10/05/2015

Conheça a nogueirense que adotou uma criança com paralisia após não conseguir engravidar

DIA DAS MÃES: Neste domingo especial, o Portal Nogueirense traz a emocionante história de Neide, um exemplo de mãe e amor incondicional a filha: “Sem ela minha vida seria vazia”.

Um dia especial requer uma história especial. E ninguém melhor do que Neide Maria Rocha Peinado para ser, hoje, a protagonista desta história. A dona de casa, de 58 anos, moradora do bairro Itamaraty em Artur Nogueira, tem uma trajetória surpreendente de vida: tentou ser mãe por duas vezes até adotar, com cinco meses de idade, a encantadora Vitória Larissa Peinado. “Fui buscar a Vitória em Minas Gerais”, diz Neide, com aquele sorriso típico de quem suporta o que for necessário para ver um filho feliz.

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Nascida em Junqueirópolis, próximo de Baurú, no interior de São Paulo, a dona de casa morou boa parte da vida na capital. Aos 35 anos casou-se com José Roberto Peinado e tentou por três anos ser mãe biológica, mas devido a problemas de saúde recorreu ao método de inseminação artificial. Na primeira vez, o bebê de Neide nasceu aos oito meses, mas não resistiu e faleceu no mesmo dia do nascimento.

Na segunda tentativa por inseminação, a gravidez durou quatro semanas. Desolada, Neide resolveu então adotar uma criança, mas encontrou diversas barreiras legais na capital. “Em São Paulo foi exigido muita coisa e não pude adotar lá”, conta a dona de casa. Foi quando Neide recorreu a familiares do interior de Minas Gerais, que ficaram sabendo de uma mãe que pretendia colocar a filha para adoção quando nascesse.

Avisada, Neide foi até Santo Antônio do Retiro (MG) assim que Vitória nasceu. “Na noite em que chegamos para buscá-la, ela [Vitória] ficou doente e foi levada para um hospital em Montes Claros (MG), pois no hospital em que ela nasceu não tinha recursos. Como ela estava apenas com sete dias de vida, ninguém sabia o que ela tinha. Só sei que ela teve uma convulsão e febre muito alta e ficou entre a vida e a morte. Acabou ficando com uma sequela, que foi a paralisia cerebral”, explica Neide.

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Com a paralisia, uma série de outros problemas de saúde apareceram, dentre eles uma escoliose – desvio na coluna cervical. Neide aguardou por cinco meses pela recuperação da menina, até adotá-la e trazê-la para Artur Nogueira. Durante o período em que Vitória se recuperava, Neide afirma que não cogitou sequer por um instante desistir da adoção.

Diante das complicações de saúde de Vitória, a dona de casa se tornou uma guerreira incansável na luta pela vida da filha, sendo considerada exemplo por amigos e pela família, incluindo a própria mãe, que ajuda diariamente a cuidar da neta. Neide é disciplinada e incansável nas medicações para o tratamento de Vitória, que frequentava a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) de Osasco onde cuidava da parte neurológica e a AACD da Vila Mariana, na capital, onde fazia o tratamento ortopédico. Vitória fazia ainda um tratamento gástrico na Unicamp, em Campinas. O armário onde estão guardados os medicamentos de Vitória é mantido rigorosamente organizado.

Com oito anos, Vitória foi diagnosticada com uma pneumonia bacteriana, devido as complicações no sistema respiratório. A ação da doença foi tão violenta que deixou Vitória na UTI por meses e internada por três anos em um hospital de Sumaré. Hoje, aos 13 anos, Vitória respira com a ajuda de aparelhos, através de uma traqueostomia.

“Eu até estranhava quando os médicos me perguntavam se ela já tinha tido pneumonia. Um deles me disse ‘se ela não pegou ainda é porque você cuidou direitinho, mas infelizmente com o tempo ninguém pode”, ouviu Neide dos médicos que cuidavam de Vitória na AACD de Osasco.

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Além da dedicação à filha, Neide cuidava do marido, José Roberto Peinado, falecido há três anos, que sofria de epilepsia. Nos últimos anos, antes de falecer, Peinado estava muito doente e acabou coincidindo com o período em que Vitória ficou internada em Sumaré. “Morava no hospital, vinha para casa cuidar de meu marido, lavar algumas roupas e voltava para lá. Assim foi minha rotina por três anos”, conta Neide.

Perguntada sobre a sensação de ser mãe, após todos estes desafios impostos pela vida, Neide não esperou o fim da questão para responder. “A Vitória é tudo na minha vida. Não é esforço nenhum. Tudo o que eu faço é com amor”, diz enquanto observa a filha. “Ela não me dá trabalho, o que me dá trabalho é a burocracia”, desabafa Neide.

“A Vitória me realiza como mãe, mesmo com os probleminhas que tem”, minimiza uma mãe determinada e disposta a permanecer ao lado da filha. “Eu a amo como se eu a tivesse gerado. Sem ela não sou nada, minha vida seria vazia”.


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