26/02/2017

Eleito pela terceira vez Rei Momo de Artur Nogueira promete movimentar a folia nogueirense

Wagner Júlio, “o Bênção”, conta que já colheu laranja, foi lixeiro, jardineiro e até presidente de Câmara de Vereadores

Da redação

Wagner Júlio, o ‘Bênção’, como é mais conhecido, foi eleito pela terceira vez o Rei Momo do Carnaval de Artur Nogueira. Conhecido pela extrema simpatia e simplicidade, ele já compôs a Corte do Carnaval em 2013 e 2015. O que muita gente não sabe é a incrível história da majestade do Carnartur 2017.

Em entrevista ao Portal Nogueirense, o Rei Momo contou que já colheu laranja, foi lixeiro, jardineiro e até presidente de Câmara de Vereadores. Já passou por muitas dificuldades, mas sua alegria e espontaneidade lhe renderam muitos amigos pelo caminho. E graças a essas amizades preciosas, ele chegou ao trono do Carnaval nogueirense pela terceira vez. Confira:

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Você praticamente tem duas identidades. Em Conchal todos te conhecem como ‘Jacaré’. Aqui, em Artur Nogueira, você é o ‘Bênção’. De onde surgiram esses apelidos? Olha, me chamo Wagner Júlio, mas ninguém me conhece por esse nome. O apelido de Jacaré pegou lá em Conchal depois de eu ter participado de um concurso de dança. Isso faz um tempão. Me convidaram para concorrer ao lado de várias mulheres, uma mais linda que a outra, tinha mais de dez candidatos, e eu acabei ganhando. No momento da entrega do prêmio o apresentador brincou comigo e disse que eu era o Jacaré do grupo ‘É o Tchan’ [risos]. Depois disso, todo mundo de lá passou a me chamar de Jacaré e o apelido pegou.

E Bênção? Nasceu depois de uma conversa que eu tive com um pastor em Paulínia. Ele me disse que nesta vida devemos agradecer a todo o momento a graça que Deus nos dá. Disse que vivemos uma bênção todos os dias. E eu coloquei isso na cabeça e comecei a chamar todo mundo de ‘Bênção’. O resultado voltou para mim, e fiquei como aquele que dizia ‘Bênção’ pra todo mundo [risos]. Lá atrás tive outro apelido também. Na época em que eu colhia laranja, o pessoal costumava me chamar de ‘Cleber do Palmeiras’, porque diziam que eu era parecido com o jogador. Mas esse apelido não pegou por muito tempo. Hoje eu sou o Jacaré em Conchal e o Bênção em Artur Nogueira. Meu pai também tem um apelido engraçado. O nome dele é Antônio, mas no começo todos o chamavam de ‘Ticão’. Com o passar do tempo o apelido foi mudando e hoje todos o conhecem como ‘Cão’ [risos].

Você disse que já colheu laranja. Quais outras funções já exerceu? Nossa, já fiz quase tudo nessa vida. Nunca nada de errado, graças a Deus, mas já trabalhei muito. Comecei a trabalhar na roça cedo, para ajudar meus pais. Sempre fui pobre, mas isso nunca foi motivo de tristeza. Acho que a maior alegria são as pessoas que a gente carrega no coração. Na roça, colhi laranja e cortei cana, mas não estava satisfeito com aquela vida. Queria trabalhar no meio do povão. Sempre fui daqueles que gostou de conversar com as pessoas. Daí prestei concurso público na Prefeitura de Conchal e passei. Fui trabalhar como catador de lixo. Foi uma época muito boa, na qual fiz muitas amizades. Catava o lixo dando risada, cantando, brincando com os moradores, e esse meu jeitão foi conquistando o povo de lá. Trabalhava na Prefeitura durante o dia e à noite eu era palhaço.


“Acho que a maior alegria são as pessoas que a gente carrega no coração”


Como assim? Eu ganhava dinheiro animando festas. Era conhecido como o ‘Palhaço Jacaré’. Sempre fui de brincar. Para mim, era um puro divertimento, que ainda ajudava em casa com o dinheiro que ganhava. As crianças adoravam, e até os adultos entravam na brincadeira. Eu caía no chão, levava aqueles tombos, contava piadas e todo mundo ria. No Natal, me fantasiava de Papai Noel e ia para a praça conversar com a criançada.

Foi nessa época que você decidiu entrar para a política? Foi sim. Me convidaram para ser candidato a vereador, e eu topei. Concorri e fui o candidato mais votado. Conquistei 876 votos. Durante todo o legislativo também fui presidente e vice-presidente da Câmara Municipal de Conchal. Mesmo tendo sido vereador, continuei exercendo a função de catador de lixo por algum tempo. Eu amo política. Sempre gostei de estar no meio do povo e ajudar aqueles que mais precisam.

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Você foi eleito vereador em 2004 com quase 900 votos. Nas eleições de 2008 tentou a reeleição mas obteve apenas dois votos. O que aconteceu? Fui traído pelo meu partido. Me deram vários papéis para eu assinar, e como eu confiava nas pessoas, assinei sem ler o conteúdo. O documento mudava o meu número de 20012 para 20004. Todo santinho e material utilizado durante a minha campanha foi baseado no número 20012. Eu saía nas ruas pedindo que meus eleitores votassem nesse número. No final, fui surpreendido com o resultado. Na época falei com o juiz, mas não havia mais nada para ser feito. Sei que tive centenas de votos, mas quem votou em mim, inclusive eu, votou em um número que não existia e foi anulado. Fiquei muito triste com isso.


“Eu amo política. Sempre gostei de estar no meio do povo e ajudá-lo”


E depois? Como era concursado na Prefeitura, voltei para o cargo de serviços gerais. Me colocaram para trabalhar no Centro de Zoonose de Conchal. Entre minhas funções, eu tinha que recolher animais, como gato e cachorro, que estavam mortos em ruas e praças da cidade. Nunca reclamei da situação. Sempre gostei de trabalhar. Mas alguns amigos começaram a dizer para mim que aquilo que estavam fazendo comigo era perseguição política. Fui colocando aquilo na cabeça e não aguentei. Foi aí que me mudei para Artur Nogueira.

Já conhecia o município ‘Berço da Amizade’? A família da minha esposa sempre morou aqui. Minha mulher veio para cá primeiro. Eu fiquei lá em Conchal para ajeitar as coisas. Me lembro como se fosse hoje. Saí de lá à noite, por volta das 11 horas da noite, fui para a pista e peguei carona para cá. Quando cheguei no trevo de Artur Nogueira, comecei a chorar, pois estava abrindo mão de um sonho em Conchal. Aluguei uma casinha e fui procurar emprego, mas não deu muito certo. Foi quando minha esposa aprendeu a fazer trufas de chocolate, e eu saí pelas ruas a vender. Isso foi uma verdadeira bênção em minha vida. Foi vendendo trufa cedo, à tarde e à noite que consegui me estabilizar.

Profissionalmente, hoje, como você vive? Hoje eu sou frentista em um posto de gasolina no Jardim Del Álamo, mas já trabalhei numa indústria da cidade ali na Rodovia Zeferino Vaz. Antes disso, trabalhei como jardineiro em um condomínio aqui em Artur Nogueira. Limpava os terrenos, plantava flores e árvores, mantinha o lugar organizado. Mas até agora continuo vendendo trufas. Nas horas vagas, pego minha caixinha e saio visitar os clientes. É uma renda a mais que ajuda muito no final do mês.

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Como já me disse, você já trabalhou na roça, já foi catador de lixo, palhaço, vereador, vendedor de trufas, jardineiro e frentista. Como foi que teve a ideia de concorrer ao título de Rei Momo do Carnaval de Artur Nogueira? Quem me convidou para participar foram meus amigos Didi e Amilton, que trabalham na Secretaria Municipal de Cultura lá em 2012 e 2013. Eles me pararam na rua e disseram que eu deveria me candidatar. Não sei se eles falaram sério, mas eu coloquei na cabeça e fui. Lembrei da época em que participei daquele concurso de dança em Conchal, no qual começaram a me chamar de ‘Jacaré’, e fui com tudo. Achei que seria coisa pequena, mas o concurso aqui foi tenso. Tinham vários outros candidatos, teve a prova da comida, que tivemos que comer uma macarronada depressa e sem deixar cair nada. E claro, o samba no pé. Tinha muita gente na Escola Modelo, mas no final deu tudo certo. Depois disso, fui eleito mais uma vez em 2015 e, agora, em 2017. Fui eleito e estou pronto para movimentar a folia nogueirense.


“Fui eleito e estou pronto para movimentar a folia nogueirense”


Não posso terminar esta entrevista sem te fazer uma pergunta. Você pretende se candidatar para vereador em Artur Nogueira? Ainda é cedo para dizer qualquer coisa. Isso vai depender do cenário político que vamos ter no município. Uma coisa não é segredo para ninguém: eu amo política e, como já disse, gosto de ajudar a população. O futuro a Deus pertence.

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