19/02/2015

Cinco artistas de Artur Nogueira que você tem que conhecer

Talvez você já tenha ouvido ou conversado com um deles mas, provavelmente, ainda não valorizou os trabalhos produzidos por esses artistas.

Diego Faria

A cidade de Artur Nogueira concentra uma gama de artistas que desenvolvem trabalhos interessantes e dignos de reconhecimento. Apesar do anonimato, a arte é tratada por eles como algo sério, onde a dedicação é notável. Artesanato, dança, desenho, escultura e poesia são exemplos das atividades artísticas existentes no município.

O Portal Nogueirense entrevistou alguns desses artistas e descobriu curiosidades e o talento que existe nas mãos de cada um. A criatividade, improviso e acima de tudo a habilidade de criar e dedicar isso ao próximo, fazem desses artistas um diferencial na cidade.

Artesanato

Vilma de Resende Carlini tem 57 anos, é natural de Ituiutaba (MG) e vive em Artur Nogueira há 13 anos. Ela se dedica à arte do mosaico e recuperação de móveis antigos. Sempre gostou de artesanato e após se mudar para um sítio no município tomou gosto pela prática, que segundo ela, funciona como terapia. Suas obras em mosaico são sempre coloridas e cheias de formas. Os pequenos pedaços de azulejos usados nos mosaicos, ao serem colados, integram desenhos que retratam a natureza em sua mais bela essência. “O mosaico é um desafio e um exercício de paciência também. Exige técnica. Quando vejo pronto é uma alegria”, afirma.

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Em relação à recuperação de móveis, Vilma diz que encontra a maior parte deles nas ruas, sendo descartados. São em maioria peças antigas em madeira maciça que recebem tratamento em raspagem, verniz e betume. Nas mãos dela, uma cama se transforma em banco. Cabeceiras viram espelhos. Tudo é aproveitado por essa verdadeira artista. “Tudo é aproveitado. Aqui um azulejo vira obra de arte, tronco vira vaso. A natureza nos dá muitos recursos”, completa.

Vilma não produz os seus trabalhos com o intuito de ganhar dinheiro, mas quando recebe encomendas, ela faz tudo com a maior dedicação. “Faço pelo próximo. Além de me proporcionar prazer em forma livre de expressão”, declara. Ela não costuma expor os trabalhos, nem mesmo em feiras, “minha casa já é uma grande exposição”.

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O artesanato é de fato uma paixão na vida de Vilma, que passa horas ou dias produzindo sempre uma nova peça.

Dança

Gabriela Freire Trombeta Calheiros tem 25 anos, natural de São Paulo, mora em Artur Nogueira há aproximadamente dois anos e atua como professora de ‘dança do ventre’ na Academia Corpo Informa. Gabriela conta que desde os oito anos se interessa pela dança, nessa idade já fazia balé, e posteriormente, jazz e musicais em teatro.

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Com o passar do tempo a dança foi perdendo espaço para os estudos e demais atividades. Mas, após se mudar para Artur Nogueira, Gabriela decidiu voltar a se empenhar à dança de forma que pudesse tê-la como profissão. Se aperfeiçoou em dança do ventre e ministrou alguns projetos no Espaço Cultural Tom Jobim, onde oferece aulas gratuitas até hoje.

A arte da dança do ventre é repleta de simbologias e significados. Segundo Gabriela, os braços simbolizam a serpente, o que remete à força feminina; o quadril representa a água em influência do sol e da lua; as mãos simbolizam as flores no desabrochar. Os coloridos véus usados (sete ao todo), representam os chacras, ou, pontos de energia existentes no corpo humano. “Muita gente remete a dança do ventre à sensualidade, mas ela é uma dança delicada e feminina”, declara. A dança do ventre também integra o uso de espadas, o que significa equilíbrio.

As principais influências de Gabriela são bailarinas brasileiras como Ana Botafogo e a dançarina de dança do ventre, Joline Andrade. A artista também cita sua professora, Daniela Semeghine, como grande exemplo atual para a prática e profissão.

Gabriela diz que a dança do ventre não tem contra indicação e pode beneficiar a saúde do praticante tanto no sentido mental, quanto físico e emocional. “A gente indica começar a prática da dança do ventre por volta dos seis anos. Nessa idade a criança já tem postura, equilíbrio e possibilidade em desenvolver os movimentos que a dança exige”, afirma.

Gabriela acrescenta que pessoas com mais idade são maioria em suas aulas e que a dança tem proporcionado à elas melhor disposição, alto-estima e contribuído inclusive com o bom relacionamento familiar.

Para quem pensa em começar a praticar a dança do ventre, mas sente vergonha ou receio, Gabriela diz que é uma questão de tempo. “No início as pessoas se sentem retraídas e envergonhadas, o que é normal, mas com o tempo a pessoa se solta, e com isso se torna mais confiante”, acrescenta.

Desenho

Vinícius dos Anjos (Tio Vi) tem 25 anos, é natural de Cosmópolis e vive em Artur Nogueira há aproximadamente duas décadas. Ele trabalha como designer gráfico e nas horas vagas se dedica à arte de desenhar e ilustrar, paixão que o acompanha desde criança. Os temas são os mais variados que se possa imaginar, formas geométricas detalhistas como mandalas, desenhos abstratos e principalmente animais compõem a sua vasta obra. Sempre em um tom poético surreal.

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Já participou de exposições em Artur Nogueira e cidades da região, tendo um acervo de aproximadamente 60 exemplares. Seus desenhos, inclusive, já foram encomendados por pessoas de outros países, como República Checa. “Uma moça de lá viu os meus desenhos pelas redes sociais e fez uma encomenda”.

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Entre as suas influências estão o mangá, grafitti, cultura indiana, africana, e componentes brasileiros. A aquarela é uma forte marca nos desenhos do artista. Vinícius conta que o segredo para quem pensa em se dedicar ao desenho é o empenho. “Eu ouço muita gente dizendo que gosta de desenhar mas não leva jeito. O segredo é insistir, se aperfeiçoar e procurar uma bagagem para referência pessoal. Esse é o grande diferencial. Errar faz parte, é só apagar e começar de novo” declara.

Esculturas

Glauco Panfiete Zia é artista plástico e arte-educador. Ele tem 41, é natural de São Paulo e vive em Artur Nogueira há 24 anos. Formado em artes plásticas pela PUC de Campinas, Glauco desenvolve diversos trabalhos artísticos, entre eles esculturas em sucatas, madeira, pedra sabão e bronze. Também realiza pinturas em telas e grafitti.

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Atualmente ele dá aulas de artes para crianças especiais de Holambra. Nas horas vagas se dedica às esculturas, seja sob encomenda ou para o seu acervo pessoal. Os trabalhos desse artista carrega uma forte identidade, que segundo ele, não é só criatividade, mas também um viés crítico social. Trabalhos feitos com panelas velhas, indagam o consumismo e a fome mundial, sempre com uma característica de humor.

“Em meu trabalho existe uma crítica em torno do consumismo, embora cada um interprete à sua maneira. Mas o artista em si não está fora dessa questão de conscientização”, afirma.

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Glauco já expôs parte de seus trabalhos no Espaço Cultural de Artur Nogueira; na Expoflora em Holambra; galeria do Centro de Convivência de Campinas e em galerias de arte e espaços culturais de São Paulo. O artista não cria suas obras com o intuito comercial, mas sim como forma de pesquisa artística e aperfeiçoamento pessoal, e quando alguém faz uma encomenda, Glauco cria de forma única cada obra.

Como inspiração, Glauco conta que artistas como Salvador Dali, Ruan Miró, Tarcila do Amaral e os irmãos Campana contribuíram muito para a sua bagagem artística, mas elementos do dia a dia, como filmes, livros ou sonhos acrescentam de forma positiva em suas obras. “Em um momento de intuição, de forma espontânea podem surgir muitas ideias boas”, acrescenta.

A arte para Glauco é muito mais do que trabalho, é um estilo de vida e que está em constante transformação. “Esse é o objetivo do artista, se recriar, inovar, como os grandes artistas fizeram, é isso que procuro, me reinventar sempre”, declara.

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Quando questionado sobre o que a arte representa para ele, Glauco diz que “as obras de arte são só uma peça, e criam mensagens que podem contribuir na interpretação desse quebra-cabeça, que é a vida ”, declara.

Poesia

Victor de Queiroz Moore tem 24 anos, natural de Campinas, reside em Artur Nogueira há seis anos. Desde a infância é ligado à música e desenvolveu o dom da escrita relacionada à poesia quando adolescente. Estudou em colégio interno, onde passava muito tempo sozinho, dessa forma, a poesia foi uma maneira de expressar o que pensava, e transmitir para o papel a sua visão de mundo.

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Com influência do Rock´n Roll, Hip-Hop e de escritores como J. R. R. Tolkien (O Hobbit), Albert Camus (O Estrangeiro) e Fiódor Dostoiévski (Os Demônios), suas letras misturam romance, crítica e filosofia, sempre tendo a rima como base. A primeira letra de Victor foi exposta ainda no colégio, em um concurso de poesia onde teve destaque entre os outros alunos. De forma mais madura, Victor teve uma de suas letras interpretadas por uma cantora, e amiga, chamada Kelen Kochan. Ela se apresenta como cantora intérprete em festivais e bares da região.

O poeta nunca teve a intenção de publicar suas letras, embora isso esteja acontecendo de forma natural. “Não tenho um objetivo, essa é a melhor parte, escrever por prazer. Não pretendo ser exemplo. Tenho encontrado pessoas que se identificam com a mensagem que passo e é justamente isso, ter algo a dizer à respeito da vida, daquilo que é o mundo e exteriorizar isso”, declara.

As poesias escritas por Victor não tem uma intenção pré-destinada, partem do ponto de vista do momento. “Falo sobre uma situação engraçada que aconteceu comigo, ou se estou indignado com algum político, vai do momento”, afirma.

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Victor conta que caso publique suas ideias em livro, tomaria o caminho do romance, uma forte influência em suas letras e versos. Na opinião de Victor, a música é o melhor encaixe para o que propõe suas rimas. “Eu tenho algumas letras gravadas. Eu pego uma base de hip-hop ou ragga na internet, e canto a minha rima encima. Guardo para ouvir depois, mostrar para alguns amigos”.

Atualmente Victor participou de um Sarau de artes realizado em Cosmópolis, onde apresentou suas poesias em forma de versos.

Acompanhe na integra a letra de ‘Primavera no Asfalto‘, de Victor de Queiroz Moore:


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