22/03/2015

Consumo de água em Artur Nogueira ultrapassa o dobro aconselhado pela ONU

Diretora de serviços do Saean não descarta possibilidade de nova crise

O consumo de água dos nogueirenses voltou a atingir o montante de 275 litros ao dia por pessoa, segundo dados do Sistema de Água e Esgoto de Artur Nogueira (Saean). Os números representam uma mudança no hábito dos consumidores e ultrapassam a média apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como sendo a ideal por pessoa, que é de 110 litros por dia.

Segundo a diretora de serviços do Saean, Maria Augusta Machado, é normal que o consumo de água em cidades metropolitanas ultrapasse a média estabelecida pela ONU, uma vez que a demanda é maior.

Hoje, para se ter uma ideia, os Estados Unidos consomem em média 300 litros ao dia por dia; na Europa, 200; no Brasil, 150; e na África Subsaariana de 10 a 20 litros por dia – segundo dados divulgados pelo Senado Federal. Mas conforme estimativas da Unesco, se o ritmo atual de crescimento demográfico continuar sem estabelecer regras para o consumo sustentável da água, em 2025 o consumo humano pode chegar a 90%, restando apenas 10% para os outros seres vivos do planeta.

É por isso que medidas de controle do uso da água têm sido criadas para evitar gastos desenfreados, uma vez que se trata de um bem não renovável.

Em Artur Nogueira uma lei foi promulgada no ano passado prevendo multa de R$ 500 a R$ 1 mil para quem fosse pego lavando calçadas ou quintais com mangueiras. A medida foi tomada para controlas gastos desenfreados do recurso.

Mas de acordo com Maria só isso não basta. “As pessoas precisam se conscientizar no uso”, pontua. “E não é só guardar a água da chuva. Porque mesmo a água da chuva quando cai e escorre para os reservatórios, quando chega o limite, escoa, vai embora. Então é preciso que a água infiltre no solo. Fazer uma casa que tenha um espaço de terra em que se possa entrar água… já é uma área de recarga. Quanto mais se fizer isso, melhor.”

Maria também não descarta a possibilidade de uma nova crise esse ano. “Se chover pouco, e tem chovido pouco, corremos o risco de enfrentar a mesma crise que passamos no ano passado.”

Hoje os reservatórios de Artur Nogueira, a Represa do Cotrins, o Ribeirão Boa Vista (Rio Poquinha) e o Balneário Municipal Guilherme Carlini (Prainha) estão com níveis satisfatórios.

Em agosto do ano passado, por exemplo, a Represa do Cotrins que tem capacidade de armazenamento de 315 mil metros cúbicos de água, a maior do município, ficou com apenas 47 mil m³. No mesmo período foi registrado o menor volume de chuvas na cidade, com marca de apenas 3 milímetros no mês.

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A situação fez com que o Saean remanejasse a captação de águas e fizesse interrupções na distribuição das casas. O único abastecimento que não foi desativado, no entanto, foi o do Balneário Municipal.

Tratamento

Todas estas águas são tratadas em duas Estações de Tratamento de Água (ETA). Sendo as do Poquinha e da Prainha conduzidas a ETA III – capaz de produzir 30 litros por segundo – e do Cotrins à ETA II – responsável por 100 litros de água por segundo. Das ETAs as águas são então direcionadas aos bairros. Segundo Maria, se um reservatório estiver com níveis críticos a distribuição é remanejada.

Ao todo são seis os processos pelos quais a água passa para se tornar consumível. O primeiro é a coagulação. Após ser captada, a água recebe uma dosagem de coagulante para que as partículas se tornem mais sólidas. Feito isso o líquido coagulado é levado à tanques para a floculação, onde é transformado em flocos mais pesados. Nesse período também ocorre a aglutinação das impurezas da água e os flocos de impurezas se separaram da água, iniciando a decantação, que coloca os detritos no fundo dos tanques. A água que resta da decantação passa pela filtração a fim de que se eliminem dela as impurezas mais finas e que receba cloro (desinfecção). A última etapa consiste na fluoretação, que adicionada à água fluorsilicato de sódio ajuda a reduzir a incidência de cáries dentárias. Ao término do processo, a água segue para os reservatórios distribuídos pela cidade e então às casas.

Data

O Dia Mundial da Água foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992 com o propósito de ampliar o debate por este bem não renovável. Além da data, a ONU também divulgou no mesmo dia a Declaração Universal dos Direitos da Água, ordenada em dez artigos que sintetizam as ações de cuidado com os recursos hídricos.

Como toda a população necessita da água para a sua sobrevivência, em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou, através da Resolução A/RES/64/292, que a água limpa e segura e o saneamento básico são direitos humanos. Sendo assim, a água de qualidade e o saneamento básico passaram a ser um direito garantido por lei.

Parte da Declaração publicada em 22 de março de 1992 ordena que:

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;

2-A água é a seiva do nosso planeta;

3- Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;

4- O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;

5- A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;

6- A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;

7- A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada;

8- A utilização da água implica respeito à lei;

9- A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;

10- O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

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