Após morte da filha, mãe busca ajuda para saldar dívidas em Artur Nogueira

Dona Irene de Jesus ficou no chão. Desde que perdeu a filha Daniele Santos Nascimento, há quase um mês, viu-se sozinha, sem a companhia daquela que chamava por melhor amiga. A isso ainda, somou-se a saudade. Tristeza. Uma solidão aqui e acolá que acompanha Irene toda vez que encara um retrato da filha.

Daniele era autista, possuía deficiências múltiplas e morreu com 19 anos no dia 21 de março devido a uma parada cardíaca. Ela havia dado entrada no Pronto-socorro de Artur Nogueira no dia 24 de fevereiro com fortes dores, sendo encaminhada com urgência para o hospital Santa Gertrudes, em Cosmópolis. A perda, para a mãe, é algo irreparável. “Eu passei por muita coisa na vida. Ter a Dani me fez aprender mais, ver o outro lado das coisas… viver de verdade”, exprime com olhos às lágrimas. “Agora eu tô naquela fase ainda de tipo assim… eu não vou sair de casa porque ela vai chegar. Porque antes era assim.”

Desde que a menina nasceu e foi diagnosticada com a deficiência, dona Irene se abdicou do serviço e entregou completa dedicação à filha. “Eu fazia o possível e o impossível para fazer ela feliz. Vivi o mundo dela. Todo ano fazia uma viagem, tentava levar ela à praia. E como ela gostava da praia”, recorda-se. O dinheiro para isso vinha de um benefício que a filha ganhava do governo no valor de R$ 1,2 mil, único recurso das duas.

Quando Dani ficou doente, boa parte desses valores foram investidos em óleos e remédios para a menina, o que deixou Irene endividada. Além disto, o aluguel e outras contas da casa também não foram quitadas.

“Agora não sei o que fazer”, desabafa Irene. “Eu consegui aceitar que foi da vontade de Deus, que ela estava sofrendo muito, mas assim, o que eu não tô conseguindo é tipo assim: o que é que eu vou fazer? Porque eu doei todas as minhas coisas, só fiquei mesmo com meu computadorzinho, que tem umas fotinhos dela, televisão e geladeira – que é mais difícil de comprar. Mas eu fico: meu Deus, se a minha saúde ainda estivesse boa [se referindo à dores nas costas] eu ia fazer bico, alguma coisa. Mas eu não tô conseguindo. Eu tô reagindo, mas não estou conseguindo.”

Por isso Irene se mudou para a casa da mãe temporariamente. Mesmo assim pede ajuda.

O contato dela é pelo telefone (19) 9 92335582 ou pelo Facebook Irene Jesus. “Quero dar um jeito nas coisas. Voltar a estudar. E também ajudar outras mães que perderam filhos ou que tenham filhos com deficiência. Acho que essa é minha missão agora.”

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