05/06/2015

Dia do Meio Ambiente: Matas em Artur Nogueira quadruplicam em 14 anos

Pesquisa da Agemcamp mostrou que território de vegetação natural passou de 200 hectares, em 2000, para 910 hectares, em 2014. É o terceiro maior crescimento da RMC.

Um levantamento feito pela Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) apontou um dado animador para este Dia Mundial do Meio Ambiente (5). Segundo a pesquisa do grupo o território de vegetação natural de Artur Nogueira passou de 200 hectares (ha), em 2000, para 910 ha, em 2014. Uma variação de 355% no período, tornando-se o terceiro maior município em crescimento de vegetação da Região Metropolitana de Campinas (RMC) – atrás apenas de Monte Mor (627,2%) e Cosmópolis (364,5%). Segundo a Secretaria de Agricultura, número está relacionado às Áreas de Preservação Permanente (APP),  mas salto pode não ter sido tanto assim.

A agrônoma Roseli Paes Barbosa Borges, da Casa de Agricultura de Artur Nogueira, explica que entre 1995 e 1996 já haviam registros superiores a 200 ha no município e que, no caso da pesquisa, o salto se deu devido às informações cedidas pelos agricultores. “Se analisarmos os dados consolidados do LUPA (Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária) constatamos que em 1995 e 1996 havia registro de 630 hectares, que somavam área de vegetação nativa e área considerada inaproveitável. Assim, o aumento pode não ter sido tão significativo, mas sim refletir áreas com diferentes estágios de regeneração e/ ou informação indevida para o diagnóstico.” explica. “Consideramos que este levantamento é amparado nas informações fornecidas pelo agricultor, e que no passado havia um certo receio nesta informação.”

Mesmo assim ela reconhece o crescimento da vegetação e aponta quatro fatores como responsáveis: regeneração natural das áreas declaradas como inaproveitáveis; isolamento de áreas de preservação permanente exploradas com pastagem e culturas agrícolas; e revegetação de Áreas de Preservação Permanente (por iniciativa espontânea do proprietário ou devido ao cumprimento de termos de compromisso ambientais).

matas

APP

Área de Preservação Permanente, ou APP, segundo o Novo Código Florestal, são áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. É proibido construir ou interferir de alguma forma nesses espaços.

Além disso elas possuem um tamanho mínimo, que varia de acordo com o tamanho do curso d’água – já que as áreas ficam próximas a leitos d’água, lagos e lagoas naturais. Por isso as APPs podem ter de 30 metros, bem como 500 metros.

No entanto, o novo Código Florestal, que gerou polêmica entre ativistas do meio ambiente e autores do texto, diminuiu a área de medição. Antes a largura do rio – que depois delimitaria o tamanho da APP – era medida levando em conta as cheias, no ponto mais alto, agora a medida passou a ser feita a partir da calha regular, que é menor. O que, consequentemente faz o espaço obrigatório das APPs diminuírem também.

Segundo o secretário do Meio Ambiente de Artur Nogueira, Helton Filippini, isso não deve interferir na quantidade de matas do município. “Apesar da APP diminuir em algumas propriedades, ainda temos a obrigação de reservar nas propriedades uma área de reserva legal de vinte por cento”, apontou. Reservas Legais são delimitadas pelo Código Florestal como áreas do interior de uma propriedade com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável. Suas funções são auxiliar na conservação, reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Em Artur Nogueira ainda não se pode dizer quantas APPs e áreas de Reserva Legal existem no município, mas segundo Roseli os números serão divulgados quando forem consolidados os dados informados pelos proprietários no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Mas acima disso ela ressalta a importância desses espaços que, embora não sejam vizinhados a grandes rios, favorecem nas condições básicas da cidade. “O município não possui rios de grande porte, em contrapartida possui elevado número de nascentes e córregos. A proteção destas áreas contribuem para garantia da disponibilidade da água para diferentes usos, incluindo o abastecimento público.” Filippini completa: “A preservação das matas ajudam na conservação do solo, melhoram a infiltração de água no solo recarregando o lençol freático. As matas acumulam o carbono que retiram da atmosfera, diminuindo o efeito estufa. As matas servem de abrigo para a nossa fauna.”

Artur Nogueira também dispõe de uma lei sobre a conservação de matas. A Lei Complementar nº 337 trata do parcelamento do solo para fins urbanos e determina que ao longo das águas correntes e dormentes a Área de Preservação Permanente deverá ser de 50 metros para cada lado do curso d’água. Além disso o texto também diz que todo loteamento deverá reservar para fins de Área Verde uma parcela mínima de 20% da gleba, que deverá ser reflorestada de acordo com o bioma regional – Floresta Estacional Semidecidual.

Por amor

O sítio do empresário Edson Croife fica ao lado direito da estrada municipal 142, que leva à zona rural do bairro São Bento. Ali, nos seus 20 mil metros ele realiza a ocupação que mais ama há 15 anos: plantar árvores.  E só nesses 20 mil metros estão 1,1 mil mudas.

Frutíferas e de espécies exóticas também, elas ocupam suas terras pela única função da necessidade. “Hoje só estão desmatando o meio ambiente, por isso enfrentamos crise hídrica. As pessoas só pensam em desmatar, desmatar e desmatar. Assim tento fazer minha parte”, pontua. “Vejo árvores abandonadas por aí. Não gosto disso.”

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É que Croife acredita no equilíbrio ambiental causado pela presença de árvores, por isso começou a plantar. E ele está certo. Matas fechadas são capazes de produzir chuvas uma vez que lançam vapor d’água na atmosfera por meio da transpiração das árvores, aumentando assim a umidade do ar e a formação de nuvens. A precipitação só varia conforme as condições climáticas do local. “Eu planto para não destruir o mundo. Para deixar o ar da cidade puro.”

Nas suas terras, Croife já investiu mais de R$ 10 mil em mudas. Mas nada do que foi semeado foi vendido. As vezes doado. E só.

Ele conta que junto do amigo Marcos Giambelli costumam plantar árvores em extinção do município. Quando estas crescem e geram outras sementem eles doam a outros amigos para que eles também plantem e mantenham a cidade com a vegetação nativa.

“Por exemplo: Árvores conhecidas como Olho de Cabra e Sasafral são algumas das árvores que quase não existiam mais em nosso município, fizemos o plantio de diversas mudas e já estão bem grandes”, conta.

A paixão é tamanha que mesmo aos 57 anos não deixa de lidar com a terra. Mesmo depois de todo o trabalho que já teve não se sente cansado e com ânimo ainda responde: “Até quando eu vou plantar? Até quando Deus me der forças! Sempre digo que quando eu morrer estarei energizado nessas árvores aqui.”

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