10/09/2014

Ao orar, cuidado, Deus pode ouvir!

Por Camilo Martins Samuel Evangelista do Nascimento, para os mais íntimos, Samuel Negão. Quando já estava com seus vinte e oito anos foi estudar. Tudo bem, nunca é tarde. Samuel é aquele cara, digamos, diferente. Todos os colegas faziam o curso de contabilidade, mas ele foi fazer o curso de magistério, só ele de homem […]

Por Camilo Martins

Samuel Evangelista do Nascimento, para os mais íntimos, Samuel Negão. Quando já estava com seus vinte e oito anos foi estudar. Tudo bem, nunca é tarde. Samuel é aquele cara, digamos, diferente. Todos os colegas faziam o curso de contabilidade, mas ele foi fazer o curso de magistério, só ele de homem na classe… Samuel estava contente, trabalhava na marcenaria e assim tocava a vida. Todos no colégio gostavam muito do negão.

Havia tido, como muitos, o grande amor de sua vida, a qual pra ele era Baby Love. Foi um amor frustrado. Ficou no passado. Agora Samuel partiria pra outra.

Havia uma moça, morena e simpática, Nádia Beleza, que já tinha passado do prazo de validade, digo, tinha uma certa idade e fazia ainda a terceira série primária. Isso não era problema, afinal de contas o negão também postergou. Samuel investiu e se saiu muito bem e os dois começaram a namorar.

Depois que terminou o curso de magistério o Samuel começou a estudar na Faculdade de Teologia, queria ser pastor. Quando estava no segundo ano ele casou-se com Nádia. Dois anos depois nasceu uma linda menina. Samuel vivia bem com Nádia e na expectativa de sair a trabalhar e assim viver feliz para sempre, afinal esse é o sonho de todo mundo.

Mas o negão tinha seus limites no aprendizado e já estava com sete anos estudando Teologia (o curso só é 4 anos) e não terminava o curso e o pior já perto dos quarenta anos.

Um dia o diretor da faculdade conversou com os colegas professores e resolveram que iriam passar o negão para que ele se formasse. Assim fizeram. Samuel ficou muito feliz, não aguentava mais as lutas e dificuldades pelas quais passava para se manter estudando e sustentando a família.

Samuel mudou-se com a família para Brasília. Infelizmente não recebeu um chamado para trabalhar como pastor. Estava trabalhando como servente de pedreiro numa construção.

Um pastor que o conhecia o encontrou nessas circunstâncias. Perguntou o que tinha acontecido e porque estava naquela situação. O negão contou e recebeu uma proposta do amigo para trabalhar como um obreiro bíblico numa série de conferências que estava sendo realizada ali no bairro. Samuel sem titubear aceitou.

A vida não estava fácil e Samuel enfrentava muitos problemas com a esposa. Não era o tipo de mulher que ele pensava pra ele, descobriu depois. Nádia havia mudado muito. Não era carinhosa, boa mãe e, nem mesmo aquela mulher piedosa e espiritual que ele havia conhecido lá no colégio, onde ela era até monitora no prédio das meninas. Alguma coisa estava acontecendo. Nádia xingava, brigava sem motivo, dizia palavrões, maltratava as pessoas. Samuel entrou em pânico, ficou sem saber o que fazer e apelou para o que conhecia, Deus.

Um dia Samuel orou: Senhor meu Deus, por favor, tire essa mulher da minha vida, em nome de Jesus, amém!  Orou e passou a orar sempre. Talvez não imaginasse o efeito da prece, ou o seu alcance, e orou fervorosamente. Nem pensou como isso pudesse acontecer.

Numa manhã ensolarada, Nádia saiu com a filha para o centro da cidade, foram fazer algumas compras com o pouco dinheiro que Samuel havia ganhado de salário naquele mês. Quando estavam voltando aprontou um temporal, o tempo ficou escuro mesmo! Nádia desceu do ônibus e estava se encaminhando para casa quando caiu um raio atingindo em cheio a ela e a filha, matando-as instantaneamente.

Seria a resposta a oração de Samuel? Não, ele jamais pediu isso. Pediu apenas para que Deus tirasse aquela mulher de sua vida. Nunca desejou a morte dela ou muito menos da filhinha querida. Mas, amargou as duas perdas. Lamentou profundamente a morte da filha. Enquanto viajava com os dois corpos para Marabá, no Pará, para o sepultamento, onde moravam os familiares, meditava no seu pedido a Deus e o que havia dito de errado.

Então, teve essa lição e um dia Samuel disse: hoje eu tomo muito cuidado, porque eu sei que ao orar a gente tem que ter muito cuidado, porque Deus pode ouvir a oração e responder de uma forma assim, inimaginável.

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Camilo Martins
 é escritor, jornalista e poeta residente em Artur Nogueira/SP. É presidente da Academia Nogueirense de Letras – ANL e presidente da Academia de Letras do Brasil-Região Metropolitana de Campinas-ALB/RMC. Membro da Academia Limeirense de Letras – ALL e e da Academia de Letras do Médio Parnaíba/Amarante-PI.


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