08/01/2017

Conheça o jovem de Artur Nogueira que desenvolve desenhos e caricaturas

Amor pelos desenhos surgiu aos sete anos de idade

Michael Harteman

Milton José Staiger Junior nasceu em Cosmópolis, mas sempre morou em Artur Nogueira. Hoje, aos 26 anos, Junior é um desenhista e caricaturista profissional. Na infância, era apaixonado pelos desenhos animados, porém só assistir não era suficiente. Seu hobbie feito com lápis e papel na mão e objetivo era copiar as imagens que estavam na TV. Os anos foram  se passando e o jovem foi se dedicando cada vez mais à arte. Atualmente, ele faz desenhos de vários tipos e atende clientes via internet.

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Como surgiu o interesse nos desenhos? O interesse surgiu porque na minha infância eu assistia muitos desenhos japoneses, como Dragon Ball, Digimon e Pokémon. Eu olhava para esses desenhos e achava interessante. Eu tentava fazer igual. Me lembro que eu assistia aos desenhos com um lápis e papel na mão, ficava rabiscando e tentando copiar. Na infância, eu trocava algumas brincadeiras por desenhar, era o que me chamava a atenção. Isso foi mais ou menos a partir dos sete anos de idade, aquela fase em que a criança assiste bastante desenho.

Como eram os primeiros desenhos? Eram bem básicos. Ficava um pouco parecido, mas eram desenhos bem simples. Com o passar do tempo, começou a surgir o desejo de desenhar fotografias. Eu pegava as fotos e começava a desenhar. Comecei a tentar desenha os rostos, que é uma das partes mais difíceis. Além disso, faço desenhos de paisagens também. Quando cheguei aos 14 anos, eu fiz um curso que tinha um ano de duração e era voltado para desenho artístico. Nessa época, me surgiu o interesse de fazer desenhos cada vez mais realistas, pois eu só fazia o Mangá. Até hoje eu estou me aperfeiçoando. Nesse período de curso eu evolui bastante no desenho artístico.


“Me lembro que eu assistia aos desenhos com um lápis e papel na mão,  ficava rabiscando e tentando copiar.”


Como foi durante o período escolar? Desenhava muito. Os colegas de sala se aproximavam para eu desenhar para eles. Nas aulas de Artes, amigos vinham pedir para eu fazer o desenho, eu fazia isso praticamente para a sala inteira (risos), todos queriam entregar os desenhos feitos por mim. As minhas notas em artes eram excelentes.

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Você iniciou por incentivo de alguém ou foi por conta própria? Eu iniciei por conta própria, por assistir os desenhos mesmo. Mas à medida que o tempo foi passando eu passei a admirar alguns desenhistas. Hoje, admiro bastante o Charles Laveso, ele faz desenhos realistas; admiro bastante o trabalho dele, acompanho algumas aulas dele pela internet. Além de tudo, Laveso é deficiente físico, isso serve de motivação sobretudo. Eu tenho uma tia de São Paulo que me incentivou muito, ela me trazia os materiais que são caros. Os lápis, por exemplo, não são comuns, são próprios para desenhos e os melhores são importados. O papel também é especial e dispendioso. A família sempre apoiou bastante. Meu avô é outro que sempre incentivou, ele levava meus desenhos para os amigos verem. Hoje ele tem muitos desenhos meus guardados.

Você hoje vive de desenhos. Como é viver de arte? É bem complicado viver de arte pois as pessoas não dão valor. Você encontra pessoas que gostam, mas a maioria não se importa. Já cheguei a cobrar um determinado valor por um desenho e a pessoa achar quer não vale o que eu cobrei, a pessoa não analisa o tempo que você levou para fazer aquele trabalho. Além disso, a pessoa não percebe o período que levei para me aperfeiçoar para chegar no nível que estou hoje. Eu quero continuar vivendo de desenhos e no futuro ter uma escolinha, podendo ensinar o meu trabalho. Eu vejo o desenho como uma ferramenta que pode ajudar a criança a sair da ociosidade e dar mais disciplina a elas. O desenho exige dedicação e isso certamente pode ajudar as crianças.


“É bem complicado viver de arte pois as pessoas não dão valor”.


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Em quais locais você produz? Eu já fiz desenhos ao vivo nas ruas, são aqueles que a pessoa chega e pede para fazer um live. Também já participei de confraternização em empresas, onde fazia o desenho do pessoal. Já fiz desenhos em aniversários, também no Enflor e numa feira em Jagariúna. Mas, atualmente, a maioria dos desenhos são feitos em casa, por encomenda. Tenho uma página no Facebook, onde recebo os pedidos.

Já passou por alguma história engraçada ao desenhar? Eu me lembro que quando comecei, fui para uma festa de aniversário em Holambra. Fui contratado para fazer mangá da criançada, mas aí os adultos chegaram e queriam fazer caricatura também. Aí fiz várias caricaturas, um segurando lata de cerveja, outro meio “bebum” (risos), era uma festa para eu trabalhar com a criançada e no final os adultos se divertiram tanto quanto. E algumas coisas engraçadas aconteceram no meu início. Quando eu comecei a fazer desenhos mais realísticos, eu ia desenhar algum parente, quando eu mostrava o desenho as pessoas perguntavam, ‘mas quem é esse aí?’ (risos). Poxa eu estava desenhando a própria pessoa e ela não reconhecia. Aí eu, às vezes, tinha que dizer que eu inventei aquele rosto.


“…era uma festa para eu trabalhar com a criançada e, no final, os adultos que se divertiram.”


Existe preconceito quando se fala em viver de desenhos? Existe preconceito sim, quando você fala que vive de desenho as pessoas estranham bastante. Os pais ficam felizes quando um filho joga bem futebol, mas se ele desenha bem as pessoas normalmente não se importam. Alguns não conseguem imaginar alguém vivendo de desenho. Mas hoje existem vários ramos para se seguir, até mesmo desenhos industriais.

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Como você inicia a produção de uma caricatura? Faço primeiro o rascunho bem leve. Uso algumas formas geométricas. Quando se faz uma caricatura você primeiro precisa imaginar como vai colocar a pessoa no desenho. Nas caricaturas, normalmente se pega o defeito do rosto da pessoa e o torna muito mais perceptível. Eu não gosto de exagerar tanto porque algumas pessoas ficam ofendidas. Às vezes, deixo o corpo da pessoa mais engraçado e o pessoal gosta bastante.


“Quando se faz uma caricatura você primeiro precisa imaginar como vai colocar a pessoa no desenho.”


Você faz desenhos digitais, aprendeu sozinho ou fez algum curso? Aprendi sozinho a mexer na mesa digitalizadora. Fui para Campinas e comprei uma na promoção e comecei a fuçar nela. No início, é complicado, pois quando fazemos esses desenhos nós não olhamos para ele, mas sim para a tela. Hoje existem mesas profissionais em que você faz o desenho na própria tela, mas o custo é muito alto, um dia terei uma dessas. No início, os desenhos digitais não me agradaram tanto. Eu achava a cor muito artificial, não conseguia colocar uma sombra realística e nem um bom reflexo nas imagens. Mas com o tempo e com bastante persistência fui me aperfeiçoando. Ainda hoje vejo que preciso me aperfeiçoar bem mais.

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Quais são os valores cobrados pelos desenhos? Os valores variam bastante, as caricaturas mais básicas custam em média cinquenta reais. Já um desenho realista pode passar dos mil reais. O tempo de desenho também varia bastante, depende do tamanho que a pessoa quer. Numa folha maior, um desenho bastante elaborado pode demorar até um mês para ficar pronto. Numa folha A4, eu peço cinco dias úteis para entregar, dez dias no A3 e trinta dias no A2.

A arte depende bastante da inspiração do artista, é assim também com os desenhos? O desenho depende também de inspiração. Tem dia que não vai, se você não tiver com paciência ou inspiração as coisas não acontecem. Por outro lado, às vezes, o desenho sai com bastante facilidade. Quando estou inspirado chego a perder um pouco a noção do tempo. Já aconteceu de eu acordar no meio da madrugada e querer desenhar, é como um músico que levanta para escrever uma música. É uma paixão mesmo!

 


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