11/07/2011

Agressão à mulher cresce em Artur Nogueira

Segundo estatísticas, a cada semana oito mulheres são violentadas no município

Riane Barbosa

Os registros do setor de Assistência Social da delegacia, especializado para atendimento de violência doméstica, mostram que nos primeiros seis meses de 2011, o índice de casos foi maior do que no mesmo período registrado no ano passado. Os dados relatam que cerca de oito mulheres são agredidas toda semana no município.

Um crime que vem se tornando comum em todo o país, não é diferente em Artur Nogueira. As agressões verbais e físicas contra a mulher são feitas muitas vezes pelo próprio marido. De acordo com dados da delegacia, o ciúme está relacionado com a maioria dos crimes.

De janeiro a junho deste ano, foram registrados mais de duzentos casos de violência doméstica no município, aproximadamente trinta e cinco casos por mês, contra quatrocentos casos registrados em todo o ano de 2010. A assistente social Josiane Pinheiro, afirma que as ocorrências aumentam, mas a insistência e processo contra o homem nunca acontecem.

“Pelo tamanho do município, temos muitos casos. São números alarmantes. Infelizmente a mulher não tem coragem de processar o marido, com medo de ele ser mais violento ainda, ou perder o fixo sustento da casa, provido pelo homem”, explica Josiane.

Os casos de violência contra mulher em Artur Nogueira são encaminhados para o Centro de Referência Especializado de Assistência social (Creas), que é vinculado à delegacia do município, onde são feitos acompanhamentos psicológicos e direcionamentos psicossociais, com a mulher e a família.

Segundo a assistente social e coordenadora do Creas, Daiane Soares, ainda existe pouca procura de auxilio e nenhuma permanente. “As mulheres procuram pouco nossos grupos para auxilios, e nunca voltam para continuar os tratamentos adequados. Essas podem ter vergonha, medo ou serem impedidas pelo próprio marido”, comenta Daiane.

De acordo com a gestora municipal, Elizangela Gonçalves, o setor da Promoção Social, juntamente com o Creas, já construiu um grupo de reabilitação para mulheres que sofreram violência doméstica. Esse grupo já chegou a ter dez membros. Porém, hoje não é mais frequentado.

“As mulheres tem vergonha do que passam e deixam de frequentar os grupos de ajuda. Nesse mesmo grupo já passaram mulheres que sofreram violência por cinquenta anos e nunca denunciaram o marido. Dá para ver nitidamente nos rostos de cada uma, que nenhuma tem mais auto-estima”, afirma Elizangela.

Conhecendo a lei Maria da Penha, de nº 11.340, que pune qualquer tipo de agressão contra a mulher no âmbito doméstico ou familiar, o município auxilia todas as mulheres da cidade para prevenir ou acabar com o crime.

Caso a mulher tenha sofrido algum tipo de violência verbal, psicológica ou física, deve procurar a delegacia, onde será encaminhada à Assistência Social para mais orientações.

Estando a mulher com lesões pelo corpo, ela será encaminhada para o Pronto-Socorro Municipal, onde serão relatadas as provas que poderão ser usadas no processo contra o agressor.

Logo após, sendo ouvida pela delegacia, a mulher pode representar, ou seja, pedir processo contra o marido. Ela tem direito também de ativar a medida protetiva, ou seja, pedir legalmente que o agressor mantenha distância.

Nesse processo, a família é acompanhada pelo Creas, para tratamentos psicossociais. Caso o homem seja flagrado próximo ou novamente agredindo a vítima, esse pode ser autuado com pena de seis meses a dois anos de prisão.

Ainda segundo a assistência social da delegacia, não é isso o que acontece, pois a mulher sempre desiste da denúncia feita. “Muitas vezes a mulher denuncia o agressor como forma de vingança e não como proteção. E quando ela é chamada para depor contra o marido, ela desiste e retira o processo”. Josiane ainda afirma, que “enquanto as mulheres não se apresentar por vontade própria ninguém poderá fazer nada”.

“Não é de forma agressiva e com palavras ofensivas que os homens conseguiram mostrar que tem autoridade sobre a família. O homem não é mais poderoso por bater na mulher”, comenta Elizangela.

A delegacia, juntamente com a Promoção Social e o Creas, afirma que todas as identidades das mulheres violentadas são mantidas em sigilo. Para mais informações entre em contato pelo telefone (19) 3877-3507.


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