08/10/2017

Conheça a primeira policial feminina da Romu de Artur Nogueira  

ENTREVISTA: Taís Pollak comenta experiência na Saúde, desafios do trabalho na Polícia Municipal e o que a motiva a se arriscar todos os dias

Da redação

Aos 40 anos de idade, Taís Pollak é uma figura imponente. Um metro e oitenta de altura, farda policial, colete à prova de balas, arma na cintura, munição e algemas no cinto – a primeira mulher a integrar uma equipe da Ronda Ostensiva (Romu) da Polícia Municipal de Artur Nogueira.

Apesar disso, não abre mão da delicadeza e da alegria. Antes de tirar as fotos para a entrevista, fez questão de deixar o cabelo perfeitamente ajeitado debaixo da boina preta e retocar a maquiagem. Quando não está em serviço, parece estar sempre distribuindo um sorriso simpático. Mãe de quatro filhos, ela trabalhou por 14 anos na área da Saúde, sendo 11 no Pronto-Socorro Municipal de Paulínia (SP).

Taís conversou com o Portal Nogueirense e falou sobre a experiência que teve fazendo avaliações de risco, o que a família pensou quando decidiu mudar de setor e quais os desafios que enfrenta diariamente no trabalho policial.

Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Antes de integrar a Polícia Municipal, você trabalhou muitos anos na área de saúde. O que você fazia? Como era sua vida nesse período? Eu trabalhei como auxiliar de enfermagem durante 14 anos, sendo os últimos 11 no Pronto-Socorro Municipal de Paulínia (SP), onde também era concursada. A rotina na área de saúde também era bastante puxada, principalmente porque os meus filhos ainda eram bem pequenos quando eu comecei. Meu último posto na Prefeitura de Paulínia foi na triagem do Pronto-Socorro, fazendo avaliação de risco. Eu particularmente amava exercer essa função, mesmo sabendo que nenhum dos meus colegas se disponibilizava a exercê-la, devido ao grande risco que envolve, não somente os pacientes mas também ao funcionário que responde pela avaliação. Hoje, essa função é exercida exclusivamente por enfermeiros.

Por que você decidiu se tornar uma policial municipal? Eu pedi exoneração da Prefeitura de Paulínia para montar um negócio próprio. Fiquei trabalhando por conta durante dois anos, mas não tive os resultados que eu gostaria. Quando vi o edital para concurso da Guarda Civil Municipal, me interessei de imediato. Para mim era uma oportunidade de voltar ao serviço público, que é algo que eu gosto, e de trabalhar num horário que eu já conhecia bem (no caso, a escala de 12/36).

O que sua família te disse quando você anunciou que se tornaria uma policial? Eles ficaram felizes pela classificação no concurso, já que fui a primeira colocada, e me apoiaram. Minha família torce muito pelo meu sucesso.

Quais as maiores dificuldades que encontrou para conseguir ingressar na corporação? O processo de admissão do servidor público na área de segurança possui várias etapas. Particularmente, e sem sombra de dúvidas, minha maior dificuldade foi a realização do teste de aptidão física. Sou 100% libriana, adoro comer, dormir, namorar, ter ócios produtivos. Exercícios físicos e academia para mim, são temas de filmes de terror.

Quais as diferenças entre o trabalho de um policial masculino e uma policial feminina? Basicamente um número maior de abordagens em partes femininas, já que a incidência da participação de mulheres na conduta criminosa é crescente e bastante relevante. Quanto à parte técnica e à habilitação em armas de fogo, não há diferenciação.

Quais os principais desafios para uma mulher ao fazer parte da Polícia Municipal? O trabalho na esfera policial, em seus mais variados âmbitos, ainda é exercido majoritariamente por homens. Cabe à mulher provar a sua capacidade de ocupar esse espaço. Aspectos como racionalização e discernimento, tomada de decisões e equilíbrio emocional podem ser colocados à prova nos momentos mais improváveis. Uma decisão tomada em uma questão de segundos pode afetar vidas de forma permanente. É necessário manter-se constantemente em estado de atenção. Conduta ética e postura moral são atributos essenciais para quem pretende ingressar nessa profissão. Chegar em casa emocionalmente estável, ainda que fisicamente exausta, são desafios diários aos quais nos submetemos durante cada plantão. Superá-los faz tudo ter valido a pena.

O que te motiva a sair de casa todos os dias para cumprir a arriscada tarefa de garantir a segurança dos nogueirenses? Acredito que não estejamos aqui a passeio. Acredito que todos temos uma missão, algo que dá significado à nossa existência. Acredito que a minha missão, assim como a de tantos outros, seja a de servir sem olhar a quem. Foi com esse entendimento que eu entrei na área da Saúde e é com ele que eu sigo na área de Segurança Pública. Para mim, nesse sentido, só o que mudou foi o âmbito de pessoas atendidas, a “clientela”. Mas, definitivamente, não é o tipo de atividade que se exerce em função de salário, pode acreditar.

Como você se sente sendo a primeira policial da Romu? Sinto-me orgulhosa e plenamente grata.

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