27/11/2012

22% da população nogueirense tem algum tipo de deficiência

IBGE aponta que deficiências visual e motora predominam em Artur Nogueira

Myllena de Luca

Dos 44.177 habitantes de Artur Nogueira, 10.070 (22,7%) possuem alguma deficiência, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações do instituto apontam que, desse total, predomina a deficiência visual, presente em 5.642 moradores e, logo em seguida, a deficiência motora, manifestada em 2.156 pessoas.

As estatísticas ainda mostram que 1.866 nogueirenses possuem deficiência auditiva e 406 tem alguma dificuldade mental e/ou intelectual. O IBGE classifica essas necessidades especiais em total ou parcial e todas são consideradas permanentes, ou seja, ocorreu ou está estabilizada durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação, tendo como consequência o comprometimento da função.

Os deficientes ganham reconhecimento no município de Artur Nogueira, seja em programas educativos, programas de reabilitação e até mesmo em programas de readequação estruturais. Um exemplo disso é a EMEF Vereador Professor Amaro Rodrigues (Ninico), que atua na educação pedagógica dos alunos com deficiência auditiva através da colaboração de intérpretes em Libras e Educação de Surdos. O trabalho existe desde 2002 e, segundo informações da instituição de ensino, atende alunos dos seis aos dez anos de idade. “Essa ação existe para facilitar a compreensão e contextualização dos conteúdos oferecidos. O objetivo é fazer com que a inclusão aconteça para possibilitar melhores condições de vida social, profissional e pessoal dos deficientes auditivos”, comenta a diretora da EMEF, Ivana de Jesus Fernandes Rossetti.

A importância da inclusão social

É fundamental que desde a infância os deficientes passem por tratamentos e cuidados, pois cada pessoa possui um nível diferente de deficiência e deve ser acolhida em um ambiente onde as necessidades sejam respeitadas. A inclusão social estimula o cidadão a conviver da mesma forma que as demais pessoas, porém é importante que um profissional qualificado acompanhe o deficiente em seus progressos. “Este é o momento do educador descobrir as habilidades deste aluno e promover a ideia de que cada um possui capacidades e que ninguém é igual a ninguém”, esclarece a professora pós-graduada em Educação Especial – Inclusão Social, Vislene Sia.

Cegueira, persistência e dom musical

Nascido em Cosmópolis, mas nogueirense de coração e residência, Luiz Gallani, de 79 anos, perdeu a visão aos sete anos de idade, após ter adquirido glaucoma, doença ocular que provoca lesões no nervo ótico e compromete a visão, podendo levar a cegueira. Por causa da deficiência, Luiz parou de ir à escola e começou a estudar no Instituto Padre Chico, em São Paulo, local que atende pessoas com deficiência visual. Foi neste instituto que o nogueirense passou a lidar melhor com a situação.

Aos oito anos de idade começou a tocar cavaquinho e, aos 18, entrou para a rádio Limeira Educadora, onde trabalhou por dez anos. Além disso, também tocou na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e, conforme desenvolvia trabalhos musicais, apresentava os mesmos pelos bares. A deficiência visual não foi nem é empecilho para Luiz Gallani desenvolver o dom musical.  “Existem preconceitos com todas as pessoas, principalmente com deficientes, mas não temos culpa de nossos defeitos e a única coisa que cabe a eu fazer é usar o dom que Deus me deu, a música. Exercito muito a mente, pois a falta de visão não me permite ler partituras. Cada músico, dependendo da rapidez da música, não tem como ler também. Músicos exercitam a mente e isso é bom”, conta Gallani.

Ao visitar um lar de meninas cegas em Campinas, Luiz conheceu a atual esposa, Alice Patrocínio de Moraes Gallani. Eles namoraram por um ano e se casaram em 1957. Atualmente, ambos possuem um casal de filhos. “É melhor ter uma pessoa igual a gente, porque a diferença às vezes é um transtorno em nossas vidas. Com uma companheira igual a mim, ela está sempre comigo, fico a maior parte do tempo em casa e conto com a companhia dela”, finaliza Luiz.

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