“Quem escolhe por beleza não sabe o que faz”, diz seu Luiz Gallani de 81 anos, casado há 58 e cego há 75. Sentado diante do teclado de sua casa, ele toca um bolero para a esposa que está ao lado, no sofá, de óculos escuros e um vestido com flores que ele nunca viu. Com as mãos apoiadas à poltrona, Alice sente a música tocada pelo esposo e move os dedos conforme o tilintar das teclas. Absorve o ritmo. Quando ele termina ela o aplaude, brava “ÊÊ!”, e o recebe ao lado para discorrer sobre amor.

De igual forma acomoda-se dona Izoraide Albino ao lado de seu Nelson de Queiroz. Colocam duas cadeiras em frente ao jardim ordenado pelo casal, juntos naquele espaço há um ano e meio depois dos três anos do namoro começado na praia de Santos. “Nunca achei que amaria de novo”, diz Izoraide, viúva de década e mãe de um rapaz e uma moça. Mas com Nelson, ao passo da dança, resolveu recomeçar. “Se amor tem idade? Amor não tem idade”, garante a senhora do riso frouxo que não vê nos 14 anos de diferença do casal um problema, um paradigma, uma barreira.

Nem Matilde Figueiredo sente isso por ter se casado com um homem 10 anos mais velho que ela. A família até chiou. O que não valeu de nada para a noiva que fez questão de abandonar o pretendente para ficar com aquele desconhecido que lhe dava uma carona. “E eu faria tudo de novo”, frisa. Frase que deixa os olhos de Luiz Figueiredo reluzindo e o incita a pegar o violão e declamar: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer. Como é grande o meu amor por você”.

Quando o Dia dos Namorados é olhado além das vitrines do comércio, encontra-se a essência da alma dos apaixonados. Que rompem barreiras. Que rompem preconceitos. Que se arriscam. Que se aventuram. Que se beijam. Que se olham nos olhos na manhã dos 30 anos de casamento e ainda dizem bom dia, eu te amo. Mesmo que amor seja algo abstrato e infinito em conceitos é belo admirar e viver.

Por isso o Portal Nogueirense homenageia a todos os amantes com três histórias de nogueirenses apaixonados.

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