo. Muitas pessoas estão aderindo a modalidade. Os aviões podem ser mais básicos, de tecido, mas também mais elaborados, de alumínio por exemplo. É o público que consome este tipo de atividade que eu quero alcançar. As pessoas que deixam os aviões em hangares da região estão ficando com cada vez menos espaço. Para levar os aviões para são Paulo se torna muito inviável.

Artur Nogueira tem espaço para este tipo de construção? Este é um ponto importante. O primeiro obstáculo foi o natural. Para construir um aeródromo, não se pode ter rios, lagos, granjas, morros, nada disso em volta. Mas, principalmente, não podemos ter linhas aéreas em cima. Para construirmos em Artur Nogueira, temos que estar de 1,5 a 3 km de distância de uma linha de transmissão. Foi um processo minucioso.

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Como se deu o processo de encontrar o local adequado? Em 2006, quando fizemos o primeiro projeto, um buraco no terreno impossibilitou que começássemos a obra. A coisa esfriou, mas em 2011, quando fiquei sabendo da desativação do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, percebi que era a hora certa de voltar ao projeto. Falei com a Secretaria do Meio Ambiente e vi onde não tinha nenhuma Área de Proteção Ambiental. Conseguimos encontrar três áreas e mandamos para a ANAC fazer a análise. O terreno pertence a sete sitiantes. Quando sabem que você quer fazer um aeródromo pensam que você é louco, mas convencer sete pessoas a participarem do projeto, aí sim me disseram que eu era doido de pedra. Apresentamos o projeto para eles e felizmente, concordaram com nossa ideia.

Depois da ideia pronta, qual o próximo passo? Precisávamos de dinheiro, dinheiro para construir mesmo. Fomos atrás de construtoras, porém em época de crise quem é que quer financiar o projeto de um aeródromo? As construtoras ficaram esperando para ver o que seria do país depois das eleições e, como a coisa não melhorava, todas as que tínhamos apresentado o projeto se recusaram e tiraram o pé. Foi então que encontramos uma construtora de Cajuru-SP, que mostrou um interesse inicial pelo projeto. Porém, como já era de prever, teve receio quanto ao empreendimento por não saber se traria retorno, se as pessoas iriam se interessar. Mas, ao invés de tirar o pé como fizeram as outras, esta construtora decidiu realizar uma pesquisa para ver se haviam interessados suficientes para fazer valer a pena a construção do aeródromo. Uma agência de pesquisas de muito renome fez o teste, e o resultado foi impressionantemente melhor do que o esperado. A melhor notícia possível nós recebemos: eles toparam.

Como foi a parceria com os sete sitiantes que eram donos do local das obras? A parceria com os proprietários da área vai ser a seguinte: A construtora faz toda a estrutura, incluindo asfalto, luz, água, saneamento e cede um número de lotes para cada proprietário. Assim, a maior parte dos lotes fica para a construtora, que é quem investe pesado na obra.

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Como será o acesso para o aeródromo? O acesso será pela estrada do lixão, onde vai para as casas do Minha Casa Minha Vida. Dali, de onde começa a estrada de chão até o local onde será o aeródromo são quatro quilômetros de terra. Tudo isso será asfaltado pela própria construtora, sem que a Prefeitura precise gastar um real com isso.

A prefeitura não irá gastar nada com a obra? Pelo contrário, a cidade só tem a ganhar. Tudo o que for relacionado com a infraestrutura e construção do aeródromo será realizado pela construtora. Repito, a prefeitura de Artur Nogueira não irá gastar nada com a obra. É uma área de mais de 500 mil metros quadrados, toda murada. Uma pista de pouso de 25 metros de largura por 1100 de comprimento. As taxi ways, iluminação, que será subterrânea, tudo bancado pela construtora. Num momento de crise como o que estamos passando, é muito difícil encontrar uma empresa disposta a gastar tudo isso. Precisa ter visão de futuro como nós temos.

Você mencionou a crise que o país vive. Por quê investir tão alto num momento como esse? Nós apostamos que o Brasil tem muito futuro, muito chão, que nosso país é bom. Não acho que exista um país com mais perspectiva de futuro do que o nosso. A Europa, por exemplo, está construída há mais de 2 mil anos. Nós ainda estamos engatinhando, precisamos de tudo. Temos que investir no nosso país. Nosso problema é somente político, mas acredito que estamos seguindo o trilho certo.

O que falta para o aeródromo sair do papel? No momento estamos na parte burocrática, de documentação. Infelizmente em nosso país as coisas demoram um pouco para agilizar. A parte de Prefeitura está pronta. O prefeito Celso Capato nos ajudou muito. Ele teve visão de que nosso projeto pode render muitos frutos para Artur Nogueira. Com certeza o apoio do prefeito foi fundamental para que tudo isso começasse a parecer possível, palpável. Ele brigou por nós quando nós precisamos. Inclusive teve um dia que o próprio Celso ligou para o Ministro de Minas e Energia, para impedir que uma possível linha de transmissão começasse a passar por cima de nosso projeto. Se não fosse ele, não acho que daria certo.

Você se inspirou em outros empreendimentos parecidos ao trazer a ideia a Artur Nogueira? Em Balneário Camboriú-SC existe um aeródromo, perto do mar. É muito lindo, vemos que é um empreendimento que traz resultados incríveis para quem é aficionado por aviação. Quem não tem avião também vai poder comprar um lote e construir uma casa em nosso aeródromo. Qual admirador de aviação que não gostaria de ter uma casa ao lado de uma pista de pouso e ver aviões decolando e pousando todos os dias? Para um apreciador, o som de um avião soa como música.

Nos fale algumas características do projeto. A estrutura é muito organizada. O terreno do condomínio terá duas malhas de vias. Uma apenas para os automóveis e outra para os aviões. As vias não se cruzam, nunca um avião terá o risco de cruzar com um automóvel. Os lotes terão duas frentes, você entra de carro por um lado e pelo outro você sai de avião. As vias dos aviões, que são as táxi ways, vão todas em direção à pista principal. As vias destinadas aos automóveis não se conectam às táxi ways, o que deixa todo o local mais seguro. No centro do condomínio teremos um espaço de lazer, com quadras esportivas, salões de festas e uma piscina em formato de avião, que com certeza vai chamar a atenção.

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Quando começam as construções? Uma das coisas mais interessantes é que o aeródromo deve começar a ser construído no início do ano que vem, ou seja, esperamos estar com tudo pronto para quando o Brasil estiver longe da crise. Vamos superar o momento atual e estar a todo vapor quando o Brasil estiver de novo nos trilhos.

Que eventos podem ser trazidos à cidade por conta do aeródromo? Planejamos realizar muitos encontros de aficionados por aviação. Este é outro lado do aeródromo. Como é um investimento privado, poderemos promover muitos encontros de donos de aviões, o que é muito comum neste tipo de estabelecimento. Com isso, atraímos além dos aviadores, muitas empresas que promovem seus produtos para este púbico, como marcas de carro de alto padrão entre outros nichos que o público que vive em um condomínio como este costuma consumir.

A cidade deve crescer por conta deste empreendimento? Temos certeza que nossa cidade vai dar um salto com a construção do aeródromo. É um empreendimento privado, ambicioso, diferenciado e que tem tudo para fazer de Artur Nogueira um ponto estratégico para grandes indústrias, fortalecendo nosso crescimento e nossa economia.


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