09/08/2015

Artur Nogueira tem o segundo maior número de agricultores familiares da RMC

Presidente da Coopafran diz que falta de incentivos pode reduzir o número drasticamente.

Por Isadora Stentzler

Uma pesquisa divulgada pelo Observatório Metropolitano de Indicadores da RMC (Agemcamp) apontou que Artur Nogueira possui 336 agricultores familiares, o que representa o segundo maior grupo de toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Já em extensão territorial Artur Nogueira registra a maior área ocupada para a prática com 3.290,1 hectares. Os dados foram calculados com base no Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Para o presidente da Cooperativa de Produção Agroindustrial Familiar de Artur Nogueira (Coopafran) as faltas de incentivos podem diminuir o número no futuro.

Na pesquisa a cidade de Campinas ficou em primeiro lugar em número de agricultores familiares, com 342 pessoas – seis a mais que em Artur Nogueira – em um território de 2.409 hectares. A cidade que aparece com o menor índice foi a de Hortolândia, com apenas cinco agricultores familiares divididos em 72 hectares.

Em toda a região o número chega a 2.443 agricultores familiares, o que representa 1,62% do total de pessoas nesta prática do Estado de São Paulo (190,5 mil) e mais da metade do número total de produtores rurais da RMC (4.163).

O presidente da Coopafran, Rosimaldo José Magossi, da créditos a esses números e pontua que só na Cooperativa há 48 famílias, uma média de 200 pessoas. “Mas eu não sei quantos desse total são agricultores familiares com DAP”, ressalta. A Declaração de Aptidão ao Pronaf, ou DAP, serve como uma certificação ao agricultor familiar da proveniência do produto e o permite vender à prefeituras a serviço de merenda.

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Em Artur Nogueira Magossi aponta que há uma variedade de culturas produzidas. O que inclui frutas, legumes e verduras. O problema, segundo ele, estaria nos incentivos.  “Por exemplo, o estado tem uma licitação de mandioca por R$ 7 o quilo. Produtor da Cooperativa vendendo a mandioca a R$ 1. Mas para participar dessa licitação a mandioca tem que estar congelada e embalada a vácuo. O produtor não tem esse maquinário todo, então fica de fora”, exemplifica.

A agricultura familiar é a maior responsável pela segurança alimentar dos brasileiros, produzindo 70% dos alimentos que chegam à mesa da população, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

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Mas embora o número de agricultores seja elevado no município, nem todos os filhos desses agricultores devem permanecer no campo. Magossi calcula que da Cooperativa quatro famílias de agricultores devem se aposentar e os filhos não tendem a atuar na roça. “Se eles tratassem bem o agricultor, aumentassem os incentivos as pessoas não sairiam tanto. Seria bom se tivessem cursos, escolas agrícolas, para ensinar e valorizar o produtor. Mas nada disso acontece.”

O impacto disso seria a redução dos alimentos no mercado, os preços elevados e a má qualidade.

“A soja, o milho, a pecuária não sustenta o mercado. Os agricultores sustentam”, frisa Magossi.


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