LUTO: Sepultamento de Osvaldo Sia reúne mais de 600 pessoas

Alex Bússulo

O corpo de Osvaldo Sia chegou na Câmara Municipal de Artur Nogueira no início da madrugada de segunda-feira (18). De lá para cá, mais de três mil pessoas passaram pelo local para deixar uma última mensagem. Familiares, amigos, empresários e políticos marcaram presença durante todo o dia.

O tempo todo foi marcado por canções e homenagens. “Ele sempre foi um homem de fé. Sempre prezou pela família. No fundo, acho que ele já estava sentindo que iria morrer. Há cerca de 15 dias ele me ligou e me cobrou a compra do CD do Padre Zezinho. Vivia dizendo que no velório dele deveria ter música e um clima alegre. Nada de tristeza. Dizia que a verdadeira eternidade está no céu”, afirma uma das filhas de Osvaldo, Graci Terezinha Sia Santana.

Mais de doze coroas de flores homenagearam o nogueirense. “Certa vez ele teve um sonho em que havia morrido e que, lá no céu, havia muitas flores. Desde então sempre falava que gostaria que colocassem muitas flores em seu velório. Falava também que em vez de terra gostaria que as pessoas jogassem pétalas em sua sepultura. Meu pai foi um verdadeiro anjo em nossas vidas”, afirma a filha, Vandemeire Aparecida Sia Santos.

Ao chegar na Câmara, o caixão foi aberto e teve parte coberta pela bandeira de Artur Nogueira. Às 15 horas de segunda-feira (18), o padre Sidney Wilson Basaglia, da Paróquia São Joaquim e Santana de Mogi Mirim, celebrou a missa para cerca de 400 pessoas.

Logo em seguida o corpo seguiu em cortejo para o Cemitério Municipal de Artur Nogueira. Às 16h50, Osvaldo Sia foi sepultado, sendo homenageado por mais de 600 pessoas.

MORTE

O ex-vereador e empresário Osvaldo Sia foi declarado morto na manhã de domingo (17). O nogueirense lutava contra a morte desde a última sexta-feira (15), no Hospital da Unicamp, em Campinas. Segundo a família, a causa do óbito foi morte cerebral.

O nogueirense foi atropelado na Avenida Dr. Fernando Arens por uma motocicleta enquanto atravessava a rua. Osvaldo foi socorrido por uma ambulância e encaminhado para o Pronto-Socorro Municipal de Artur Nogueira, onde recebeu o primeiro atendimento. Minutos depois, a vítima foi transferida para o Hospital da Unicamp, em Campinas.

VIDA

Osvaldo Sia tinha 78 anos de idade e era casado com Izabel Filipini Sia. Além de Meire e Graci, também deixa o filho Valdeir Sia. Na política, foi vereador na Câmara Municipal de Artur Nogueira em duas gestões, a primeira de 65 a 69, e a segunda de 69 a 73. “O falecimento do senhor Osvaldo Sia é uma perda que entristece os meios políticos e sociais de nosso município. Já que sua atuação como vereador e, principalmente, como cidadão influiu diretamente na construção da história de Artur Nogueira. Sua vida pública servirá como exemplo a ser seguido por todos que lutam pelo bem da coletividade”, afirma o presidente da Câmara, Silvinho Conservani.

Sempre participativo e caridoso, foi membro fundador da Aidan (Assistência aos Idosos Desamparados de Artur Nogueira) e Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Entre as empresas nogueirenses, possuía uma galeria no centro da cidade e um pesqueiro na saída para Holambra.

CARTA

Em 2006, Osvaldo Sia publicou uma carta no livro ‘Janela Aberta: História Política de Artur Nogueira’, dos autores Sérgio Augusto Fromberg Ferreira e Luiz Carlos Mano Ferreira. No texto, o nogueirense conta como trabalhou durante e vida e como conquistou diversas propriedades. Confira:

“Dos 14 aos 21 anos de idade comercializei gado em prol da minha família. Nessa época me casei com Izabel, em 23 de junho de 1955. Em outubro de 1955, efetuei a minha primeira compra de um imóvel de 12 ha e, após dois anos, quitei o empréstimo. Em 1956, efetuei a compra do imóvel Sítio Santa Lúcia, dando de entrada a venda referente aos 12 ha descritos acima. O restante, eu e minha esposa, pagamos, trabalhando na destoca para o plantio de arroz, mandioca e algodão. Vendo que não teríamos condições de saldar a dívida no tempo previsto, demos início a uma pequena olaria, em 15 de novembro de 59. Com muito sacrifício, conseguimos saldar o pagamento do sítio.

Após cinco anos de trabalho, consegui comprar um prédio comercial na Avenida Dr. Fernando Arens, centro de Artur Nogueira, onde instalei uma loja de Materiais para Construção. Após três anos, consegui a compra de uma máquina tijoleira, pioneira na região e, em seguida, em 67, transformei-a na “Cerâmica Santa Luzia”. Em 82, transferi a loja de Materiais para Construção ao meu genro, Joaquim Francisco de Santana Filho.

Abnegado que sou pela criação de gado, sonhando com a compra de uma fazenda, vi o sonho se tornar realidade em 02 de novembro de 73, quando comprei a Fazenda Santa Luzia, em Rio Verde – GO. A primeira iniciativa foi a destoca pela Goiás Rural. Mediante a acidez da terra, durante os dois primeiros anos, cultivamos arroz. Com isso o solo foi corrigido com a aplicação de calcário, tornando-se apto ao cultivo de soja.

Fui desencorajado a isso pelo departamento de agronomia de Goiás, que achava a área improdutiva. Lutador como sempre fui, plantei 90 ha de soja e consegui provar que a região é um grande celeiro para a modalidade. A Embrapa me concedeu o diploma de ‘Profissional do Ano em 1986’, pelo Estado de Goiás.

A partir de então, após o sucesso do plantio, consegui recursos para a compra de minha segunda propriedade, localizada em Caiapônia – GO. Trata-se da Fazenda Santa Terezinha, que possui 2.129 ha, onde centralizo a criação de gado. Outra aquisição em Goiás foi a Fazenda Nossa Senhora Aparecida.

Em 1981, como industrial do ramo de Cerâmica, sentia necessidade de contribuir também para o reflorestamento de áreas desmatadas. Assim, adquiri uma propriedade denominada ‘Reflorestamento Santa Luzia’, em Jacutinga – MG, com o plantio de 110 mil pés de eucalipto.

Pensando em transformar o distrito de Montividiu – GO em município, adquiri junto à Rodovia GO-174, uma propriedade com área de 55 ha, transformando-a em loteamento, visando o desenvolvimento do município”.  

Osvaldo Sia sempre foi um grande empreendedor. Um verdadeiro sonhador que lutou e trabalhou para conquistar os objetivos. Mesmo com todo o sucesso profissional, o nogueirense sempre prezou pela integridade da família e também pela religião.

Foto registrada na última segunda-feira (11) durante o Carnaval de Artur Nogueira / Márcia Castro