03/06/2015

Em cinco anos produção de lixo aumenta 100% em Artur Nogueira

Apesar do tipo de lixo permanecer o mesmo, a produção per capita chegou a 740 gramas, gerando um salto de 16 para 37 toneladas produzidas no município por dia.

lixo

Há seis anos cada nogueirense produzia 360 gramas de lixo por dia. Naquele tempo quase 44 mil pessoas moravam no município e o poder de compra era reduzido, deixando para o sanito menos papeis, garrafas, embalagens e outros quilos de orgânicos – inutilizados por quem não possuía horta. Em 2014 muita coisa mudou. Mais crédito, mais débito. Mais gente. E, apesar do tipo de lixo permanecer o mesmo, a produção per capita chegou a 740 gramas, gerando um salto de 16 para 37 toneladas produzidas no município.

Os dados são do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e revelam que nesse período a região aumentou em lixo e não em pessoas.

Se maximizado o índice para toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC), chega-se a um crescimento de dez vezes mais, com uma média de 950 gramas ao dia por habitante. O número está acima da média nacional que é de 800 gramas, mais ainda permanece abaixo da média mundial, de 1,2 quilos.

Para o engenheiro ambiental Renato Malagó isso não é um saldo positivo não só pelo pela quantidade, mas pelo que é feito com ele. “Esse número está acima do que encontramos em municípios do estado de São Paulo e estimativas dos órgãos ambientais”, apontou.

Na opinião dele boa parte do quadro poderia ser revertido se fosse implantado a coleta seletiva dos resíduos domiciliares e aumentado a fiscalização. “Ainda encontramos muitos pontos de descarte irregulares na zona rural do município e alguns pontos mais isolados da própria cidade. Um dos problemas do lixo são as chácaras e loteamentos irregulares que não têm coleta de resíduos na porta. A única forma de melhorar esse cenário seria intensificar a fiscalização e a punição”.

Lixeiras localizadas próximas ao Rio Poquinha
Lixeiras localizadas próximas ao Rio Poquinha

Hoje todo o lixo produzido em Artur Nogueira vai para Paulínia – mesmo destino do lixo de outras 16 cidades. O caminho é esse: produzido em casa, é recolhido nas segundas, quartas e sextas-feiras em alguns bairros e nas terças, quintas e sábados nos outros. De lá entra nos caminhões para ser descartado no Aterro Sanitário de Paulínia, no bairro Nova Veneza. O supervisor operacional Adalto Donizete da Silva, da Agreg – empresa responsável pela coleta –, explica o processo no que ele chama de um dos melhores aterros do estado de São Paulo: “É feito uma vala muito grande, como se fosse na dimensão de um estádio de futebol, e é colocado um plástico no chão e em volta [do lixo]. É colhido o chorume que depois é tratado e jogado fora. É colhido o gás… e nosso lixo vai pra lá”.

No Aterro também é feito a incineração do lixo hospital, mas não há separação. Orgânicos e recicláveis ocupam a mesma valeta.

A preocupação de Malagó, nesse caso, é a mistura dos resíduos que incluem lixo eletrônico – materiais que possuem na composição ácidos, metais pesados e até chumbo. É que descartando esses materiais com os resíduos domésticos eles acabam nos aterros sanitários elevando a carga desses materiais no chorume percolado, o que torna o processo de tratamento mais complexo. “Isso sem falar que acabam indo para os descartes incorretos, contaminando o solo e a água”, frisa.

Por telefone, o supervisor da Agreg ergueu a voz em ânimo para falar sobre o problema. Não ter uma coleta seletiva o deixa indignado por isso ela é, aparentemente, uma bandeira que abraçou.  Tanto, que Silva tem elaborado uma proposta de coleta seletiva para ser apresentada às autoridades. “Acredito que até o final do ano saia alguma coisa”, diz. O que dificulta, segundo Silva, é o preparo da equipe para lidar com a alternativa aliada a falta de conscientização.

Das quatro cidades que a Agreg atua, Conchal, Engenheiro Coelho, Holambra e Artur Nogueira, o pior quadro é o dos nogueirenses, afirma o supervisor. “As pessoas teriam que colocar o lixo reciclado para fora em um dia marcado com a coleta seletiva, mas elas nem sabem os dias de coleta de lixo hoje”, comenta. “Enquanto as pessoas não se conscientizarem disso será um caos. Porque é muito lixo.”

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Latas de cerveja dentro da Lagoa dos Pássaros após Campeonato de Pesca. Foto: Isadora Stentzler.

Alternativa

Uma opção para a redução dos resíduos seria a aplicação dos dejetos orgânicos em hortas, para a função de adubo, e a reutilização dos reciclados.

A estudante de Artes Bruna Janini vê ainda no lixo elementos decorativos para a própria casa. “O papel pode ser reaproveitado para fazer novos papéis, já o vidro tem inúmeras possibilidades. A garrafa de vinho pode virar uma luminária, um vaso de flor, um tampa-bolo”, descreve dizendo que até mobílias velhas podem se transformar em outras com um pouco de reforma. “Com criatividade e disposição da para aproveitar tudo e fazer do ‘lixo’ algo útil e decorativo.”

Para ela a principal importância desse tipo de atividade é a harmonia com o meio ambiente e a economia sustentável. “Essa prática de reaproveitar as coisas não só colabora com o planeta, mas também ajuda na economia dentro de casa. Pois restaurar algo sai muito mais em conta do que comprar algo novinho.”

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